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Atacante do América-MG vence torneio de pôquer online e leva R$ 210 mil

Mourão Panda/Facebook América-MG
Imagem: Mourão Panda/Facebook América-MG

02/06/2017 08h15

O América-MG entra em campo nesta sexta-feira para enfrentar o Paysandu, no Independência, às 19h15, pela 4ª Rodada do Campeonato Brasileiro da Série B. Embora a disputa pelo acesso tenha apenas começado, o elenco do clube mineiro já conta com um campeão, mas nada a ver com o futebol e sim com o pôquer. É o caso do atacante Hugo Cabral, que há duas semanas venceu um torneio do chamado "esporte da mente".

Para alcançar esse êxito raro para brasileiros, o jogador, que atuou pelo Osasco Audax no Paulistão deste ano, se inscreveu em uma das versões do SCOOP (Spring Championship of Online Poker), competição de pôquer online que teve quase 6.700 inscritos na disputa pelo prêmio de $ 64.491, aproximadamente R$ 210 mil. Hugo pagou $ 109 (por volta de R$ 350) pela inscrição, bateu os adversários em uma jornada que durou quase sete horas e levou a bolada para casa.

Além disso, o atacante de 28 anos saiu do banco de reservas e fez grande partida na última rodada da Série B, quando o América-MG venceu o Criciúma, de virada, por 3 a 1, com participação direta de Hugo em dois gols.

"Foi uma semana abençoada. Pude ganhar o SCOOP, foi muito legal, não só pelo dinheiro, mas eu já jogo há bastante tempo, é um torneio muito difícil de conquistar, poucos brasileiros conseguiram títulos nesse torneio, então fico feliz, algo que muitos cobiçam, sonham com ele. Conseguimos também uma vitória fora de casa com o América, foi uma semana perfeita", afirmou o campeão em entrevista ao LANCE!.

Hugo não jogava e não gostava de poker até o ano de 2014, quando estava no Joinville e foi induzido por quatro colegas de clube a começar a praticar o jogo de cartas que hoje é febre entre os boleiros. Antes, a participação era só para completar a mesa dos mais experientes, mas não demorou muito para o cenário mudar.

"Não tinha vontade de jogar, só jogava outros jogos de carta, mas eles só jogavam pôquer. Aí eram só quatro que jogavam e para o jogo ficar bom, eles precisavam de mais um, pelo menos. Eles ficavam me perturbando para jogar, foram me ensinando as regras, fui gostando e comecei a me interessar. Logo depois de eles me ensinarem, em um mês eu já estava tirando dinheiro deles. Mas até aprender, eu perdi bastante dinheiro para os caras (risos)", contou.

Apesar do sucesso na empreitada, o atacante do Coelho pretende continuar levando o esporte da mente apenas como um hobby, mas garantiu participação em outros torneios online sempre que houver um tempo livre em sua carreira futebolística, a prioridade do atleta.

"Estou sempre jogando, sempre quando tenho um tempo vago eu jogo, mas encarando desse jeito, para se divertir, descontrair, sem aquela pressão de ter que ganhar, de que ter que fazer daquilo um sustento, do mesmo jeito que eu comecei a jogar, nas horas vagas. Às vezes a gente fica uns dias sem jogar, por causa do futebol, da família, tem jogo... Mas sempre quando tenho uma brecha, vou jogar", disse Hugo antes de colocar em primeiro lugar seus objetivos com o América-MG:

"Quero colocar o América na Séria A, brigar pelo título da Série B, mas o objetivo maior, sem dúvidas é buscar o acesso. Além de poder fazer um bom campeonato, melhor do que eu fiz pelo Luverdense no ano passado, e chegar ao fim do ano podendo sorrir e ver o que Deus vai reservar para a gente", garantiu.

Como jogador de pôquer ele se comparou com seu estilo de jogo dentro de campo. Ousado, rápido nas decisões e sem medo de arriscar. No entanto ele não fará apostas com o dinheiro que embolsou no torneio.

"Estou planejando comprar um apartamento, uma casa, porque deu uma clareada, né? Foi coisa de Deus mesmo. Quero comprar para morar mesmo, já tenho uma casa, mas vamos ver", finalizou.

Confira a entrevista completa de Hugo ao LANCE!:

Como funcionou a sua participação nesse torneio?
Foi um torneio para quase sete mil pessoas, 6.700 inscritos, foi num domingo, mais ou menos sete horas de competição, jogadores do mundo todo, profissionais do pôquer, muita gente boa e a gente conseguiu bater todo mundo e levar o título. Já venho jogando pôquer online há algum tempo, um ano meio, dois anos e venho conseguindo bons resultados. É algo que me ajuda bastante, é bem parecido com o futebol, me ajuda a relaxar bastante nas horas vagas, me ajuda a concentrar, passar o tempo, e ainda tem a parte financeira que ajuda demais (risos).

