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'Proibido' de trabalhar no Paraná, Levir tenta triunfo 'em casa'

05/07/2017 06h00

Camisas de Atlético-MG, Cruzeiro, São Paulo, Palmeiras, Botafogo, Criciúma, Cerezo Osaka, Coritiba, Paraná e Atlético-MG. Todas essas e a comida mineira em um restaurante localizado em uma das principais avenidas de Curitiba são parte da história de Levir Culpi, um curitibano que fez seu nome em Minas Gerais e no Japão, mas que, mesmo com 50 anos de futebol, ainda quer mais.

E é por isso que aceitou o desafio de comandar o Santos na Libertadores, só não esperava que sua estreia seria em casa, local em que é "proibido" de trabalhar.

E a pena é cumprida à risca, não por medo da CBF, STJD ou qualquer órgão. A determinação vem de cima: da família. Dono de dois restaurantes em Curitiba, a família Culpi decidiu que o único trabalho na capital paranaense será cuidar dos comércios. E a explicação é óbvia para quem vive no futebol há tempo tempo.

- Depende, quando vou jogar contra, ninguém gosta de mim. Só metem o pau e criticam e cornetam nos restaurantes. Mas quando vou jogar a favor, todo mundo gosta de mim, é impressionante - explica o técnico santista, em tom descontraído.

Ex-jogador do Coritiba e técnico, e ex-treinador de Paraná e Atlético-PR, o último trabalho em sua cidade foi justamente o Furacão, adversário do Peixe nesta quarta-feira, pelas oitavas de final da Libertadores, às 19h15, na Vila Capanema.

Campeão paranaense pelo Paraná e vice-brasileiro pelo Furacão em 2004, quando o Santos faturou o título, Levir não escolhe nenhum dos três estádios de Curitiba, pois todos têm suas peculiaridades.

- A Vila Capanema é o estádio da Copa do Mundo de 1950, tem um carisma, sabe? É um negócio espetacular. O Couto é um estádio que está se modernizando e ainda tem o estádio do Atlético, que é o que temos mais de mais moderno no país. É um Alçapão e uma pressão muito forte. Para quem vai jogar é difícil nos três. É um desafio - completa.

Mas quem vê o técnico bem humorado e calmo nas entrevistas coletivas não sabe de um outro lado, o de brigador e que tem muito respeito em sua cidade. Quem diz isso é outro paranaense, Pachequinho, atual técnico do Coxa e comandado por Levir em 1991, quando era atacante.

- Ele já era moderno na época, tinha metodologias diferentes. Optava mais por trabalhos intensos em campos pequenos. Na questão tática também acrescentou bastante coisa. Lembro que o Coxa estava na Série B e nós tivemos uma campanha boa, mas no mata-mata, contra o Guarani, perdemos nos pênaltis. Esse jogo foi polêmico porque nosso ônibus ficou fora do estádio, não deixaram entrar, passamos no meio da torcida, teve confusão e no vestiário tinha formol, cheiro forte, sem condição de usar. Não pudemos entrar no gramado e tivemos que fazer aquecimento no vestiário do lado. O Levir foi um dos que teve desgaste com os torcedores, muitos xingamentos. Uma das coisas que ele nos passou foi que não poderíamos deixar esse ambiente atrapalhar no jogo. E fizemos um bom jogo, mas anularam um gol legítimo, gol que daria a classificação. Ele teve capacidade de organização, de tranquilizar a todos para não deixar abalar - conta.

Para tudo ficar em harmonia em casa, só falta a camisa do Santos na parede de seu restaurante, o Tempero de Minas. Mas para isso, sua passagem pela Vila Belmiro terá que ser marcante, como só a Libertadores é capaz de marcar.