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Eleição Botafogo 2017: 'Precisamos despolitizar o clube', diz Guimarães

14/11/2017 07h00

O LANCE! publica nesta terça-feira a primeira entrevista com candidatos à presidência do Botafogo. A eleição do clube é no dia 25 de novembro, na sede de General Severiano. Por critério editorial, as entrevistas são em ordem alfabética e com as mesmas perguntas para ambos. Hoje é a vez de Marcelo Guimarães, candidato da chapa de oposição "Futuro Alvinegro", número 18. Ex-dirigente do Glorioso, ele tem 58 anos, é formado em administração, tem especializações em marketing e concorre com Nelson Mufarrej, da chapa de situação. Na versão impressa do LANCE! estão os temas mais importantes. Abaixo, a entrevista completa.

Por que ser presidente?

Existem razões subjetivas e as objetivas. Subjetivamente, a minha história de botafoguense. Objetivamente, passei num processo seletivo e tive a sorte de ser reconhecido como profissional de marketing e, no final da minha trajetória aqui no clube, quando saí rompido com o ex-presidente (Maurício Assumpção), na virada de um mandato para o outro, percebi que, para mudar o clube, eu tinha que ser voluntário. Tenho experiência como voluntário e entendi que não adianta mudar as pessoas. Temos que mudar o modelo e essa é a razão objetiva. Isso é uma compreensão a partir dos parâmetros de que precisamos despolitizar o clube, em especial as atividades meio: marketing, finanças e gestão de pessoas. É inimaginável que uma pessoa ache que um voluntário sem dedicação exclusiva possa ter mais chances de desempenhar um trabalho melhor que um profissional.

Que Botafogo espera encontrar?

Existe o Botafogo divulgado e o Botafogo real. O Botafogo real começa com uma atitude que desmentiu tudo o que o atual presidente pregou durante a campanha: ser contra as antecipações de receita. Ele antecipou milhões de reais em um contrato de TV, e, agora, chamam de luvas. Mas é antecipação e isso penaliza duramente o próximo ano. Espero encontrar duas áreas que já funcionam há dez anos muito bem: remo e a base do futebol; mas um clube incapaz de gerar grandes receitas em escala. A única receita em escala que o futebol gerou, além dos jogos da Libertadores, é o patrocínio da Caixa, que é programa do Governo de apoio aos clubes de futebol. Com as Olimpíadas, poderíamos ter nos tornado um centro turístico, como são as arenas olímpicas do mundo inteiro. Um estádio sem legado, incapaz de gerar receitas e com orçamento apertadíssimo. Fruto da insistência em tocar o clube essencialmente por voluntários. Não sei como estará o time, mas há um processo de desmonte em andamento. Não sei quem fica e quem sai. Vou assumir com muita confiança de implantar modelos bem sucedidos nos clubes do mundo inteiro.

Quais os principais objetivos possíveis e ideais?

O possível é iniciar o processo de profissionalização das atividades meio do clube. Vou extinguir as vice- presidências das atividades meio: Administrativo, comunicação... vão permanecer, obviamente, estatutárias, mas não vou preenchê-las. O Botafogo vai ser o primeiro clube do Rio a adotar um modelo um pouco mais completo do que os clubes adotam atualmente. Teremos um CEO de mercado, contratado a partir de rigorosos padrões. Vamos abrir o clube para todos os botafoguenses que querem ajudar, e fazer com que a curva de geração de receitas volte a crescer. Peguei o clube em 2009, na "Crise da Marolinha" e tivemos, em 2011, o melhor faturamento da história do clube. Nossa camisa não tinha mais onde botar patrocinador. Temos que fazer o clube voltar a gerar receitas em grande escala. No fim das contas, essa é a solução para todos os problemas. E, obviamente, formar um clube fraterno e que atenda aos seus objetivos, que são praticar o esporte em alto nível, atender ao associado tão abandonado, seguir crescendo com o sócio-torcedor e montar times competitivos. O ideal é um título de expressão. É o que a torcida espera. Completaremos bodas de prata sem título de expressão, e o que o atual presidente nos deu foi uma Série B. Não critico. Se vale taça, temos que ganhar. Mas não nos orgulha.

E 2018: será mesmo mais difícil financeiramente que 2017?

