Odebrecht exigiu mudanças no edital de licitação do Maracanã, revela delator
As investigações da Operação Lava-Jato apontaram que a ligação da empreiteira com os ex-governadores do Rio de Janeiro, Sergio Cabral Filho e Luiz Fernando Pezão, teve uma consequência significativa em relação à licitação do Maracanã. Devido à quantia de R$ 120 milhões em propina que havia destinado aos políticos, a empreiteira exigiu mudanças na licitação no edital de licitação da reforma do estádio, que foi acatado pelo governo do Rio de Janeiro.
Segundo o delator Marcos Vidigal do Amaral, que era executivo da Odebrecht na época, coube a ele mesmo detalhar ao então secretário de Obras do Rio de Janeiro, Hudson Braga, qual deveria ser o texto sob medida para a empresa:
- O edital foi publicado e, antes de ser publicado, apresentei exigências no papel para Hudson Braga, que essas exigências fizessem parte no edital. Ele se comprometeu a dar segmento, o que, de fato ocorreu.
O Artigo 9.3 do edital foi redigido por encomenda da Odebrecht. Nesta parte do acordo, estava estipulado que a empreiteira vencedora deveria construir um complexo esportivo com pelo menos 30 mil lugares, instalando 20 mil assentos e ter experiências em obras de acessos a estádios. Somente a Odebrecht se encaixava neste perfil antes do período de obras da Copa do Mundo de 2014.
Segundo Vidigal, a Odebrecht se amparou em outra construção para mostrar que estava em condições:
- Eram restrições próprias para quem tinha executado um estádio, e nós tínhamos no acervo recente a conclusão do Engenhão (Estádio Nilton Santos). Estávamos garantidos.
Marcos Vidigal disse que era comum dividir em quatro parcelas o pagamento. Porém, no Maracanã, o acordo aconteceu de uma tacada só. O delator também contou que não houve propina referente ao aumento de preço nas obras do Maracanã. A estimativa era custar R$ 700 milhões, mas saiu R$ 1,05 bilhão. Ele justificou o acréscimo afirmando que foi preciso refazer a cobertura.
A Odebrecht ainda teve de desembolsar propina em outra área para administrar o Maracanã. João Borba Filho, executivo da empreiteira, no primeiro semestre de 2013, ficou encarregado de "entrar em contato com o Tribunal de Contas do Estado para se acertar.
A responsabilidade ficou nas mãos de Leandro Andrade de Azevedo, então diretor da empreiteira, que pagou R$ 4 milhões (divididos em quatro parcelas) ao então presidente do TCE, Jonas Lopes. Porém, com a eclosão da Operação Lava-Jato, as demais parcelas não foram quitadas, segundo Leandro.
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