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Bernardinho quer novo desafio e destaca necessidade de lutar pelo esporte brasileiro

24/01/2017 16h11

Em entrevista ao SporTV News, o ex-técnico da Seleção Brasileira, Bernardinho, comentou sobre seu atual estado e possíveis planos para o futuro. O comandante do líder da Superliga feminina, Rexona-Sesc, afirma estar em estado de desconforto e vê as quadras como uma terapia.

- Eu me coloquei em uma zona de desconforto absoluta. Eu estou vivendo no desconforto. Eu não sei muito bem como é sinto, porque eu nunca vivi assim. O que eu estou fazendo mais hoje, além de dar treino para o Rio e trabalhar muito, eu tenho lio muito. Tenho tentado estudar. Para que nessa próxima fase, eu seja um professor melhor. Essa é a minha missão. Eu tenho que ter uma quadra para treinar. Para mim, isso é essencial, é vida. Ali, eu troco, eu faço, eu aprendo muito, eu erro muito, eu peço desculpas, acerto também. Ali, é o meu divã.

Mesmo mais afastado dos holofotes, Bernardo segue buscando influenciar pessoas e não descarta até assumir algum posto politico. Em 2014, ele foi cogitado para ser candidato ao Governo do Rio de Janeiro.

- Começou em 2014, essa coisa de me lançarem candidato a governador do Rio. Dois partidos especificamente fortes me entendem como um personagem interessante, para abraçar uma bandeira e lutar por alguma causa. Tudo começa com uma causa. Eu, quando eu largo a economia e volto para o voleibol, eu tinha uma causa. As pessoas têm aversão à política, 'sistema horroroso', 'sistema sujo'. É óbvio que não é tudo assim. E nós não podemos deixar que isso não se perpetue. Há de se mudar isso.

Por fim, o treinador comentou sobre o legado da Rio-2016. Para ele, mais do que arenas, é necessário investir do esporte. Bernardinho teme que, com o fim da Olimpíada, os investimentos diminuam e crê que pode lutar por melhorias.

- Não está na hora de desistir, está na hora de lutar pelo esporte brasileiro, que precisa de tanta coisa. Quem sabe eu não possa também lutar por isso? Para mudar a estrutura do futebol brasileiro, o sistema do esporte brasileiro. O quanto o esporte é tão irrelevante na vida do país. Claro que a Olimpíada valeu a pena, foi linda. Mas por enquanto o que a gente viu de legado? Nada. Nós estamos em uma luta para conseguir manter o esporte. Eu tenho medo disso, de ter acabado a 'bolha'. Mas não pode ser uma 'bolha', tem que ser uma onda, que continue levando.

Segundo ele, o grande legado estão nas histórias que a Rio-2016 contou, como as de Serginho e Rafaela Silva.

- O grande legado olímpico é mostrar a milhões de jovens que eles têm que acreditar, porque é possível. O grande legado olímpico é a história do Serginho, da Rafaela Silva, do Isaquias. Não é o grande ginásio, que hoje está sem uso. Isso é ok, temos um bom ginásio. É bom, mas não é o mais importante. As pessoas me perguntam: 'O que eu faço com um jovem que não acredita?' Mostre a ele uma história real, que não é apenas uma fábula. Mas a criança tem que estar na escola. Existe esporte de qualidade na escola pública hoje? É a exceção da exceção da exceção.