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Diretoria, Cuca e elenco: qual o papel de cada um na crise do Palmeiras

Cesar Greco/Fotoarena/Estadão Conteúdo
Imagem: Cesar Greco/Fotoarena/Estadão Conteúdo

22/08/2017 07h00

Depois de eliminações precoces na Copa do Brasil e na Libertadores, o Palmeiras agora está há três partidas sem vencer no Brasileiro, o único torneio que disputará até dezembro. O Verdão continua no G4, mas acaba de perder em casa para a Chapecoense e já trata a temporada como um fracasso: foram gastos mais de R$ 100 milhões em contratações, gerando enorme expectativa, e as chances de terminar sem nenhum título são enormes. A diretoria avisou que Cuca está mantido no cargo, mas uma derrota para o São Paulo, domingo, pode mudar os planos. Maurício Galiotte, Alexandre Mattos e os jogadores também estão no olho do furacão. Veja abaixo o papel de cada um dos personagens na crise:

- Maurício Galiotte (presidente): Recebeu críticas da torcida e de seus pares políticos pela distância do futebol. Durante boa parte do ano, dividiu seu tempo entre a sede social e a Academia, aparecendo muito pouco, em contraste com seu antecessor, Paulo Nobre, que trabalhava só no CT. Ao L!, Galiotte explicou que não concorda com quem diz que presidente precisa estar no vestiário.

Em dois momentos ruins, ele estava fora: no início do Brasileiro, quando foi chefe da delegação da Seleção Brasileira, e ao tirar licença na época em que o time começou a decidir a classificação na Libertadores e perdeu para o Corinthians, no Allianz Parque. Ele viajou com a família no período e aproveitou para acertar os últimos detalhes do empréstimo de Vitinho ao Barcelona B.

Após as eliminações, passou a estar mais presente nos treinos e foi quem deu explicações pela queda na Libertadores, mas ainda é contestado por palmeirenses por não tomar posições mais enérgicas. Apesar da falta de resultados em 2017, o presidente não vê erro de planejamento e tem reforçado que a intenção é manter tanto Mattos quanto Cuca para o ano que vem.

- Alexandre Mattos (diretor de futebol): Responsável pela revolução no futebol do Palmeiras que trouxe os títulos da Copa do Brasil e Brasileiro nos últimos dois anos, tornou-se o "presidente" da Academia de Futebol. Viu algumas de suas apostas para a temporada não darem certo, como o técnico Eduardo Baptista, demitido em maio, e Felipe Melo, afastado após um problema com Cuca. Michel Bastos e Borja, contratações bancadas por ele, também estão devendo.

Ao mesmo tempo em que é fortemente criticado por conselheiros, como o influente Mustafá Contursi, e até pela Mancha Alviverde, devido à relação "custo-benefício" em 2017, ele atua com bastante autonomia no futebol - outro ponto de crítica a Galiotte. Tanto que foi Mattos quem deu explicações sobre a situação de Felipe Melo e que bancou Cuca depois do Dérbi, em entrevistas no CT. É ele, também, quem trata diretamente a saída do camisa 30 com os advogados do jogador.

Bancado publicamente por Maurício Galiotte, Mattos conta, também, com o apoio de José Roberto Lamacchia e Leila Pereira, donos de Crefisa e FAM, patrocinadoras do Verdão. Após a derrota para a Chapecoense, recebeu ameaças de morte e ofensas em mensagens no celular, mas não mudará sua rotina. Ele tem contrato até o fim de 2018.

Cuca (técnico): Chegou como unanimidade, em maio, mas três meses depois a situação já é bem diferente. Com as eliminações e a ausência do bom futebol, tem sido criticado pelos palmeirenses. Até agora não conseguiu encontrar o time ideal e só repetiu a escalação nos seus dois primeiros jogos - domingo, contra a Chapecoense, fez sua 28ª partida neste retorno e armou o 27º time diferente, agora com Moisés e Guerra no meio-campo.

Se o Verdão não empolga desde o retorno do técnico, neste momento a equipe dá indícios de retrocesso, especialmente na defesa e em jogadas de bola parada - ponto forte da equipe campeã em 2016, defensiva e ofensivamente. Ainda assim, foi também bancado pela presidência após a derrota para a Chape.

Sua relação com Alexandre Mattos teve turbulências. Os dois já tiveram entreveros, como no caso Felipe Melo, quando o técnico queria sua saída, enquanto a diretoria ainda tentava costurar a reconciliação - isto até o vazamento do áudio em que o jogador ofende o treinador. Naquele momento, Cuca chegou a pedir demissão, mas o dirigente não aceitou. Com contrato até o fim de 2018, ele garante que irá "até o fim" se a diretoria quiser, mas vê a pressão crescer a cada resultado ruim. Uma derrota no domingo, contra o São Paulo, no Allianz Parque, pode gerar sua saída.

- Elenco: Tratado como um dos melhores do Brasil no início do ano, o time não mostrou até agora o que se esperava, nem com Eduardo Baptista, nem com Cuca. Moisés, peça-chave, sofreu uma lesão séria no joelho em fevereiro, e sua ausência foi uma dor de cabeça para os dois treinadores, que não encontraram soluções.

Jogadores como Jean, Mina, Tchê Tchê, Zé Roberto, Róger Guedes e Dudu, todos importantes na conquista do Brasileiro, não repetiram o desempenho de 2016, seja por problemas físicos ou por queda de rendimento. Entre os reforços, Willian é aquele que se deu melhor: com 13 gols, é o artilheiro de 2017.

Borja, contratado por cerca de R$ 33 milhões após uma longa novela, é uma decepção até agora. Tem sete gols no ano e não marca há 12 partidas, ou há dois meses. Foi titular em 17 dos seus 32 jogos pelo Verdão e só em sete deles atuou os 90 minutos. Deyverson chegou por R$ 18 milhões para ser mais uma opção no setor, começou bem, só que passou em branco nas últimas quatro rodadas. Foi criticado pela torcida por não cobrar um pênalti contra o Barcelona (ECU). Cuca diz que o jogador estava com dores nas duas coxas.