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LANCE! Opina: 'Individual x coletivo'

26/09/2017 20h23

Como já se viu, a guerra dos pênaltis entre Neymar e Cavani é mais do que uma disputa de egos, uma rivalidade pessoal ou a busca pela liderança do grupo. É uma questão financeira. De dinheiro, de muito dinheiro. O uruguaio ao colocar a bola na marca do cal defendia o bônus de um milhão de euros, quase R$ 4 milhões prometido pelo clube se ele for o artilheiro da Liga Francesa. Sabe-se lá o quanto Neymar terá direito se for ele o goleador.

Este, independentemente do lado que se tome nessa história, é o cerne do problema. O marajá do PSG, diante da inesgotável fortuna que tem para investir no mundo da bola, acaba metendo os pés pelas mãos e contrariando os princípios que devem reger premiações num esporte coletivo como o futebol em que uns dependem dos outros.

É comum e plenamente justificável que a estrela do time seja remunerada por resultados. Um título da Liga, da Champions, o Mundial de Clubes deveriam, sim, render uns bons euros a mais nas contas bancárias de Neymar, Cavani, Daniel Alves e cia, cada um a seu modo, pela importância que terão mas conquistas. Não é uma prática do futebol, está presente nas ligas americanas, no basquete, no beisebol, até no vôlei.

O que não é razoável - não é inteligente - são premiações que, se atendem a interesses individuais, comprometem o espirito do jogo coletivo.

Esqueçamos a briga dos pênaltis. Imaginem hoje, quando o PSG enfrenta o Bayern, Cavani (ou Neymar) invadindo a área alemã, com um companheiro livre para marcar. Cara a cara com o gol aberto. Qual a chance de que, ao invés de passar a bola, a dupla tente a jogada individual, ainda que esse seja o caminho mais difícil para vencer Neuer? Façam as suas apostas.

Premiações desse tipo, como está mais do que provado pelas mazelas de Paris, geram discórdia, provocam conflitos, prejudicam a todo o resto do time. E, pior, comprometem resultados, podem afastar vitórias e custar títulos.

Nesta terça, falando do jogaço de quarta, Robben disse não temer o ataque milionário do adversário.

- O PSG tem gasto muito mais do que a gente. É verdade. Mas dinheiro não marca gols - disse.

Tem razão. Quando mal usado, dinheiro pode sim, é fazer perder o jogo.