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Árbitro de vídeo da NFL... o que a Fifa pode aprender com o exemplo americano?

15/12/2016 13h57

Uma decisão que deveria ser considerada histórica tornou-se alvo de polêmica no Mundial de Clubes, que colocou o Kashima Antlers (JAP) pela primeira vez na final. O uso inédito da tecnologia de vídeo: pela primeira vez um juiz - aproveitando o teste que a Fifa faz neste Mundial -, usou imagens para reverter uma decisão. Quase aos 30 minutos do primeiro tempo, Viktor Kassai paralisou o jogo da semifinal para checar uma entrada faltosa dentro da área cometida por Berrío, do Atlético Nacional (COL) em cima de Nishi. Após utilizar o sistema de checagem de vídeo, o pênalti foi assinalado, para protesto acalorado dos colombianos.

A verdade é que a tecnologia fora do futebol está evoluindo. O torcedor do estádio consegue assistir instantaneamente um replay do lance em seu celular ou até mesmo no telão do estádio, coisa que não acontecia nos tempos antigos.

Quem acompanha a NFL já está acostumado com a possibilidade de revisão de uma jogada em caso de dúvidas na marcação. Na liga de futebol americano o jogo para, e a decisão ocorre em cima do lance. Os próprios técnicos têm a possibilidade de contestar uma marcação que não concordem e, se tiverem razão, tal marcação será invalidada. Caso a revisão não disponibilize evidências visuais para invalidar o lance, a equipe é punida com a perda de um dos pedidos de tempo que ele teria direito de usar ao longo da partida e só tem a possibilidade de desafiar mais uma jogada naquele tempo de partida.

A implantação desse sistema de checagem de vídeo na NFL começou na década de 80, apesar da resistência dos tradicionalistas, que argumentavam que uma possível falha do árbitro mantinha um elemento humano ao espetáculo. Após muitos testes em partidas amistosas, foi decidida a implementação desse recurso e desde então o processo vai se aperfeiçoando mediante as limitações que aparecem. Apesar de se tratar de futebol americano, tecnologias similares foram inseridas em diversos esportes, como basquete, vôlei e tênis. E o futebol não fica de fora, já que nos Estados Unidos o sistema vem sendo testado para auxiliar os árbitros na liga de desenvolvimento da MLS.

A Fifa pode aprender tais lições com o exemplo da NFL nos campeonatos de futebol, observando as práticas e adequando às necessidades do esporte bretão. A NFL ousou dar um primeiro passo há 30 anos e no caminho vem corrigindo suas falhas, visto que não se trata de um sistema impecável capaz de blindar árbitros de qualquer erro.

Ao contrário do que se pode imaginar, essas revisões não precisam durar mais que dois minutos quando se tem uma boa comunicação entre o árbitro e a equipe de checagem das imagens. Desta forma, argumentos como: "não tem cabimento colocar revisão de jogadas como na NFL, se não uma partida de futebol duraria três horas" não seriam suficientes para causar preocupação na Fifa.

Os árbitros já possuem um sistema de comunicação entre si. Como o objetivo do árbitro de vídeo é minimizar dúvida, os testes realizados do Mundial de Clubes são necessários, desde que sejam feitos de forma legal.