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Artilheiro no Sul captado pelo Corinthians sonha com contrato após Copinha

08/01/2017 08h30

Aos 18 anos, o atacante Matheus Weissheimer sonha com uma oportunidade no Corinthians neste domingo, a partir das 17h, contra o Taubaté, pela última rodada do Grupo 17 da Copa São Paulo de Futebol Júnior. Como todos os jovens jogadores que disputam a competição por um grande clube, o atleta busca se destacar para subir ao elenco profissional.

A situação de Matheus, porém, é um pouco mais complicada. Ele chegou ao Corinthians em setembro do ano passado, vindo do Juventude, e está emprestado apenas até julho. Ele deixou a família no Sul e veio para São Paulo em busca do sonho.

Além da mudança de cidade, o atacante também se surpreendeu com a mudança de estrutura dos clubes. Matheus elogiou o Corinthians e disse que já está adaptado após quase cinco meses em São Paulo.

- A principal diferença do Corinthians para o Juventude é a estrutura. Não tem como discutir, estrutura aqui, nível de treinamento é muito mais alto, muito mais intenso. Até me prejudicou um pouco no começo, vim de um ritmo médio e agora estou em ritmo alto no Corinthians. Mas agora já está tudo certo. Adaptação, casa, moradia, está tudo bem. Estou morando no Tatuapé, perto do Corinthians, sozinho - afirmou Matheus, ao LANCE!.

O atacante chamou a atenção do Timão ao ser artilheiro do Campeonato Gaúcho Sub-20. Antes disso, iniciou a trajetória no futebol ao ver o seu irmão, Vinícius, jogar. Após atuar em escolinhas e no futsal, ele foi para o campo aos 12 anos pelo Vila Nova de Passo Fundo-RS. Aos 15, foi para o Juventude e conseguiu se destacar nas categorias de base.

Nesta Copinha, embora tenha sido reserva, Matheus pode ter uma chance neste domingo, contra o Taubaté. Isso porque o Corinthians já está classificado, e o técnico Osmar Loss admitiu fazer algumas mudanças no time. Pode ser mais um passo em busca do sonho...

- Tenho contrato com o Corinthians até o meio do ano só, e mais dois anos com o Juventude depois, porque estou emprestado. Meu plano é ficar aqui no Corinthians, jogar bem agora a Copa São Paulo, e que o Corinthians me compre para eu ficar aqui e subir para o profissional - disse.

Com foco nos planos para 2017, Matheus se apresentou à torcida e contou como tem sido sua trajetória no futebol. Confira:

Como foi o início da sua trajetória no futebol?

Percebi que queria ser jogador quando vi meu irmão jogar. Ele jogava futsal quando a gente era bem pequeno e eu sempre acompanhei, sempre via os jogos e torcia, então eu pensei "ah, é isso aí que eu quero". Quando eu via meu irmão jogando, aí pensei "bah, quero entrar na escolinha também, quero jogar futebol". Aí desde ali foi sempre indo nas escolinhas, depois na escola, daí futsal, e só depois eu fui para o campo, com 11 ou 12 anos. Comecei no Vila Nova de Passo Fundo-RS. Joguei na escolinha lá até os 15 anos, no campo já. Com 15, fui para o Juventude. Consegui me destacar na base e ser artilheiro.

Seu irmão é jogador? A família sempre deu apoio ao seu sonho?

A família sempre me apoiou, sim. Desde pequeno, deu toda a estrutura para poder crescer como jogador, ou mesmo se não desse certo, sempre apoiaram a ideia de tentar. Meu irmão (Vinícius) teve um problema no quadril, operou duas vezes, e teve que largar o futebol quando ele estava no Botafogo. Ele treinou só duas semanas e já teve que voltar pro Sul porque sentia dores e teve que ver qual era o problema dele. Não chegou a assinar contrato. Foi para o Botafogo e sentiu esse problema, teve que voltar para fazer exames, ver o que era e demorou um tempo para descobrir que era problema nos quadris. Quando operou, já não tinha mais o que fazer. Ele tentou voltar, foi para o Juventude para fazer preparo e depois ir de novo, mas nunca voltou. O Juventude não quis ficar com ele por causa do problema no quadril, e, depois que ele se recuperou da lesão, foi para Novo Hamburgo fazer preparação física e não aguentou. Não dava, não tinha como por causa das dores. Agora ele está estudando para passar em medicina.

Quais são as características principais do seu jogo?

Eu gosto de jogar aberto e de centroavante, ambos em velocidade. Depende da característica do time, se time gosta de jogar com centroavante mais fixo, eu não seria o caso. Agora, se for mais móvel, como o Grêmio jogando com Pedro Rocha, movimentando, seria o ideal. Gosto de jogar aberto, pelas pontas.

E você mora sozinho aqui em São Paulo. Quais são os maiores sacrifícios?

