Edmilson Filho, o comediante que trocou o taekwondo para brilhar no cinema
Edmilson Filho. O nome que hoje ilustra os cartazes de um dos principais filmes brasileiros lançados neste ano, "O Shaolin do Sertão", bem que poderia estar em outro lugar. E não estamos falando da televisão ou dos teatros, onde a alcunha já tem suas aparições, mas das páginas históricas do esporte nacional, inclusive de uma edição dos Jogos Olímpicos, mais especificamente no taekwondo.
Afinal, o hoje ator e comediante brasileiro por pouco não seguiu brilhando nos tatames representando o país.
- Minha carreira artística e de atleta começaram praticamente na mesma época. Inicialmente, praticava o kung fu. Depois, fui para o taekwondo. Por volta de 1996 e 1997, ganhei um festival de humor no Ceará, mas resolvi dar uma pausa. Queria ser atleta - explicou o ex-esportista cearense ao LANCE!.
Nascido em Fortaleza no dia 21 de setembro de 1976, Edmilson se apaixonou pelas lutas ainda criança, quando assistiu a alguns filmes de Bruce Lee. Até por isso, seu início foi no kung fu. Ao mesmo tempo, o jeito brincalhão, descontraído e sem qualquer inibição sempre aflorou o lado comediante. Mas a decisão pelo esporte veio quando as duas coisas começaram a ficar mais sérias.
- Participei festivais de comédia nos anos 90, era como se fosse um stand up. Mas quando peguei a faixa preta, como esses eventos eram mais à noite, tive de deixar de lado. Queria ser atleta full time - declarou.
Focado no taekwondo, Edmilson logo começou a colher os resultados. Apesar de toda a dificuldade, comum para um esportista vindo do Nordeste do Brasil na época, ele passou a ganhar competições locais, regionais e até nacionais. Como resultado, conseguiu uma vaga na Seleção Brasileira no fim dos anos 90. O principal sonho: participar de uma edição dos Jogos Olímpicos:
- Nos anos 90, tinham os festivais olímpicos de verão em Copacabana, que valiam para ir à Olimpíada. Na época, nos Jogos de Sydney (em 2000), classificavam o país, não o atleta. Então, com apenas uma vaga para o Brasil, foi só uma mulher (Carmen Silva, na categoria até 57kg).
Apesar da não classificação olímpica, o hoje ator/comediante participou de Campeonato Pan-Americano, ganhou abertos em Londres e na Califórnia, e viajou para mais de 20 países. Só que as frustrações passaram a incomodar. Como na vez em que ficou fora de uma edição dos Jogos Pan-Americanos ao ser substituído de última hora por um outro atleta, por questões políticas.
Longe da Olimpíada, Edmilson resolveu deixar o Brasil para competir. O primeiro destino foi a Califórnia, onde conheceu sua esposa Melissa - o casal tem duas filhas: Maddie, de sete anos, e Cloe, de dez. Ele ainda passou um período em Londres. Nos dois locais, abriu academias para dar aula. E foi então que a arte voltou para sua vida.
- Em 2004, fui convidado para fazer meu primeiro curta-metragem. Você não vira ator, eu já era. Apenas dei uma pausa para virar atleta. Meu sonho era ir para a Olimpíada, mas não concretizei. Depois que tive a oportunidade de fazer cinema, se colocasse a mesma energia da época do esporte, sabia que teria algum sucesso - disse.
Por conta da vida artística, Edmilson tinha pouco tempo para os antigos negócios e precisou deixar suas academias. Seu primeiro grande filme foi "Cine Holliúdy", em 2013, até "reencontrar o esporte" em "O Shaolin do Sertão". Hoje, o taekwondo se transformou apenas em um hobby e em uma ferramenta artística.
Ruim para o esporte brasileiro, melhor para o cinema nacional.
O FILME:
"O SHAOLIN DO SERTÃO"
Sinopse: Início da década de 80, interior do Brasil. Um lutador profissional que sonha em voltar a lutar confronta um alienado por filmes de kung fu (Aluiso Li - Edmilson Filho), que quer voar como os ninjas de seus filmes preferidos. Com 1h40 de duração, foi lançado oficialmente em 13 de outubro. Dirigida por Halder Gomes, a comédia tem no elenco Edmilson Filho, Dedé Santana, Fábio Goulart, Marcos Veras, Falcão (cantor), entre outros.
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