Topo

Os gols, a dança e "melhor decisão da vida": Mina virou "rei dos clássicos"

Cesar Greco/Ag Palmeiras
Imagem: Cesar Greco/Ag Palmeiras

22/02/2017 08h00

É difícil intimidar Yerry Mina, um zagueirão de 1,95m que parece muito maior quando salta para cabecear. Quer uma prova? No único Dérbi que disputou até agora, o colombiano nem se tocou que estava cercado apenas por corintianos em Itaquera e dançou salsa choke sem ressentimentos para comemorar o gol que marcou pelo Brasileirão do ano passado - às 21h45 desta quarta-feira o palco e o rival serão os mesmos, mas agora pela quinta rodada do Paulistão. Clássicos, aliás, também não costumam assustá-lo: ele já balançou as redes dos três maiores rivais do Verdão, clube que o ajudou a tornar-se figura frequente na seleção de seu país e que muito provavelmente vai vendê-lo ao Barcelona em julho de 2018.

Afinal, é possível deter o grandalhão? Apenas gravadores, microfones e câmeras parecem chegar perto disso. Driblar a timidez de Mina é quase tão difícil quanto passar por ele dentro do campo. Quase todos os jogadores já haviam deixado a Academia de Futebol após o treino de segunda-feira quando ele surgiu para conversar com a reportagem do LANCE!. Ainda tentou escapar, dizendo que não estava pronto para fotos ou filmagens.

"Mañana (amanhã), mañana! Voy estar bonitinho", disse o defensor, com seu bom "portunhol", sinalizando com as mãos que gostaria de cortar o cabelo.

Não foi preciso. A entrevista descrita abaixo foi feita sem câmeras ou filmadoras, só com um gravador. Mina falou em voz baixa e pediu para não responder nada sobre o Barcelona, mas falou sobre diversos assuntos: os gols em clássicos, a preferência pelo Palmeiras em relação a um clube alemão, para onde quase foi ao deixar o Santa Fe (COL) no ano passado, suas danças, seus planos para o futuro e, claro, o clássico desta quarta-feira.

"Tomei a melhor decisão da minha vida ao vir para cá, porque o Palmeiras é um grande clube, eu sempre quis jogar em um clube do Brasil. Eu sempre olhava quando o Palmeiras jogava, e o clube me ajudou muito a chegar à seleção da Colômbia, porque os caras aqui são boa gente, são gente legal, e fico agradecido com o clube, com as pessoas, com toda a gente que me rodeia. Agora sou um melhor jogador, uma melhor pessoa, e tenho aprendido muito com meus companheiros. Espero seguir assim, ficar aqui, ganhar títulos e depois, com a ajuda de Deus, ir para a Europa", disse.

De acordo com Alexandre Mattos, diretor de futebol do Palmeiras, Mina estava indo para a Alemanha e mudou de ideia após receber uma ligação vinda de Barcelona. O Palmeiras havia topado estabelecer em contrato uma prioridade para o clube catalão contratar o jogador em julho de 2017 - nesta semana, a data foi alterada para julho de 2018. O defensor estaria aceitando, então, um plano de carreira, para crescer no Brasil, se firmar na seleção e então ir para um dos maiores clubes da Europa. Certo, Mina?

"O que você está falando é certo, porque primeiro nós pensamos no presente, e o Palmeiras estava passando por um momento muito bom. Começamos a seguir o Palmeiras, vimos que é um dos maiores do mundo, e por isso decidi vir para cá. Vou passo a passo para conseguir meus objetivos", disse.

Um menino da família Palmeiras

"Primeiro de tudo, abraço à torcida do Palmeiras, porque quando cheguei aqui me acolheram como um menino da família, um filho. Fico muito agradecido porque estão sempre enviando mensagens para mim, que me fortalecem muito, que me alegram para jogar e seguir adiante, inclusive quando me machuquei eles me ajudaram muito", disse Mina, que conhecia o Palmeiras antes mesmo de chegar, graças a Asprilla, Muñoz e Armero.

"Na Colômbia a gente segue muito os jogadores que vão para fora do país, a gente olha muito, e eu assistia aos jogadores que estavam no Palmeiras, via a Libertadores. Sempre fui seguidor dos jogadores e dos clubes do Brasil também, por sua história. Gosto do Ronaldinho, gosto muito de como o Ronaldo jogava, gosto do Thiago Silva, David Luiz, então sigo muito os jogadores do Brasil".

O rei dos clássicos

Mina já disputou quatro clássicos pelo Palmeiras: dois contra o Santos, um contra o São Paulo e um contra o Corinthians. Cada rival levou um gol do colombiano, todos na campanha do título brasileiro do ano passado.

"Antes de chegar aqui eu já sabia que os rivais mais fortes do Palmeiras eram Corinthians, Santos e São Paulo, mas nosso time sempre vai tratar de jogar bem, vai tratar de encarar todos os times que joguem contra nós como os melhores que há, para jogar bem e ganhar", disse.

Na vitória por 2 a 0 sobre o Corinthians, em Itaquera, não havia palmeirenses na arquibancada. O zagueiro admite que jogar com torcida única não é fácil, mas nem pensa em deixar de comemorar seus gols dançando por causa disso:

"Já havia vivido isso na Colômbia contra o Millonarios, quando eu estava no Santa Fe. Mas aqui é muito diferente, porque você sente mais a torcida rival. Mas sempre que eu fizer gol vou tratar de dançar, porque para mim isso é um orgulho, expressa o que levo dentro de mim. Quando faço um gol a emoção vem e danço as músicas da minha cidade (Guachené). Elas vêm até mim na hora e começo a dançar", contou ele, que está prestes a ganhar um parceiro de dança:

"O Rapha Veiga me pediu para ensiná-lo a dançar, ele disse que quer dançar. Vamos ver o que podemos fazer. Ele tem talento também (risos). Íamos dançar no gol dele (contra o Linense), mas ele estava muito longe".

Salsa choke, funk e rap

As músicas de "Pichi, el negro de la salsa", são as preferidas de Yerry Mina. Mas viver no Brasil tem acrescentado ritmos à playlist do colombiano.

"O ritmo que mais gosto é salsa choke. Na minha cidade se escuta muito. Lá tem muitos cantores de salsa, ando com eles, são meus parceiros. Um deles se chama Pichi, el negro de la salsa. Sempre trato de dançar a músicas dele", conta.

"Eu gosto muito de funk. Tenho escutado muito. Gosto do "taca, taca" (Bumbum Granada), vários, mas agora não lembro (risos). Também escuto Racionais MC's e gosto. Eu também danço funk, danço de tudo. É só escutar a música e começo a dançar. Mas acho que não seria dançarino se não fosse jogador, isso é outra coisa, mas na Colômbia se dança muito e as pessoas são felizes quando dançam", disse.