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Skate: Show sobre rodas agita a capital carioca

27/01/2017 08h00

O Parque Madureira (RJ), será palco de um dos mais jovens esportes olímpicos, o skate. A primeira competição do Mundial de 2017, o Oi Bowl Jam, aterrissa na capital carioca a partir desta sexta-feira com os grandes nomes da modalidade, incluindo o hexacampeão mundial de Bowl/Park, Pedro Barros.

- A competição reúne skatistas do mundo inteiro, em alto nível, e é o nosso primeiro campeonato no ano. Então, a expectativa é começar com o pé direito, nesse calor aqui do Rio de Janeiro e com a galera de Madureira passando toda a aquela energia positiva. Esperamos dar um bom show pra galera presente - comentou Barros.

Mesmo tendo conquistado o torneio em três oportunidades, Pedro se mostra motivado e pronto para se divertir uma vez mais.

- Eu levo um evento de cada vez. Não é porque ganhei os torneios que aconteceram nos anos anteriores que fica mais fácil. Pelo contrário, fica até mais difícil. A cada ano que passa, o evento tem um nível mais alto e, automaticamente, a pressão acaba aumentando também. Então, é manter a cabeça no lugar, andar de skate, fazer o que a gente gosta e se divertir.

O Bowl Jam também é de extrema importância para o quarto colocado no ranking nacional, Murilo Peres. Após dois anos competindo focado a voltar a surfar sob rodinhas e asfalto, o jovem campineiro de 20 anos almeja grandes feitos no campeonato.

- Minhas expectativas são muito boas, porque nos últimos dois anos estava voltando de lesão, então, estava mais voltando a andar de skate do que pensando em algo grande para o campeonato. Este ano, como estou muito bem fisicamente, minhas expectativas são muito grandes. Venho treinando bastante e tenho o desejo de chegar pelo menos no pódio. Fui ao Rio no começo do mês para ficar com a pista no pé e não vejo a hora de começarem os treinos oficiais para estar ali com a galera toda do campeonato.

Uma grave lesão no ligamento do joelho, em 2014, foi a responsável pelo afastamento do Murilo do skate. Tendo visto seu irmão passar pelo mesmo problema, o skatista aproveitou o tempo de molho para desenferrujar antigos hábitos.

- Quando me lesionei no joelho, em 2014, estava na França e, pela queda, já senti que seria uma lesão grave, que não seria algo que exigisse apenas gelo e fisioterapia para me recuperar. Sabia que provavelmente seria algo cirúrgico. Logo que retornei ao Brasil, fiz o exame de ressonância e descobri a lesão no ligamento. No começo, fiquei bem abalado. Meu irmão Caio, que também andava de skate, teve a mesma lesão, o que fez com que eu vivesse um pouco da sua experiência de recuperação. É uma recuperação que dói muito, que é lenta e que exige muita dedicação à fisioterapia. Naquele momento, soube que precisaria ter paciência, que iria me focar na fisioterapia e me dedicar ao extremo, porque a sede pelo skate era maior do que qualquer coisa. Essa foi a minha motivação para que eu passasse por toda aquela tempestade e a encarasse como algo bom, como um tempo produtivo para mim. Fiz coisas para as quais não tinha tempo. Estudei e li livros que mantiveram minha cabeça firme. Aprendi muita coisa, com certeza, de uma maneira que ninguém quer, mas que me foi imposta e me ajudou. Voltei super bem, mais forte ainda. Infelizmente, me lesionei de novo em seguida, mas o que importa é que com todas essas lesões tive uma escola de vida que me deu uma experiência que poucos têm. Foram momentos que me fizeram parar, refletir, focar nos meus objetivos e lutar ainda mais por eles.

Torcida 40 graus?

Estrear na temporada em casa é tudo que um atleta pode desejar e é assim que os skatistas brasileiros vão iniciar 2017. Para deixar a primeira taça em solo nacional, os atletas contarão com uma torcida tão quente quanto o verão carioca.

- O carinho da torcida ali no momento ajuda muito, levanta o atleta, pois o skate, diferentemente de outros esportes, é movido pelo barulho. Essa energia parece que vem para o corpo como forma de motivação, e faz querer estar ali e dar o melhor de si. Quanto mais à galera estiver animada, torcendo, será melhor para todo mundo vai estar ali, competindo - afirmou Murilo.

O calor, porém pode se tornar um obstáculo para os competidores. Porém Pedro Barros, segundo melhor do mundo, acredita que a vibração das arquibancadas fará a diferença. Ele também vê Madureira como uma pista diferente de todas as outras que já competiu.

- Para este campeonato, além do calor, com uma sensação térmica de mais de 50 graus na pista, é diferente sentir a galera passando toda a energia positiva e vibração. Isso ajuda muito, inclusive a superar o calor. Não estamos acostumados a andar de skate nessas condições, mas acaba que sempre saímos daqui com a alma lavada, partindo para as outras etapas com um sentimento muito bom por termos realizado esse começo de temporada no Rio de Janeiro e no Brasil que tanto amamos.

Tóquio-2020

No ano passado, o Comitê Olímpico Internacional (COI) anunciou que algumas modalidades fariam parte do programa de Tóquio-2020 como o surfe e o skate. A grande vitrine para um esporte que conquista muito os jovens foi vista com bons olhos por Murilo Peres e Pedro Barros.

- Para o skate, estar nas Olimpíadas traz muitos pontos positivos, como a democratização do esporte e, principalmente, o apoio que os governos poderão dar aos praticantes. Queremos que isso aconteça de um modo que mostre o skate como ele realmente é, com sua autenticidade - disse o skatista de Florianópolis.

Mesmo sem grandes definições sobre como serão realizadas as provas, o paulista Murilo vê a chance de vivenciar uma Olimpíada como algo mágico e já soma grandes expectativas para o megaevento.

- Sou skatista desde os 10 anos e participei de diversas competições mundo afora, em todos os tipos de modalidades e categorias. Quando recebi a notícia de que o skate entrou para os Jogos, foi uma surpresa muito positiva, porque esta é uma experiência de vida que vou poder buscar. Acho que para todo mundo que vive do esporte participar de uma olimpíada é algo mágico, porque faz você se unir aos principais atletas dos principais esportes em um evento de muita competição, dedicação. Fiquei muito feliz, apesar de não sabermos exatamente ainda como vai ser com relação às regras. Estou com expectativas muito altas e acredito que vai ser uma competição irada para todo mundo assistir e torcer pelos atletas que estiverem lá competindo.