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Thiago Santos tenta mudar estilo e conquistar outro técnico no Palmeiras

Thiago Santos em partida contra o Cruzeiro, no último ano - Célio Messias / Light Press / Cruzeiro
Thiago Santos em partida contra o Cruzeiro, no último ano Imagem: Célio Messias / Light Press / Cruzeiro

10/03/2017 08h00

Sugira a qualquer palmeirense que monte o seu "time ideal". Thiago Santos, provavelmente, não estará nele. Até os treinadores, quando recém-chegados, não se encantam imediatamente. Foi assim com Cuca, que o deixava fora até da equipe reserva em seus primeiros coletivos, e com Eduardo Baptista, que indicava nos trabalhos iniciais de pré-temporada que o camisa 21 estava atrás de Felipe Melo e Arouca na briga pela posição de primeiro volante. Mas Thiago Santos é perseverante por natureza. Quando menos se espera, lá está ele jogando, mesmo que atletas de mais nome estejam no banco - é grande a chance de começar o clássico contra o São Paulo deste sábado entre os 11 titulares.

"Para mim as coisas nunca foram fáceis, sempre batalhei bastante para estar onde eu estou. Com o Cuca eu lembro que fiquei no terceiro time e sempre procurei trabalhar. Todo dia eu venho para cá pensando em dar o meu melhor para o Palmeiras, procuro trabalhar sério todos os dias, treinar do mesmo jeito que eu jogo, para procurar meu espaço. Nesse ano o Eduardo chegou, estava montando os times ainda, não tinha nada definido, e eu procurei fazer meu melhor. Ele viu alguma coisa boa em mim, porque de sete jogos no Paulista eu já joguei cinco, um na Libertadores, então estou feliz de estar aqui, estar em um time igual ao Palmeiras. Acho que se você perguntar para qualquer jogador ele vai dizer que quer jogar aqui", disse o jogador, ao LANCE!.

Mesmo sem a grife de alguns companheiros, Thiago Santos teve participação importante na conquista do título brasileiro do ano passado. Ele foi mostrando a Cuca que poderia ser útil e passou a ser um titular frequente quando os jogos eram fora de casa e a equipe precisava se expor menos. Participou de 25 das 38 rodadas da competição e, ao todo, fez 40 partidas em 2016. A diretoria reconheceu o bom trabalho e lhe deu um aumento, esticando o vínculo que terminaria no fim de 2018 até o fim de 2019.

Neste ano, Eduardo Baptista o utiliza justamente quando deseja reforçar a marcação, uma qualidade inegável do jogador. Foi assim no empate por 1 a 1 com o Atlético Tucumán, na última quarta, jogo em que o Palmeiras teve um homem a menos desde os 21 minutos do primeiro tempo. Mas o técnico faz questão de ressaltar que Thiago também tem feito o time jogar quando tem a bola no pé. Ele sabe que ainda precisa evoluir tecnicamente e trabalha nisso.

"Desde o ano passado eu já vinha sendo cobrado pelo passe, eu também achava que pecava um pouco nisso, e vim trabalhando. Esse ano também estou trabalhando bastante, depois do treino o Claudinho (Cláudio Prates, auxiliar) sempre chama para trabalhar esse passe longo, o passe curto. Acho que está dando certo. Eu me cobro bastante em todos os jogos para fazer o melhor possível pela equipe e está sendo bom para mim, estou chegando até lá na frente agora, ajudando um pouquinho mais a parte ofensiva", disse.

Outro quesito que ele deseja melhorar é o número de gols. Contratado do América-MG no segundo semestre de 2015, quando ostentava o posto de maior desarmador da Série B, Thiago Santos soma 61 jogos pelo Verdão e só marcou uma vez, na vitória por 4 a 3 sobre o Grêmio, no Brasileirão do ano passado.

"Você nunca pode achar que está bom. Se Deus quiser, daqui a pouco vou chegar melhor na frente, quem sabe fazer um gol aí, porque está precisando (risos). Fiz só um pelo Palmeiras, está na hora de fazer já, os volantes de hoje em dia estão sempre chegando e fazendo gol. Tem que arriscar de fora também uma hora ou outra para de repente sair um gol aí", admitiu ele, que virou alvo de brincadeiras dos companheiros por parecer surpreso após balançar a rede e não saber direito como comemorar.

"Eu sempre fico pensando: "Pô, se eu fizer um gol não posso fazer o que eu fiz no ano passado" (risos)", brincou.

Na entrevista abaixo, Thiago Santos fala desse e de outros assuntos. Leia!

Já sabe como vai comemorar quando fizer gol, Thiago?
Ah, ainda nem sei, pô (risos). Meu segundo filho vai nascer daqui uns dias, se fizer um gol vai ser para ele, né?

O nome do filho já está escolhido?
É Miguel, por causa do Borja (risos). Brincadeira, não é por causa dele, não. Minha mulher gosta desse nome e a gente escolheu. Já tenho uma de sete anos, a Emilly.

Então, se o gol sair, vai ser para os dois?
Mas quando ela nasceu eu fiz, muito tempo atrás (risos).

Voltando a falar sobre o time: você faz parte da chamada "Turma do Apoio", termo usado pelo Edu Dracena para definir os jogadores que não são titulares. Como é essa turma?
O Omar (Feitosa, preparador físico) que brincou com a gente que era a Turma do Apoio. Eu falo que às vezes a gente é mais importante do que quem está jogando. Se a gente larga e não treina muito bem, o time titular também relaxa. Então a gente procura trabalhar forte, dificultar ao máximo para eles, para na hora do jogo eles fazerem o melhor. E também é importante treinar forte porque a qualquer momento podem precisar da gente.

Mas, mesmo fazendo parte da Turma do Apoio, você tem jogado quase todas as partidas em 2017. O que pode explicar isso?
Eu procuro treinar para quando precisarem de mim. Lógico que se você perguntar para mim se eu fico satisfeito de ficar no banco, vou falar que não. Se eu disser que gosto de ficar no banco, pego minhas coisas e vou embora. Mas eu procuro respeitar, não dá para o treinador colocar mais que 11 no campo. O mais importante é o respeito que existe entre um e outro.

Falando nisso, muito se comentou sobre a possibilidade de ocorrer uma briga de egos no vestiário do Palmeiras neste ano, mas por enquanto isso está longe de acontecer, não é?
Isso aí era normal alguém falar, ainda mais por ter tantos jogadores de nome, tudo campeão aí, tudo de nome no mercado. Mas aqui dentro não existe isso aí. O Borja chegou e a gente abraçou ele. Jogador vem para ajudar, não tem como a gente não estar junto com ele. É um grande jogador, espero que ele faça muitos gols ainda, e aquele que vier com certeza vai ser muito bem recebido aqui dentro.

E as diferenças entre o Cuca e o Eduardo Baptista? São muitas?
Nenhum treinador vai ser igual ao outro. Não tem como você querer que o Eduardo seja igual ao Cuca, cada um tem o seu método e a gente tem que procurar fazer o que ele manda. Estamos ali para cumprir o que ele fala. O que ele pensa, a gente abraça, porque com certeza ele quer o melhor para nós e para o Palmeiras.