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Jair Ventura fala em manutenção da espinha dorsal e meritocracia

Vitor Silva / SSPress.
Imagem: Vitor Silva / SSPress.

13/12/2016 07h00

O principal reforço desejado por Jair Ventura para 2017 não é um centroavante, tampouco um meia. O que o técnico prega é a manutenção do elenco. Apesar da vontade de grandes contratações, ele diz entender a realidade do clube e espera que a equipe não sofra um desmanche para a disputa da Copa Libertadores, após tanto lutar pela vaga.

Nesta terceira e última parte da entrevista exclusiva que concedeu ao LANCE!, Jair admite que grande parte do planejamento já está traçado, apesar de ser mantido em sigilo. O treinador revela também conversas nos bastidores, até como exemplo à tão falada meritocracia.

Quantos reforços o Botafogo precisa para o ano que vem?
O grande reforço seria a manutenção da espinha do time. Sabemos que o mercado é muito difícil. Reforços são importantes e usar a base também. Quero grandes reforços. Perdemos o Neilton e não tinha um jogador de velocidade. Tem que ter. Eu quero grandes contratações, o Botafogo precisa, mas tem que ser na realidade do clube. O trabalho do presidente é assim. Ano passado estávamos na Série B e, agora, estamos na Libertadores. Gradativamente, mas temos que focar na realidade do clube. Fui observador técnico, conheço o mercado, mas temos que entender a realidade do clube. O Botafogo vem se restruturando, está a cada ano mais forte, e acredito que conseguiremos grandes contratações. O Botafogo quer, a torcida quer e ninguém mais do que eu quer.

Mas para quais posições?
Ainda não estão definidas essas situações. Eu prefiro falar quando forem apresentados. Montillo, Roger, Gatito... prefiro esperar. De repente estou ajudando um empresário, outro clube entra no meio... prefiro não falar. Estamos trabalhando nos bastidores porque podemos atrapalhar, e sabemos que o mercado é assim. Temos o setor de inteligência, temos o Antônio Lopes (gerente de futebol), o Cacá (Azeredo, vice de futebol) e o nosso presidente.

E quem será emprestado?
Estamos conversando, algumas coisas estão definidas há algum tempo, mas isso é algo mais interno. Prefiro não falar para não atrapalhar. Falamos melhor na reapresentação do ano que vem. Quem fica, quem vai ser emprestado. Já está tudo definido.

Você falou recentemente que quer um elenco equilibrando jovens e experientes. Como?
Meritocracia. Eles (jogadores) sabem que, quando estiverem no melhor momento, vão jogar. Isso aconteceu com o Emerson Silva. Quando o Emerson ia voltar, falei: "Vou voltar com ele". E ele, mais experiente, disse: "É o momento dele, Jair". É legal ouvir isso. E ontem (domingo) voltei com o Emerson Silva. Nos treinos, eles mesmos veem quem está em melhor momento. Cabe ao treinador conseguir colocar o que tem de melhor.

Como é o processo de contratações feito pelo Botafogo?
Você tem que avaliar o jogador como um todo. O momento é importante, mas não é tudo. Nos ofereceram o artilheiro do Carioca uma vez. E nos outros anos dele? Em 2015, um gol. Em 2014, nenhum. Em 2013, foram dois. Tem que ser artilheiro sempre. Ele é um bom jogador ou vive um bom momento? O Roger é experiente, onde passou foi decisivo. Precisa de um cara de área, um falso nove ou alguém mais fixo? As contratações são feitas assim, olhamos o momento do jogador, mas usamos outras ferramentas além disso para avaliar.

Qual a importância do Felipe Conceição e Emílio Faro (auxiliares)?
Eles ajudam bastante. Falamos que é um trabalho invisível. São dois grandes profissionais, importantíssimos e têm uma contribuição enorme nesta arrancada nossa que culminou na classificação para a Libertadores.

O Leandrinho jogou bem aberto na direita, no início do ano. Com você alternou. Como você o vê?
Um meia que pode jogar como segundo volante. É um cara da criação, do último passe, e que vai municiar os atacantes. Cobramos a parte tática, ser mais competitivo. Ele é um meia clássico. Tivemos um papo bom antes de eu viajar: ele perguntou se eu conto com ele para o ano que vem e eu falei: "Lógico". Ele perguntou: "Onde posso melhorar?" E eu falei que vamos conversar. Legal que ele conseguiu identificar onde pode melhorar, é um garoto que tem um potencial enorme. Trabalhei em time pequeno e sei o sofrimento. Eu disse a ele para aproveitar, pois está no Botafogo. E acho que ele vai aproveitar bastante. É um bom menino e com um talento fantástico.

E a pré-temporada? O tempo menor será prejudicial?
É bem ruim, mas eu não posso falar, porque a outra situação (acidente trágico da Chapecoense) é pior ainda. Uma semana de trabalho no futebol vale ouro. Ela te dá combustível para o resto da temporada. Fará falta, mas é uma situação atípica, um acidente que machucou todos nós. Mas cabe a nós nos reinventarmos para fazermos uma grande temporada em 2017.

Já pensa no trabalho de 2017?
A cabeça não para. Já vim no voo pensando em treinamentos, alguma coisa a mais... só não é bom para a família, você vive para o clube durante 24 horas. Tem algumas coisas novas, você não para de se atualizar. Seja com bons treinos, treinos motivantes... tem que trabalhar o atletas para darem o melhor.

Como vê o trabalho feito por jovens técnicos como você e o Zé Ricardo?
Quer muito a renovação, mas tem bons treinadores com mais idade, e tem jovens que não estão preparados. Trabalhei com treinador de mais de 60 anos que são super atualizados. Em 2005, fiz um curso técnico que durou uma semana. Não posso me achar treinador por isso. Depois, trabalhei no Sub-15, Sub-17 e Sub-20. Foram sete anos auxiliar, com seleções de base, juniores... o Zé Ricardo foi a mesma coisa. Tem que mesclar. Trazer a parte teórica e ter o jeito de como colocar no dia-a-dia. Alguns dos jogadores tem a nossa idade. O treinador toma decisão todo momento, ele é um líder. O que eu falo aqui para vocês (jornalistas) eu falo para eles. Assim você ganha a confiança do jogador.

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