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Especial CEP: presidente faz balanço do mandato, mistério sobre reeleição e admite erro com três estrangeiros

20/12/2016 05h00

Ao longo desta terça-feira, o LANCE! publica a entrevista exclusiva feita com o presidente do Botafogo, Carlos Eduardo Pereira, que vai começar o último ano do primeiro mandato à frente do clube. Na primeira parte, ele falou sobre as negociações em curso para reforçar o elenco. Nesta segunda parte, o dirigente aponta os altos e baixos, os problemas e soluções encontradas até aqui.

Para a eleição de 2017, CEP não garantiu ser candidato. Ele admite ainda que criar expectativa sobre muitos estrangeiros e demorar a contratar um centroavante foi uma falha em 2016.

Qual o balanço do mandato?

Positivo no conjunto. É claro que tem muito o que fazer. Resgate da parte técnica, da qualidade. Clube de futebol é muito dinâmico, mas temos muitas conquistas. A primeira delas foi fazer o clube voltar a funcionar dentro do mercado. Recebemos o clube quebrado, com contas bloqueadas, penhoras de todos os tipos e salários atrasados. Aos poucos fomos resgatando, voltamos para o Ato Trabalhista, aderimos ao Profut, montamos uma equipe modesta, conquistamos a Taça Guanabara, a Série B e passamos bem de 2015 para 2016, que foi um ano muito positivo. Mesmo com a perda do treinador, que fazia um trabalho de um ano no clube, conseguimos superar a turbulência e levar o time à Libertadores quando todos apostavam que brigaríamos contra o rebaixamento. Isso resgata um pouco da autoestima, que é um objetivo nosso, e coloca o Botafogo no lugar dele. Tem história, tradição, camisa e torcida, o que é fundamental para quem quer brigar no topo. O Botafogo está caminhando. Temos um longo caminho a percorrer.

Qual o principal objetivo do mandato liderado pelo senhor?

É o resgate da autoestima. E tínhamos duas opções. Era o caminho esportivo, que é sempre o mais curto, ou o administrativo. Optamos pelo primeiro, com uma equipe competitiva na Série B. Desde o começo estabelecemos como o objetivo do ano. Nunca disse que queria voltar em quarto, terceiro, mas, sim, como campeão, com folga, para reafirmar o lugar do Botafogo na Série A. Levamos o time para a final do Carioca, apagando um pouco a vergonha de 2014, que foi a pior campanha do time na história dos Brasileiro. Em 2016, novamente finais do Carioca, bem no Brasileiro, ganhamos o Brasileiro Sub-20. Nos outros esportes também tivemos um bom desempenho, com o tetracampeonato de remo, vitórias importantes no pólo aquático, basquete, vôlei, enfim... Os esportes amadores foram bem. A base do futebol voltou à outra final e mostra que tem uma garotada muito boa, um trabalho consistente. Você resgatando, criando um clima favorável, permitindo que a torcida volte a comemorar, é sinal de que a retaguarda vai bem. Clube de futebol é diferente de fábrica de cerveja. Uma quer o lucro, o outro, as vitórias e fazer o torcedor feliz.

Qual o principal objetivo para 2017?

Continuar subindo esses degraus. Cada degrau que subimos torna as coisas mais complicadas. Temos que fazer um bom Campeonato Carioca, contratar alguns reforços pontuais, torcer para o sorteio ser bom na Pré-Libertadores e chegar na fase de grupos. Temos a Copa do Brasil, em que devemos uma participação melhor para o torcedor, e vamos continuar subindo. Mesmo sabendo que ano eleitoral é um ano turbulento, com denúncias e tudo, mas tenho certeza de que está tudo bem encaminhado.

O senhor será candidato à reeleição, no ano que vem?

É muito cedo. Sempre evito falar. Quanto mais cedo o candidato se apresenta, mais ele se torna alvo de ataques. Politicamente, não é o momento de falar em eleição. Não pensei nisso em nenhum momento. É uma decisão do grupo "Mais Botafogo". Eu também dependo de uma questão familiar, de como minha esposa estará de saúde. Isso influencia muito.

O senhor entende teve havido algum erro?

A gente teve um final de 2015 bom. O Navarro foi bem como atacante, um reforço do mercado sul-americano, e isso nos sinalizou uma alternativa para 2016. Fizemos um trabalho de levantamento e percebemos que não daria para focar o trabalho somente nessas contratações via América do Sul. Não podemos calçar o trabalho neles porque tem todo um processo de adaptação, que envolve família. Trouxemos o Carli, que foi um sucesso fantástico, uma grande contratação. O Lizio, o Salgueiro e o Nuñez não deram certo. Três que ocupariam posições-chave no time não deram certo. E isso deixou o clube com recursos comprometidos e pouco espaço para novas contratações. Faltou um centroavante de peso, já que estávamos com o orçamento apertado. Sabíamos que deixar tudo nas costas dos garotos era difícil, mas foi o que conseguimos. No fim, o Jair Ventura tentou o Rodrigo Pimpão e foi um complemento. Mas foi uma falha não termos conseguido um centroavante. Felizmente, não repercutiu no resultado do campeonato.

De quanto foi o aumento no orçamento pra 2017?

O orçamento é sempre uma grande previsão. Você imagina alguns números, mas como o vice-presidente de finanças, Luiz Felipe Novis, disse com muita felicidade: ele pode virar pó a partir do momento que surgir alguma cobrança gigantesca. Trabalhamos com um crescimento de 20% no futebol, com uma política de controle muito rigorosa. Temos que administrar com as torneiras fechadas, com a máquina de calcular do lado para garantir que cheguemos com a questão financeira, no final do ano, igual a deste ano.

Qual a expectativa em termos de desempenho do time profissional pra 2017?

É muito boa, muito boa. Teremos que fazer uma boa pré-temporada, que é fundamental. Tivemos muitos problemas por contusões no começo do Brasileiro, mas hoje a comissão técnica tem um histórico mais completo desse elenco, então sabe como exigir mais ou menos. Terão que conhecer um pouco mais sobre os que estão chegando. O Canales é uma interrogação, mas esperamos que ele se apresente bem para a pré-temporada, pois é um jogador experiente, o que, em Libertadores, nos dá confiança. Estou confiante em um bom Carioca, que servirá de laboratório para incorporar os garotos campeões do Brasileiro Sub-20. A expectativa com o Jair é essa: o Pachu, Matheus Fernandes, o Yuri, o Gustavo (Bochecha), o Renan Gorne, o Marcelo e o Martinho estão bem entrosados com o elenco principal.

Muitos contratos do elenco principal estão vencendo no ano do fim do mandato. É uma opção? Não é arriscado?

É sempre difícil você concentrar muitos vencimentos em uma data única. Mas ao longo do ano pretendemos renegociar alguns contratos e dividir alguns para 2018, outros para 2019. Mas isso é uma faca de dois gumes. Pessoas podem nos acusar de pretender favorecer A, B, ou C ao deixar um contrato para outra gestão, o que não seria favorável para outro presidente.