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Após quase 13 anos de Flamengo, Luiz Antonio alça voo fora da Gávea e quer levar Bahia de volta à Série A

14/10/2016 08h05

"No futebol o tempo é muito curto, com ele eu aprendi que a gente tem que aproveitar cada oportunidade". Foi assim que Luiz Antonio decidiu deixar o Flamengo, seu clube de origem e de coração, após 12 anos e alçar voos em outros lugares, primeiro no Sport e agora no Bahia, onde encontrou a sequência que tanto procurava. Aos 25 anos, ele diz ter muita lenha para queimar e promete levar o Tricolor baiano de volta para a Série A do Brasileirão.

- Claro que não depende só de mim, se fossem 11 'Luiz Antonio', já estávamos lá (risos). Na verdade são sentimentos diferentes, cabeças diferentes, mas eu sei que está todo mundo com o mesmo objetivo de levar o Bahia ao acesso. Ainda faltam muitos jogos, temos que ganhar todos dentro de casa e fazer os resultados fora, o que não está acontecendo - decretou em entrevista ao LANCE!.

Titular absoluto do sexto colocado no Campeonato Brasileiro da Série B e a dois pontos do G4, Luiz Antonio estará em campo nesta sexta-feira, contra o Brasil de Pelotas, às 21h30, na Arena Fonte Nova. Como mandante, é mais um jogo que na conta do volante é obrigação conquistar os três pontos, ainda mais em um confronto direto, já que o adversário está apenas um ponto atrás. A vitória também pode reconquistar a confiança do torcedor.

- É um momento de desconfiança para a torcida, pois fazemos boas partidas dentro de casa e ruins quando jogamos fora, vencemos apenas duas. Fica aquela dúvida no torcedor se vamos repetir o desempenho ou não. A gente acaba sofrendo também pelos maus resultados no início, mas não temos como voltar atrás, é olhar para frente e seguir nessa linha que ainda temos muitos jogos a fazer - avaliou.

Para quem sempre jogou a Série A do Brasileirão, o impacto de disputar pela primeira vez a divisão de acesso foi grande para Luiz Antonio, que credita à rápida adaptação a sua sequência como titular.

- Eu nunca tinha participado e estou vendo como é difícil jogar a Série B e subir para a Série A. No começo eu tive certa dificuldade. É um futebol mais pegado, de mais força, um jogo mais disputado. Ainda bem que me adaptei rapidamente ao time e à Série B e isso foi fazendo com que eu conseguisse ter essa sequência e ajudar o time.

A boa fase no Bahia vem logo após não ter sido bem sucedido em sua passagem pelo Sport. Apesar de um começo de 2016 promissor na equipe pernambucana, inclusive atuando quase como um meia, perdeu espaço com a chegada de Oswaldo de Oliveira. Não restou outra alternativa a não ser buscar novos horizontes.

- Não fiquei com mágoa do clube, fiquei triste por eu querer mostrar mais do meu futebol e acabei não tendo oportunidade, opção do treinador, concordando ou não, na verdade a gente nunca concorda quando não estamos jogando, isso é engraçado, mas a gente tem que respeitar, é um profissional, não sabemos o dia de amanhã, então para não ter nenhum tipo de problema, procurei meu lugar em outra equipe e o Bahia apareceu - explicou.

Mágoa é um sentimento que também não existe na relação entre o volante e o Flamengo. Em dezembro de 2013 ele entrou na Justiça contra seu clube de origem cobrando vencimentos não cumpridos à época. No entanto, arestas foram aparadas e o jogador voltou a atuar pelo Rubro-Negro logo no ano seguinte. Com contrato até dezembro de 2017 e o passado resolvido, não descarta retorno à Gávea.

- A relação que eu tenho com o Flamengo é ótima, fui criado lá. Houve alguns percalços, equívocos de ambas as partes em alguns momentos, já passou, não ficou mágoa, tanto é que eu voltei, fiz gol, a torcida me abraçou, continuei jogando mais dois anos, nada mudou, continuou da mesma forma. Nas férias é que a gente vai começar a ver o interesse deles, se eu vou continuar ou não por lá, mas a princípio eu tenho contrato até dezembro do ano que vem.

Embora esteja atuando por outro clube, Luiz não deixa de acompanhar o time do coração. Se depender de sua torcida, o Flamengo levará mais uma vez o Campeonato Brasileiro.

- Eu sou Flamengo desde pequeno, meus pais, meu irmão, minha família toda é Flamengo, meu filho já é Flamengo. Eles estão com um time muito bom, os jogadores que entraram acabaram se encaixando perfeitamente. Acredito sim que eles poderão ser campeões, estou torcendo para que dê tudo certo, o Palmeiras, que está na frente, está muito bem também, mas ainda temos mais oito rodadas e confrontos diretos - finalizou.

BATE-BOLA COM LUIZ ANTONIO, VOLANTE DO BAHIA

Trocar um time de Série A por um de Série B chegou a pesar em sua decisão?

Cara, eu sabia que o Bahia estava na Série B e que tinha um time muito bom para subir, isso não influenciou não, eu queria jogar, mostrar o futebol que eu tinha, por isso eu não criei aquela dúvida se eu iria para a Série B, corre-se o risco de tudo, estava acostumado a jogar a Série A. Todo risco tem 50% de chance para cada lado, vim pra cá, quero jogar, mostrar que tenho talento e muita lenha pra queimar.

Seu contrato com o Flamengo é até dezembro de 2017, alguém já te procurou para falar sobre isso?

Não, ninguém me procurou não, tive contato com o Rodrigo Caetano, na época que eu ia sair do Sport para o Bahia, a gente conversou, depois eles vieram aqui para jogar contra o Vitória, conversamos de novo, ele disse que estava acompanhando. A gente fica esperando o final do ano para ver o que vai ser decidido, até porque todos os clubes estarão em reformulação.

Você se importa em jogar em posições diferentes da sua?

Não tenho problema em jogar de lateral, ou outra posição que o treinador possa me colocar, eu tenho a preferência por jogar como segundo volante e até de terceiro homem, que seria um meia, ajudando na marcação e chegando no ataque. Fico até falando com meus amigos, com meus pais, que de repente, mais pra frente, vou chegar um pouco mais na frente, definitivamente de meia pra ver se eu consigo fazer mais uns golzinhos, conseguir ficar mais perto do gol, que é sempre bom, fazer essas coisas, dar assistência... Mesmo de volante eu já faço isso, no Sport fiz bastante, no Bahia um pouco menos, porque eu estou jogando mais atrás, mais posicionado, com outras prioridades, mas eu não esquento não, se precisar uma hora ou outra, eu estou sempre à disposição.

O que o futebol te ensinou?

Muitas coisas que a gente leva para a vida, como saber amadurecer, saber jogar o jogo, saber lidar com as pessoas, já que nem todas pensam igual, saber enfrentar diversidade de sentimentos, saber a forma que o clube te olha, uma hora você é um jovem promissor, outra hora você já virou realidade, hoje você tem 25 anos e tem uma certa experiência, isso tudo acaba me levando a amadurecer e passar tudo isso para o meu filho.