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Especial 2007: a beleza, a tática e o auge do Carrossel Alvinegro

05/09/2017 07h00

O ano de 2007, para o Botafogo, marcou um time que encantou e é lembrado, inclusive, por quem não é botafoguense. Nesta terça-feira, a série especial sobre aquela equipe tem seu segundo capítulo, e reconta os melhores momentos que Cuca e seus comandados viveram e proporcionaram à torcida.

Algumas atuações ficam na memória de muitos. Muitos esperavam ver a defesa ser vazada, mas ai de quem duvidasse do poder de fogo daquele ataque. Tanto que o Carrossel começou a ser visto na estreia da equipe na Taça Rio: no Maracanã, um impiedoso 7 a 0 no Friburguense. Quatro semanas depois, a equipe aplicaria 6 a 2 no Nova Iguaçu e venceria uma disputa de pênaltis após 4 a 4 com o Vasco. Um jogaço.

Para alguns, o 4 a 0, já pelo Campeonato Brasileiro, sobre o mesmo Cruz-Maltino, como a grande exibição. A atuação no primeiro tempo contra o Figueirense, no Maracanã, quando quatro gols foram feitos, mas dois acabaram anulados, é inesquecível para outros. O Botafogo foi vice-campeão carioca, semifinalista da Copa do Brasil - quando marcou quatro gols no primeiro tempo, mas dois foram anulados - e brigou pela liderança do Campeonato Brasileiro durante todo o primeiro turno. Não levantou troféu, mas Cuca, técnico da época, discorda de quem diz que o trabalho não deu certo.

- Deu certo. Pô, contra o River, 1 a 0. Tantos jogos, todos os campeonatos chegamos à final. Demos azar de perder nos pênaltis para o Corinthians (já em 2008) e para o Flamengo, neste caso com aqueles resultados de expulsão que eu não quero falar, mas já estou falando (Dodô foi expulso após chutar para o gol a bola do último lance do segundo jogo da final estadual). E aqueles 2 a 2 nos quais poderíamos ter saído campeões diversas vezes. Tivemos a Copa do Brasil, na qual estávamos num momento muito melhor que o Fluminense, mas não conseguimos ir à final. Fizemos dois gols legítimos no Maracanã, mal anulados. Lembra? Foi 3 a 1... todas essas coisas aí acabaram impedindo o Botafogo que jogava bonito, jogava gostoso, de ir além - lembra o atual treinador do Palmeiras.

O que Cuca promovia aos olhos brasileiros não chegava a ser uma revolução, mas parecia de tão impressionante. O meia Joilson foi transformado em lateral, e tinha liberdade para atacar como ala. Do outro lado, Luciano Almeida, lateral-esquerdo de origem, continha-se como zagueiro, fazendo de Juninho líbero. O meia Zé Roberto surgia como dupla de Dodô no ataque, e o Jorge Henrique era quem explorava juventude e velocidade para dominar todo o corredor esquerdo do gramado. Um 4-4-2 que se transformava em 3-5-2.

Na teoria, o time de Cuca era assim:

Na prática, os jogadores mudavam o sistema tático:

SURPREENDENTE

E aquela equipe fez sucesso com jogadores subaproveitados em outros clubes e outros advindos até da Série C. Sob a batuta de Cuca, que indicou muitos daqueles personagens, a maioria viveu o melhor momento da carreira. O zagueiro Alex é um deles, embora tenha sido titular do São Paulo campeão da Copa Libertadores de 2005 antes de desembarcar no Rio.

- O time jogava um futebol muito bonito. Quando eu cheguei, o time não vinha muito bem. O Cuca me levou, levou o Luciano Almeida, fez algumas mudanças e o time deu liga. Eu de um lado, o Luciano do outro, dois zagueiros atacando. O time era muito técnico. Tomava muitos gols, fazia mais ainda. Ele montou times que jogavam muito bem. As equipes dele sempre jogam assim. Infelizmente não ganhou título - lamenta o defensor, que completa ampliando sobre o quão reconhecidos aqueles jogadores ainda são.

- Onde eu saio a equipe é lembrada. Todo mundo daquele time foi para outros grandes times. Chegamos longe em tudo! Tenho uma recordação muito boa. Dodô, Jorge Henrique, Zé Roberto, Lucio Flavio, Joilson... só craque. A equipe era muito alegre dentro e fora de campo. O grupo era muito brincalhão. Sinto falta até hoje. Deu muito certo. Uma das melhores equipes em que eu passei. Em 2005, o São Paulo foi consistente, teve títulos. O Botafogo tinha um time até melhor - avalia Alex.

REVELAÇÕES

Num Botafogo de vacas magérrimas, bons jogadores oriundos das categorias de base ainda eram para lá de raros - bem diferente dos tempos atuais, quando há, em todas os setores, opções em que o torcedor confia. Mas até algumas promessas conseguiam surgir, como o meia Magno.

- É uma sensação muito gratificante jogar num time que todos consideram. Um time que teve Nilton Santos, Zagallo e dizerem que nossa geração de 2007, 2008 foi uma das melhores que o Botafogo já teve. Conquistou todo mundo. Teve um técnico que todos viram a capacidade. Graças a Deus eu pude participar, sou feliz por isso. Fico vendo vídeos e as pessoas ficam me falando: "Rapaz, você jogou naquele time?!. Hoje está fácil jogar. Naquele time você ficava no banco um pouquinho." Marquinho, André Lima, ficavam no banco e seriam titulares e qualquer um do país. Digiuinho, Júlio César... lembrar essa história é muito bom - afirma Magno.