Isso é o que te dá mais motivação, né?
Com certeza, tudo o que envolve dinheiro traz uma adrenalina, um retorno que compensa bastante, mas é só hobby mesmo, não tenho pretensão de ser jogador profissional de poker, só hobby, meu foco total é no futebol e nas horas vagas quando der para brincar a gente brinca.

Brincar com esse dinheiro é bacana...
É, mas o pessoal só vê quando ganha, quando não ganha ninguém vê (risos)

Você disse que o pôquer te ajuda no futebol. E o que o futebol te ajuda no pôquer?
Acho que o meu estilo, que é ofensivo, minha agressividade dentro de campo, de ir para cima, de ser incisivo, de ser decisivo, de ir para o drible, acho que eu levo isso para o pôquer, sou meio agressivo, preciso tomar decisões rápidas.

Pretende seguir no pôquer após se aposentar como jogador de futebol?
É diferente você jogar por hobby, brincar, outra coisa é você viver, ser profissional disso. Tenho alguns amigos que são profissionais e é algo que desgasta muito a pessoa, tem que ter bastante tempo, se dedicar bastante, tanto quanto o futebol, mas no pôquer é jogo em cima de jogo, demanda muito tempo. Então quando eu parar, o máximo que eu penso é investir no pôquer, porque tem muita gente investindo, tem muitos times de pôquer, e traz um retorno muito bom. Nisso penso bastante, mas antes tenho que ganhar esse dinheiro para investir. (risos)

Como você entrou nesse universo do pôquer?
No pôquer eu comecei em 2014, faz uns três anos que eu jogo, mas é de um ano meio ou dois anos que eu comecei a pegar mais, eu digo de jogar mais, porque eu sempre joguei em casa de pôquer, mas comecei a levar um pouco mais a sério o jogo, além de ser só uma brincadeira, uma diversão, mas procurar ter um retorno e ganhar em cima disso.

Nunca te repreenderam por jogar cartas na concentração, seja online ou com outros jogadores?
Hoje em dia não, mas antes de eu começar a jogar eu lia algumas coisas e via que tinha uma repercussão meio negativa, muita gente não gostava de mostrar, diziam que era jogo de azar, que não era uma coisa legal... Só que foi passando o tempo e hoje já foi comprovado que é o esporte da mente, muitas pessoas já veem de outra forma, já profissionalizou, muitas pessoas já vivem disso, ganham seu sustento jogando, já foi comprovado que não é um jogo de azar, então o pôquer vem crescendo muito no Brasil, demais mesmo, muitas pessoas já aceitam, a minoria ainda não aceita, mas nos clubes muita gente já joga, até membros da comissão técnica. Esse conceito tem mudado, vai crescer muito mais e eu espero estar no meio disso tudo.

Como tem sido o seu início no América-MG?
Tem sido tranquilo, cheguei aqui vai fazer um mês, graças a Deus fui bem recebido por todos, pela diretoria, pelos jogadores, pela comissão técnica, estou bem à vontade, bem tranquilo. Estou buscando meu espaço em grupo bastante qualificado, com muitos jogadores de qualidade, vai brigar pelo acesso, com uma responsabilidade muito grande. Estou tentando mostrar nos treinamentos e nas oportunidades que venho tendo nos jogos, para buscar a titularidade.

No último jogo, contra o Criciúma, você foi muito bem...
Isso! Tive a oportunidade de entrar no fim, quando o jogo ainda estava empatado, pude ajudar, importante para a equipe buscar a vitória em um jogo difícil contra o Criciúma, sempre difícil jogar lá contra eles, mas graças a Deus fui feliz e pude dar minha contribuição para o América sair com a vitória.

Foi um cartão de visitas para a comissão técnica e para a torcida do América...
O objetivo é esse, aproveitar as oportunidades, para ter mais chances, e buscar mais espaço na equipe. Estou focado para, na próxima oportunidade, se o professor solicitar de novo, estar pronto para ajudar o time.

O que te fez optar por jogar no América?
Eu tive muitas propostas da Série B. No ano passado fiz um bom campeonato com o Luverdense e pintou proposta de uns dez clubes. Eu optei pelo América não só pela estrutura, que eu já tinha ouvido falar, uma condição de trabalho muito boa, um clube sério, que paga em dia, mas também pelo projeto, que é voltar para a Série A do Brasileiro, se você for ver o América está entre os cinco maiores favoritos a subir e a brigar pelo título.