Topo

Campeão russo, ex-Palmeiras vira especialista em quebrar tabus na Europa

Mauricio jogou pela Lazio - PATRIK STOLLARZ/AFP
Mauricio jogou pela Lazio Imagem: PATRIK STOLLARZ/AFP

30/06/2017 07h45

Desde junho de 2013 na Europa, o zagueiro Mauricio, ex-Palmeiras, vem se especializando em quebrar tabus no continente. O último deles foi na Rússia, onde conquistou o campeonato local com o Spartak Moscou, que não vencia a competição há 16 anos, glória atingida nesta temporada de empréstimo ao clube.

Com os direitos econômicos ligados à Lazio, o jogador ainda tem seu futuro indefinido para 2017/2018, mas, aos 28 anos, ele se diz pronto para encarar mais uma missão na carreira e bater metas como tem feito há quatro anos em território europeu.

"Eu vivo de desafios. Desde a saída do Palmeiras, cada jogo é uma oportunidade e faço delas a minha vontade de vencer. Quando cheguei ao Sporting, falei para o presidente que ele me venderia pelo o dobro do preço. Fui para a Lazio com o triplo do valor. Na Lazio, cheguei e fui titular no dia seguinte devido a uma lesão do De Vrij (zagueiro holandês). Não saí mais. E quando fui contratado pelo Spartak, o próprio diretor falou que queria Champions League. E eu falei que ele estava fazendo a aposta certa", contou em entrevista ao LANCE!

Antes de fazer parte da conquista do Spartak, Mauricio fez história também no clube romano, quando ajudou a garantir vaga na Liga dos Campeões, ao ficar em terceiro lugar no Campeonato Italiano. A ida para o torneio continental não acontecia há oito temporadas, porém não foi só.

No Sporting Lisboa, de Portugal, logo em seu primeiro ano (2013/2014) de clube, se firmou como titular da equipe que chegou ao vice-campeonato português. Façanha que não ocorria havia sete temporadas.

Apesar de estar acostumado a essas duras missões, o futebol russo colocou um obstáculo difícil de se acostumar e até mesmo inédito para Mauricio. Dificuldades, porém, que não interferiram no resultado dentro de campo, e só contribuíram para o amadurecimento no esporte.

"O mais difícil foi viajar por 12 horas, dentro do próprio País, para jogar uma partida da competição nacional. Chegamos lá no dia do jogo e atuamos em uma temperatura de 10 graus abaixo de zero com neve. Tirando isso, minha adaptação ao estilo de jogo russo foi tranquila. Até mesmo porque meu treinador era italiano (Massimo Carrera), e eu tinha acabado de sair de lá", explicou.

Outro fator que fez com que Mauricio tivesse que se preocupar fora de campo, foi a preparação física, uma vez que na Rússia o número de jogos disputados por temporada é bem menor do que nos países da elite europeia.

"A diferença no número de partidas é sentida de duas formas: positivamente por diminuir o risco de lesões e negativamente por correr o risco de perder o ritmo de jogo. Para isso, eu contratei um personal e fiz trabalhos extras para atuar sempre no mais alto nível", afirmou.

Para a próxima temporada, no entanto, não está definido o clube pelo qual Mauricio jogará. Essa indefinição não deixa o zagueiro preocupado, pois confia no trabalho mostrado na temporada que passou e nas propostas que já recebeu.

"Já conversei com a Lazio e não fico por lá. Tenho propostas da Espanha, Turquia e da própria Rússia. Com o título, estou sendo valorizado e fico feliz por isso. Com certeza será uma grande temporada", disse.

Uma coisa é certa para Mauricio, por enquanto a volta para o Brasil não é uma possibilidade, apesar de ter recebido sondagens de um clube do país.

"O São Paulo me procurou, está precisando de zagueiro, mas não fechamos. Quando apareceu esse interesse, fiquei contente. É um reconhecimento. O Brasil é minha casa e sempre será uma possibilidade. Acompanho de longe e estou sempre de olho. Uma hora eu volto. Tudo no seu tempo", finalizou.

Confira a entrevista completa:

BATE-BOLA - MAURICIO, ZAGUEIRO DA LAZIO, DA ITÁLIA

Que balanço faz de sua temporada na Rússia?

Achei uma grande experiência. Um futebol de bastante força física e tática. Disputei partidas pela lateral, formando uma linha de quatro, onde pude me desenvolver e ser campeão russo. Algo que não acontecia no time há 16 anos. De quebra, conquistei a terceira vaga consecutiva (com um time diferente) para a Champions League.

Como vê a Rússia como sede da Copa do Mundo? Acha que será sucesso de público, organização...?

Vejo a Rússia muito bem preparada. Eles se atentaram a cada detalhe para receber o público que frequenta uma Copa do Mundo. A única dificuldade é o trânsito, mas, para isso, existe o transporte público que consegue atender bem à demanda.

Na Lazio você teve muitos bons momentos, mas acabou sendo emprestado. O que aconteceu?

Meu primeiro ano na Lazio foi maravilhoso. Chegamos à final da Copa Itália, classificamos para a Champions e o time todo foi muito bem. No ano seguinte, não conseguimos atuar no mesmo nível, sofremos com as desclassificações e o treinador (Stefano Pioli) caiu. O novo técnico chegou e fez suas escolhas. Não tive espaço e oportunidade depois disso.

Você trabalhou com o Leonardo Jardim, hoje técnico do Monaco, que foi a sensação dessa temporada que acabou. Qual é o diferencial dele?

Ele é um treinador muito inteligente e com boa leitura dos jogos. Consegue compreender bastante os jogadores e suas necessidades, além de ser paciente e interessado em ajudar. É um grande treinador.