Cada ano tem um desafio particular. O atual presidente conseguiu, repetindo reincidentemente a história de que pegou o clube no pior momento da história, convencer a todos de que isso era verdade. Mas ele pegou o clube com a sede social funcionando, com o Estádio Olímpico, com o Caio Martins, com a base gerando bons jogadores em escala, com a Puma, com o programa sócio-torcedor caminhando, com o remo campeão, com o casarão e ainda vem dizer que pegou o Botafogo no pior momento da história. Ele esqueceu que eu tenho 58 anos e vi o Botafogo jogar em Marechal Hermes com tonalidades de cinzas diferentes nos meiões, e não ter bola para treinar. Obviamente, o Botafogo estava com a imagem triturada. Ninguém é criança aqui e não vou usar este mesmo artifício de plantar uma visão parcial e transformá-la em realidade. Vivemos um momento difícil, mas longe de ser o pior da história. Agora, estou mais otimista com 2018 porque eu tenho a confiança de que vou ganhar a eleição.

Nos últimos anos, a relação com o Vasco esteve mais próxima e com o Flamengo esteve mais estremecida. Como será a relação com as diretorias de outros clubes grandes da cidade?

Todas as relações com clubes e com todas as instâncias serão pró Botafogo. Agora, será uma relação de parceria, de aproximação. Queria fazer uma crítica veemente ao atual presidente pelos destemperos públicos e bravatas em relação ao Flamengo. Isso soa como música para a torcida e alimenta a rivalidade. Isso é admirável para o torcedor, mas não para um dirigente. Isso pode até incitar a violência, até porque a outra parte fica infeliz. Recentemente, num programa de TV, ele falou que o Flamengo não joga lá no Nilton Santos só por questões financeiras. Isso depois de tudo o que ele disse e não preciso repetir. Ninguém levará vantagem sobre o Botafogo e nem retirará um mínimo direito do nosso clube. Agora, tudo será tratado de maneira equilibrada, institucional, de amor ao Botafogo e, ao mesmo tempo, considerando a necessidade de ampliar receita.

Dizem que a Libertadores é fundamental. Mas se a vaga não for obtida, como cuidar das finanças?

Concordo com o presidente quando ele diz, de forma bem sensata, que a Libertadores é uma necessidade para o Botafogo. A primeira coisa que eu gostaria de destacar: como o sexto lugar virou objetivo da maioria dos times, é o grande sonho de consumo. Quero recuperar o nosso sonho de brigar pelo primeiro lugar. O sexto lugar é uma consequência de quem luta pelo primeiro, não pode ser o objetivo. É uma pena que a gente tenha perdido essa energia, essa fibra de brigar pela ponta. Perdemos essa capacidade de sonhar. Agora, sair da Libertadores nos penalizará duramente e aumentará a necessidade de gerar outras formas de receita, como por exemplo, através do nosso estádio e outras atividades. O nosso estádio tem potencial de gerar receita 365 dias por ano, e isso pode ser mantido mesmo com uma eliminação na Libertadores. Mas é obvio que, nesse momento, a classificação torna-se uma diferenciadora.

Como o senhor vê hoje o trabalho e a atuação da Ferj?

Antes de mais nada, temos que refletir sobre o calendário brasileiro e, em especial, claro, ao do futebol carioca. O que aconteceu e agora se ampliou? A Libertadores se concentrava no início do ano e agora estendeu-se por toda temporada. Os principais clubes do Brasil estão destinando times B à outras competições, que estão ficando penalizadas duramente pela Libertadores. É preciso que a gente pense, de fato, em uma forma de valorizar o Campeonato Carioca, compreendendo que nós temos um fenômeno incontrolável, que é o fato de as novas gerações terem conexões globalizadas. A gente não perde mais torcedor para o Vasco ou para o Flamengo. A gente perde para o Chelsea e para o Barcelona. Então, existe aí um panorama midiático ligado ao esporte que precisa ser pensado com muita propriedade. O calendário tem que ser repensado e, dentro dessa dinâmica, eu tenho certeza que teremos uma relação harmoniosa com a Ferj. Esse é o nosso objetivo produtivo para a gente ajudar a pensar um calendário que consiga contemplar a necessidade de manutenção dos clubes de menores investimento, mas que também voltem a se tornar campeonatos atraentes. Para se ter ideia, em 2016, os cinco primeiros jogos do Estadual, somados deram prejuízo de R$250 mil. Isso não pode acontecer.

Parte da torcida reclama da visibilidade pouca na Globo, mas mesmo assim se renovou contrato. Como o senhor entende isso?

É difícil avaliar estando fora do clube. Já estive dentro e sei como as urgências financeiras pressionam as decisões. De cara, te digo: fechar até 2024 foi uma atitude temerária. Imagina você, com a quantidade de redes internacionais de televisão entrando no país, cada vez mais fortalecidas e com cada vez mais capacidade de investimento... Isso sem contar os produtos transmídias, que veiculam em todas as plataformas digitais e que hoje são preferencias absoluta das novas gerações. Hoje, estamos agarrados com isso até 2024. Há oito anos, os iphones eram a grande novidade. E daqui a oito anos, como será o mundo? Então eu penso que, em termos de tempo, é um exagero. Antecipação é uma pena. Mas temos que cumprir o contrato. Vamos ter que lidar com essa realidade, porque está nas nossas premissas inegociáveis o cumprimento de contratos.

