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COB e Fiba estudam intervenção na CBB para acabar com a crise

19/11/2016 07h00

Ainda sem dar uma posição oficial após ter sido suspensa de competições internacionais pela Fiba (Federação Internacional de Basquete) na última segunda-feira, a CBB (Confederação Brasileira de Basquete) acabou cancelando uma entrevista coletiva que estava marcada previamente para segunda-feira na sede do COB (Comitê Olímpico do Brasil). O motivo, que não foi explicado, seria um acordo para que o COB, com anuência da Fiba, fizesse uma intervenção na entidade responsável pelo basquete brasileiro.

Na última quarta-feira (16), a CBB divulgou um comunicado em seu site reconhecendo que passa por dificuldades e que não iria recorrer da decisão da Fiba, que exclui as seleções brasileiras e os clubes das competições internacionais organizadas pela Fiba. Dizia neste mesmo comunicado que apresentaria sua posição a respeito dos pontos apontados pela Federação Internacional em uma coletiva na sede do COB, na segunda-feira.

Nesta sexta (18), sem maiores detalhes, apenas disse em uma curta nota que a coletiva estava cancelada e que uma nova data seria informada oportunamente à imprensa.

Mas segundo o LANCE! apurou com uma fonte ligada a uma das entidades envolvidas no caso, não está descartada a chance de ocorrer uma intervenção do COB na CBB, algo semelhante com o que houve em 2007 na vela. Naquele ano, a antiga Confederação Brasileira de Vela e Motor (CBVM), que tinha dívidas que superavam os R$ 100 milhões, sofreu uma intervenção do Comitê Olímpico Brasileiro, às vésperas dos Jogos Olímpicos de Pequim 2008.

Durante o período de intervenção, as finanças foram saneadas, um novo estatuto foi preparado e uma nova entidade acabou sendo criada, a CBVela (Confederação Brasileira de Vela), em 2012, que depois foi reconhecida pela Federação Internacional de Vela e Motor (Isaf).

A situação da CBB é um pouco diferente, pois houve um movimento inicial de suspensão provisória por parte da entidade internacional superior do basquete, a Fiba, cujo comitê executivo tomou a decisão por entender que os brasileiros não estão em conformidade com suas obrigações.

A Fiba já havia enviado ao país o espanhol Jose Luiz Saez, membro do Comitê Executivo, para promover uma limpeza na entidade. Uma equipe também foi designada para auditar as contas da CBB, que desde 2009 tem como presidente Carlos Nunes. Após avaliar que a gestão do basquete brasileiro não apresentava avanços, o grupo de trabalho decidiu pela suspensão.

Para costurar este novo acordo, a Fiba aceitaria ter o COB como interventor. Mas isso só poderia ser confirmado após o retorno do presidente Carlos Nuzman ao Brasil. Ele está em Doha (Quatar), onde participa da Assembleia Geral da Associação de Comitês Olímpicos Nacionais (ANOC).

- Nuzman está em Doha e não escutei nada a respeito disso de forma oficial. Mas em relação à CBB, tudo é possível - disse a fonte ouvida pelo L!

Uma intervenção do COB agradaria também aos clubes nacionais, que pela punição (por enquanto prevista para até o final de janeiro de 2017) não poderiam participar de competições como a Liga das Américas e já buscavam uma forma de não serem mais representados pela CBB.

A suspensão da Fiba ocorreu por diversos problemas administrativos e financeiros da CBB ao longo dos últimos anos. A entidade nacional, por exemplo, ainda não quitou totalmente a dívida que contraiu por conta do convite para a disputa do Mundial masculino de 2014. Segundo apurou o blog Bala Na Cesta, do jornalista Fabio Balassiano, no UOL, o último balanço apresentou uma dívida de mais de R$ 17 milhões.

Também serviram para a entidade tomar esta decisão o cancelamento de uma etapa do Circuito Mundial de basquete 3x3, que seria realizada no Rio, em setembro, bem como de outros torneios de base. A CBB não enviou as seleções sub 15 masculina e feminina para os Sul-Americanos da categoria.