Maior sacrifício é ficar longe da família. Deixei a família longe, vim viver um sonho agora meio que sozinho, batalhar sozinho, geralmente foi assim desde que eu fui para o Juventude, sempre foi sozinho. Lá eles estavam perto, claro, a gente conseguia se ver mais. Agora que a gente está longe acho que é o maior sacrifício, família, amigos, e viver uma coisa nova. Cheguei em São Paulo em setembro. A proposta do Corinthians chegou bem em cima da hora. Estavam negociando meio em off, e eu não sabia de nada. Estava treinando, focando para jogar a Copa São Paulo pelo Juventude. Treinando, me esforçando lá, aí bem em cima da hora, numa segunda-feira, o pessoal do clube me tirou de um treino para dizer que eu já estava negociado. Só que meu empresário não tinha me falado nada, eu não sabia. Falei: "ué, mas que estranho". E daí na quarta-feira foi que eu viajei. Fiquei terça e quarta meio que na expectativa, porque ninguém falou nada. Meu empresário ligou e disse: "olha, a gente está tentando, não está certo, não sei porque te tiraram do treino. Mas ainda não está certo. A gente vai dar o máximo aqui para fechar o negócio". Fiquei meio assim esperando... depois deu tudo certo e consegui vir para cá.

Como foi ser artilheiro do Gauchão Sub-20?

Fiquei muito feliz, só que vou dizer que não esperava, sinceramente. Como é sub-20, e tenho 18 anos, foi meu primeiro ano nessa competição. Comecei o ano em amistosos de reserva no Juventude, foi a subida ali, pessoal já vinha da Copinha, o time já vinha pronto. Aí eu comecei a treinar e comecei a ver que dava para ser titular e para jogar naquele time.

Não tentou uma chance no Grêmio ou no Internacional?

Não. Antes de eu ir para o Juventude havia uma chance de eu ir para o Avaí. Ambos eram testes, Juventude e Avaí. No Juventude era um cara, espécie de empresário que me arrumou o teste lá, e o treinador do Vila Nova que conseguiu no Avaí. Avaí estava em um campeonato e adiaram em uma semana a minha ida. Foi quando eu fui para o Juventude. Lembro que, quando cheguei lá, o 98, que era o sub-15 da época, não ia treinar segunda nem terça. Treinei com os 97, categoria maior, e lembro que fui bem, gostei, me senti bem quando estava lá. Só que foi bem difícil ali, quando foi para o Juventude, deixar família, era bem caseiro, apegado aos meus pais. Foi bem complicado.

E como foi essa transição para um clube maior, do Vila Nova ao Juventude?

Estava meio inseguro, não dava para dizer que estava feliz no fim da passagem pelo Vila Nova. Já estava olhando para o lado mais de estudar do que de jogar bola. Estava me dedicando mais aos estudos que ao futebol, porque não tem projeção estando na escolinha. E eu olhava para o futuro e não me via virando jogador. Pensei em tentar o Juventude, Avaí, Inter, mas não queria começar lá, queria começar no Juventude, porque achava que ainda não estava pronto para times como Inter e Grêmio. Achei que Juventude seria bom para eu crescer como jogador, além do que sempre tem uma base boa, forma jogadores bons. Acho que foi o caminho certo. Se não fosse jogador, quando eu estava levando a sério os estudos, eu queria fazer medicina. Sempre fui um aluno inteligente, então pensava em medicina. Depois que fui para Caxias, que fiquei dois anos e meio em uma escola bem complicada, ali já desisti de medicina. Até o primeiro ano, antes de ir para o Juventude, estudava em escola particular, me dedicava bastante. Depois que fui para Caxias entrei em escola pública. Não que seja um problema, mas é mais fácil de levar. E era à noite a aula, bem para os largados mesmo (risos). Foi bem fácil. Peguei férias em novembro já. Meu irmão tem 21 anos e continua estudando, como perdeu três anos jogando futebol, querendo ou não, agora está fazendo cursinho para recuperar o tempo perdido, estudando bastante para tentar passar em faculdade pública. A gente conversa sobre tudo, ele me ajuda, eu ajudo ele... a gente vai se incentivando um ao outro. Meu outro irmão é fisioterapeuta.

Já se acostumou à rotina em São Paulo?

Já acostumei. Quer dizer, mais ou menos, porque é bem complicado aqui, cidade totalmente maluca, tudo meio louco. Mas já estou acostumado, já sei ir para casa (risos). Aqui eu já fui na 25 de março, gostei bastante, mas fico mais em casa, vendo série, filme, jogando videogame e descansando, porque a rotina de treino é puxada. Minha mãe veio me novembro e passou 15 dias comigo, meus pais já vieram para ajeitar apartamento e dar apoio, no começo é sempre difícil, então sempre ajudam.

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