Topo

Isolado na Colina: Saiba os bastidores da queda de Milton Mendes

22/08/2017 06h00

A demissão de Milton Mendes do comando técnico do Vasco era só uma questão de tempo. E ocorreu nesta segunda-feira, após o revés para o Bahia, por 3 a 0, em Salvador, em reunião realizada em São Januário. No fim da tarde, Eurico Miranda concedeu uma coletiva confirmando a saída do treinador, onde até elogiou a qualidade dele como técnico. Contudo, o Lance! apurou com fontes ligadas aos atletas do Cruz-maltino, que a saída do treinador foi comemorada por diversos fatores que vinham minando sua situação.

A começar pelas conversas, muitas reservadas, que Milton Mendes tinha com os atletas. Em dado momento, ele passava informações para alguns jogadores do que seria feito, mas na hora das partidas ou dos treinos derradeiros, devido ao rendimento dos jogadores, fazia alterações que iam irritando os atletas. Muitos diziam dentro da Colina que não confiavam nas promessas feitas por Milton, o que gerava muita discussão nos vestiários e nas concentrações sobre 'a palavra" do comandante. Um dos casos mais clássicos foi a barração de Nenê, que chegou a ser afastado do time, mas reintegrado em seguida. Mesmo em má fase, a atitude de colocar o antigo camisa 10 para treinar em separado, foi desaprovada por quase 100% do elenco.

Outra situação de extremo desagrado dos atletas era as constantes atividades fortes que o treinador comandava. Para muitos, mesmo com o Vasco jogando apenas o Campeonato Brasileiro, o desgaste que o treinador impunha com seus treinos maçantes estavam atrelados ao mau desempenho nas partidas, principalmente nos últimos jogos. Não à toa, segunda justificam em São Januário, o Vasco vem queda livre e já ocupa à 16ª colocação no Brasileiro, apenas dois pontos à frente do São Paulo, o primeiro da zona de rebaixamento. Uma derrota no clássico diante do Fluminense, unida a uma vitória do Tricolor paulista ou do Vitória, jogam a equipe no temido Z4.

Nas reclamações dos jogadores, que chegaram até o departamento de futebol por meio de alguns líderes do grupo, Milton Mendes forçava fisicamente seus atletas, mas não mostrava evolução na parte tática. Muitos acreditam que ele não conseguiu armar o time e por isso fazia constantes mudanças no esquema tático, mesmo com pouco treino em relação a isso. Ele forçava, segundo relatos de jogadores, incessantemente atividades que estouravam fisicamente alguns atletas, apenas com o intuito "de mostrar trabalho. Este foi o caso de Luis Fabiano, que ficou por quase três semanas no departamento médico.

Outro episódio emblemático, foi a discussão do treinador com o zagueiro Rodrigo, hoje na Ponte Preta. O defensor, inclusive, agrediu Milton ao final do confronto entre as equipes, gerando uma ocorrência policial, na qual Rodrigo terá que responder judicialmente. Contudo, apesar não ter manifesto público e nos casos apenas repúdio dos atletas vascaínos, alguns brincaram com a situação e até trocaram mensagens e telefonemas com Rodrigo. Ele garante que foi ofendido antes por Milton e deixou claro que não gosta do treinador.

Em busca de uma mudança de espírito, a diretoria do Vasco entendeu que o recém-demitido treinador do Flamengo, Zé Ricardo, vira uma grande opção. E um dos motivos é o histórico dele ser agregador. Tanto que sua demissão do arquirrival gerou mau-estar e chateação entre os atletas do Fla. Bom de grupo, Zé é visto como a melhor opção para os diretores vascaínos, agora temerosos com a possibilidade de um quarto rebaixamento em sua história, o que não estava nos planos nesta temporada. Afinal, o Cruz-maltino acabou de retornar para a elite, e seria o segunda vez consecutiva que subiria e já retornaria para a divisão de acesso.