Quando será possível sonhar com grandes contratações?

Houve uma conjunção de fatores. Foi um encontro que deu certo. É um time aguerrido, carne de pescoço, ruim de ser derrotado, forte coletivamente. Sou admirador de muitos jogadores, mas tenho a sensação de que, se eles se separarem, individualmente, provavelmente não vão reproduzir esse desempenho que têm aqui no Botafogo. Por graves desacertos no futebol - e não me refiro ao Jair, me refiro aos gestores - o nosso elenco não tem peças de reposição. Exaurimos a nossa base. Geriram muito mal a carreira de Luis Henrique. Ele fez dois gols num jogo e, no dia seguinte, estava na vitrine da loja oficial. A cartilha de como destroçar um jogador da base foi praticada ali. Esse time precisa, de fato, de pelo menos dois jogadores com qualidade técnica diferenciada, mas que tenham experiência de títulos. Essa experiência pesa na hora H. A diretoria fez o desacerto de contratar o Montillo achando que seria o mesmo do Cruzeiro, que nunca mais foi o mesmo. Nem no Santos, e nem por onde andou até chegar pra nós ele foi. Quero deixar aqui minha admiração e respeito ao Montillo. Não só pelo futebol que jogou, mas também pela pessoa que parece que é, mas foi mais uma falha da nossa gestão de futebol, que não conseguiu enxergar uma realidade que qualquer garoto que acompanhe futebol sabia que o Montillo já não estava mais em alto nível. O que posso assegurar para a nossa torcida é que, já no ano que vem, teremos uma equipe com mais chance de título. E em 2019 viremos fortes. Claro, é uma mistura de desejo e objetivo.

Qual o tamanho da dívida atual e até quando ela vai gerar os problemas financeiros sabidos?

A dívida atual é de cerca de R$700 milhões. Segundo o grupo político Mais Botafogo (da atual diretoria), que acabou de entrar com um processo criminal contra o ex-presidente, os problemas financeiros começaram ainda no primeiro mandato dele. Há uma citação explícita de que, em 2009, vários equívocos de procedimentos fiscais e financeiros foram cometidos, e começaram a gerar essa dificuldade. Eu me pergunto como eles demoraram tanto tempo para saber disso, considerando que o atual candidato à presidência, o Nelson Mufarrej, foi presidente do conselho fiscal do Mauricio durante os três primeiros anos. Era mais fácil ter perguntado para ele, que trabalhava para fiscalizar os gastos discais, financeiros e contratuais.

O senhor se inspira em algum ex-presidente da história?

Eu sou daqueles de aproveitar legados, de maneira intransigente. Eu admiro facetas de vários ex-presidentes. Na minha memória afetiva de alvinegro, sempre procurei guardar os aspectos positivos de cada ex-presidente. Já gritei o nome do Emil Pinheiro, que nos deu o título estadual de 1989. Quem não saudou o Montenegro (Carlos Augusto, presidente durante o título brasileiro de 1995)? Quem não saudou (José Luiz) Rolim, que teve um mandato espetacular, do ponto de vista do futebol? Foi campeão carioca de 1997, da Copa-Rio São Paulo, em 1998, e vice da Copa do Brasil, em 1999. O que ficou na minha memoria foram os 105 mil presentes no estádio. A última vez que uma grande torcida lotou sozinha o estádio. Eu me lembro da alegria que foi, em 2003, quando recebi o carnê de sócio-torcedor do Bebeto (de Freitas). Não sabia bem o que era, mas sabia que era um avanço claro. A vinda do Loco Abreu, a volta da série A, com o atual presidente. Extraio uma faceta interessante de cada um.

É possível esperar naming rights para o Nilton Santos? Nota da redação: entrevista feita antes da tentativa junto à Caixa.

