Topo

De 'monstro' a 'melhor do mundo': René enaltece postura de Neymar

05/04/2017 07h50

Tido como joia desde a juventude, Neymar tem correspondido a toda expectativa criada em torno dele. Atualmente uma das principais referências do Barcelona, o astro, no entanto, teve a sua postura duramente criticada por René Simões, em 2010. À época, o treinador proferiu uma frase que ainda ecoa Brasil afora, principalmente nas redes sociais: "Estamos criando um monstro".

Agora, quase sete anos após o episódio com René, Neymar vive o auge na carreira e, nesta quarta-feira, às 14h30 (de Brasília), pode acentuar ainda mais o ótimo momento. Isso porque, o Barcelona terá o cascudo duelo diante do Sevilla, no Camp Nou, pela 30ª rodada do Campeonato Espanhol.

Em entrevista ao LANCE!, René não titubeou ao ser questionado sobre a boa fase do camisa 11. Além disso, o comandante afirma que o puxão de orelha no atacante da Seleção Brasileira foi "necessário".

- Acredito que ele ganhe a Bola de Ouro esse ano. Muitos me parabenizam hoje pelo o que eu falei em 2010. Não fiz aquilo com raiva, ou para humilhá-lo. Fiz para educá-lo e, atualmente, é de se louvar o que ele tem feito. Tanto no Barcelona quanto na Seleção Brasileira - disse o treinador de 64 anos.

Sem clube desde a saída relâmpago do Macaé, René Simões revelou que, momentos posteriores à bronca, sua filha (Renata, que é psicóloga) ligou-lhe para dizer que havia utilizado "palavras duras". E ele justificou o ato:

- Eu precisava sacudir o Neymar mesmo. Não me arrependo do que falei, pelo contrário - disse René, completando:

- Sei, por terceiros, que o estafe do Neymar tem carinho e gratidão por mim. Foi importante para a gente não perder esse craque.

BATE-BOLA COM OUTROS ASSUNTOS

O que deu de errado no Macaé (equipe de pior campanha na classificação geral do Carioca), onde você ficou apenas quatro partidas?

O que aconteceu no Macaé foi um erro na concepção geral. Foi o último time entre os pequenos a começar a treinar, o que se deu só no dia 8 de janeiro. Depois faltou montagem, algumas peças. Eu dizia que o nosso campeonato era o returno, mas a diretoria não pensou assim. Paciência e bola para frente.

E agora, René, quais são seus planos dentro do futebol?

Estive em São Paulo recentemente para realizar dois cursos, relacionados a relações com pessoas e à psicologia, na Sociedade Brasileira de Coaching. Relacionado ao futebol, estou com um projeto para lançar algo na SBC sobre esporte e envolver atletas e clubes. Em dezembro, aliás, pretendo fazer um fórum bem bacana, nos moldes do Footecon, sobre psicologia e liderança, e trazer algumas figuras internacionais.

Então acredita que não trabalhará mais em algum clube?

É preciso renovar, se reinventar. Estou com 64 anos. Já é tempo de preparar uma saída honrosa dos campos, já imaginando que ninguém queria apostar em mim, o que é normal. Estou me concentrando também no ramo comercial, com meus restaurantes. Mas ainda não descartei totalmente a atividade de treinador, não.

No São Paulo, você tinha um amplo projeto como coordenador das categorias de base do clube. Pensa em voltar a trabalhar na função?

Costumo dizer que o único buraco que eu tenho na carreira é o São Paulo. Não fechou o ciclo. O melhor projeto que eu consegui montar com uma equipe ao longos desses meus 40 anos de carreira. Uma pena não ter continuado por razões muito pequenas. Alguém me disse que o meu grande erro lá dentro foi por eu não ter economizado, isso aí desagradou.

Para finalizar: consegue dizer por que o projeto não foi para frente (René saiu do Tricolor em novembro de 2012)?

No São Paulo, eu fiz um belíssimo trabalho, excepcional, tanto que ele foi para Marrocos, China... O buraco em mim é por não ter tido a confiança de outras partes o suficiente. O projeto estava com tudo feito e só faltava ser posto em prática. Por uma questão absurda, coisa de maluco, não aconteceu, muito pela questão da economia que era necessária. Quanto ao clube e à sua estrutura, não tenho do que reclamar. Pelo contrário. O São Paulo é demais, sensacional!