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Walter faz desabafos, revela maior peso da carreira e deseja jogar na China

RODRIGO GAZZANEL/FUTURA PRESS/ESTADÃO CONTEÚDO
Imagem: RODRIGO GAZZANEL/FUTURA PRESS/ESTADÃO CONTEÚDO

10/10/2017 11h00

Autor de dois gols nas últimas duas partidas como titular do Atlético-GO, o atacante Walter tirou um grande peso de si neste começo de segundo turno do Brasileirão. E, neste caso, "tirar um peso" não é apenas uma metáfora. O centroavante está tentando vencer em definitivo uma longa batalha contra a balança, que já dura desde 2011. Hoje com 28 anos, Walter admite que precisa estar em forma para ter uma longevidade no mundo da bola. Em junho, ele foi afastado do elenco para cuidar do corpo e a dieta deu resultados: de 105 para 94 quilos. De volta ao time e em alta, o jogador conversou com a reportagem do LANCE! por 20 minutos e abriu o jogo, sem medo, para falar sobre seu peso.

O assunto nunca foi o preferido de Walter em entrevistas. Porém, mais maduro, ele decidiu encarar os tabus sobre o tema. Fã declarado de bolachas, o atacante contou que agora "abraçou" o arroz integral e não foge das saladas. Ele chegou a emagrecer em anos anteriores, mas acabou relaxando. Desta vez, no entanto, ele afirma ter tomado consciência de que a idade está passando.

Você foi afastado por duas semanas para se cuidar e hoje está novamente no time, fazendo gols. Como avalia essa volta por cima?
Estou muito feliz. Vinha trabalhando muito, mas as coisas não estavam acontecendo. Graças a Deus, fui muito bem nos últimos dois jogos que disputei e os gols começaram a sair também, o que para um atacante ajuda muito.

Qual é o seu peso hoje e qual era o seu peso quando chegou ao Atlético-GO?
Hoje estou com 94, 95 quilos. A meta do clube é essa aí. Tenho que ter cuidado para não subir. Não posso sair de 95 durante semana. No dia do jogo preciso estar com 94. Cheguei aqui com 105. Mesmo com 102 eu não estava dando conta, porque nosso time é humilde, todo mundo marca e todo mundo ataca.

Como conseguiu perder tanto peso?
É treinar cada vez mais forte e fechar a boca, o que para mim é o mais importante. É isso que eu estou fazendo. Depois do jogo, de vez em quando até dou uma saída para comer alguma coisa com minha noiva, mas na semana dou uma segurada, para ficar bem para jogar. Isso eu coloquei na cabeça.

Tem algum preparador físico ou psicólogo de fora do clube te acompanhando?
Não. Eu mesmo estou fazendo meu caminho, pois sei do que preciso.

É verdade que falar sobre seu peso sempre foi um incômodo em entrevistas?
Lógico, lógico... Porque sempre na minha vida fui muito cobrado sobre isso. Mas hoje tenho a consciência de trabalhar e estou bem melhor. Não estou na minha melhor forma de todos os tempos, mas estou na melhor forma no Atlético. No peso que o clube queria que eu chegasse, já cheguei.

Qual foi seu menor peso desde o começo da luta contra a balança? E o maior?
Nos outros clubes, o que eu fiquei mais baixo foi no Atlético-PR e no Fluminense, cheguei a 93 quilos. O mais alto foi no Goiás, em 2013: 106 quilos.

Você chegou a duvidar de si quando chegou aos 106 quilos?
Não duvidei de mim. É uma coisa engraçada, porque foi o meu melhor ano no futebol. Fui campeão estadual sendo vice-artilheiro, fui na semifinal na Copa do Brasil, também sendo vice-artilheiro. Tipo... É uma coisa engraçada, curiosa.

Mas hoje seria complicado jogar com aquele peso, não?
Com certeza, preciso estar melhor preparado do que naquela época. Hoje não dou conta de jogar com aquele peso. Eu tinha 24 anos, agora já estou com 28.

O que tem hoje no seu prato que não tinha há alguns meses?
Eu não estava acostumado a comer arroz integral, hoje como. Como saladas... Minha noiva me acompanha nesse cardápio, me dá muito incentivo. A gente também treina junto na academia de vez em quando. É um apoio fundamental.

Comparando com outros jogadores, qual seria seu nível se não fosse seu peso?
Teria meu nível mesmo, minhas qualidades. Eu não queria trocar (minhas qualidades) por nenhum atacante do Brasil e de fora. Queria continuar com a minha qualidade, só tirando o peso, que foi um problema grande para mim. Eu queria ser uma pessoa com o peso normal, com a qualidade que tenho.

Você acha que o preconceito contra o seu peso te fechou muitas portas?
Lógico, você fica com uma fama. Poderia estar num lugar (degrau) a mais hoje. Sempre tem aquele "será que vai?", sempre tem aquela dúvida. Minha vida sempre foi com essas dúvidas, mas minha cabeça sempre funcionou bem. Por onde eu passei deixei minha marca, fui bem, tirando a passagem que tive pelo Cruzeiro, onde realmente fiz poucos gols.

Vai ficar no Atlético-GO para 2018?
Meu contrato vai até o final do ano. Tenho um carinho grande pelo Atlético, queria seguir, que a gente entrasse em um acordo, mas no futebol goiano é muito difícil eu ficar. Se fosse para ficar em Goiás, gostaria de renovar com o Atlético, só que eu quero sair um pouco de Goiânia. Quem sabe em dois, três anos, eu volte ao Atlético. O importante é eu sair, se for no fim do ano, deixando as portas abertas. E, de onde eu saí, sempre deixei as portas abertas.

Quais são seus planos?
Penso em fazer um trabalho bom até o fim do ano e quero aí, quem sabe, encontrar uma China, um dinheiro. Penso em ganhar um dinheiro muito bom e dar um futuro para minha família, minhas duas filhas. Foco muito nisso aí hoje.

Já recebeu alguma sondagem da China? Sabe como é o futebol no país?
Não tenho ideia de como seja lá (no futebol asiático), mas minha vontade é muito grande. Já aconteceram algumas conversas no passado, e eu sempre falo que topo ir, dependendo do salário oferecido. Se o valor for bom, eu topo.