Não é um produto fácil aqui no Brasil para as arenas de futebol. Não pegam, porque os veículos de comunicação não adotam, então isso desvaloriza muito. O atual mandato, em vez de atrair jogos para o nosso estádio, brigou com os eventuais contratantes dos jogos, em movimento contrário à lógica da monetização das arenas. Tem outros caminhos. Um deles é o turismo. Somos, talvez, a única arena olímpica do mundo que não manteve nenhum legado olímpico. É lamentável que isso tenha acontecido. Estou encaminhando ao presidente da RioTur o nosso projeto relacionado ao estádio, e a ideia é termos uma mostra olímpica permanente, para atrair o turista para além da torcida do Botafogo, colocar nosso estádio no circuito turístico da cidade. Colocar uma Mostra Nilton Santos, mas evoluir para um museu Nilton Santos. A implantação de um hostel, com condições especiais para os sócios, em semana de jogos, o que é muito barato e simples de fazer. Já temos um anteprojeto para isto. E vamos, finalmente, fazer uma pequena sede social olímpica. O campo anexo vai virar um espaço de convivência, com chuveirões, espreguiçadeiras e uma sala climatizada com televisões para nossos sócios. O segredo é monetizar. Fico impressionado quando vejo que não não há uma placa de publicidade em nossos camarotes. O estádio precisa ser intensamente ativado por meio do futebol. E levar shows e atrações para lá, como eles já estão fazendo, mas de modo insuficiente.

Apesar do bom público, a torcida não lotou o estádio em muitas das partidas decisivas da Libertadores, por exemplo. Por quê?

Isso é um fenômeno nacional. O Fla-Flu decisivo da Sul-Americana, na véspera de feriado, deu umas 35 mil pessoas. Isso não é só da torcida do Botafogo. Com o tempo, nós fomos perdendo a compreensão da necessidade de ter setores populares. Eu pretendo reproduzir de alguma maneira a velha geral. Não é o que eles chamam, hoje, de popular. Se você for com sua esposa, vai pagar, durante dez meses, R$ 40 por mês. Precisa avisá-los que isso não é popular. É um compromisso que as famílias de classe baixa não podem assumir. O que penso é ter ingressos avulsos em um espaço determinado para que o cara possa pagar aqui e ali, e atrair novamente as classes populares. E ampliar a oferta de entretenimento antes e durante os jogos. A torcida tem de se sentir parte do espetáculo. Tivemos várias experiências, como a Isabella Taviani e o Marcelo Adnet. Tivemos um jornal exibido pelo telão. Um processo que se iniciou, mas se interrompeu. Temos de qualificar o espetáculo e garantir segurança à torcida.

Quanto é possível esperar de orçamento para contratações e folha salarial para 2018?

Estamos entrando com um requerimento para que tenhamos as contas do clube publicadas antes da eleição. Mas, de qualquer maneira, se não conseguirmos nosso objetivo, a eleição deste ano não empossa o novo presidente no dia seguinte, mas no primeiro dia útil de janeiro. Portanto, dezembro será utilizado para uma transição. Sei que ela será produtiva. Tenho várias diferenças com o atual presidente, mas uma delas não é de caráter e responsabilidade. Estarei mais capacitado e compreendendo os números do clube para responder a essa pergunta.

Veteranos, jovens, velocistas, dribladores... que características de jogadores faltaram e o time precisa?

Na linha do tempo, faltou um homem-gol, aquele cara de área, capaz de empurrar a bola para dentro. Eu diria que faltou um meia avançado, com status de campeão. Essa referência encoraja o grupo. Isso se reproduz na vida. Você trabalhar ao lado de um jornalista experiente, vencedor e com história te encoraja, Não é diferente no futebol. Isso até se intensifica no esporte. Acho que faltaram essas duas. E, de gestão, o desmanche que foi se abatendo sobre o time. A saída de peças sem reposição.

Que erros o senhor observa no clube e/ou no time e que pretende resolvê-los?

O primeiro erro do clube, não porque eles sejam más pessoas, mas porque acreditam em outro modelo, é eles acreditarem que um voluntário do grupo político deles ser capaz de tocar áreas da atividade-fim, como marketing e comercial, melhor do que um profissional de primeira do mercado. No time, que eu respeito e é aguerrido, faltou gestão de elenco. Fomos perdendo jogadores, contratamos mal. As contratações dos estrangeiros foram mal-sucedidas. Investiu-se dinheiro para o Montillo que, apesar de ser uma pessoa admirável, não vinha jogando em bom nível. E a falta de referências campeãs para dar confiança a esse time na hora H.

O Botafogo é um clube com muitas sedes. De que maneira elas valorizam ou dão prejuízo?

O trabalho a ser perseguido, e que não é fácil, é transformar essas sedes em auto-suficientes. A sede do Mourisco Mar, ainda não sei se o contrato é o mesmo, mas havia um contrato de locação da churrascaria que ocupa o térreo daquele espaço que praticamente financiava aquele equipamento. A nossa gloriosa sede de remo tem um espaço que pode ser revertido para um espaço social, mas, agora, é preciso diminuir o espaço de locação para os sócios. Por exemplo, o salão nobre de General Severiano foi alugado por mil reais para lançamento da chapa da situação, mas custa mais de doze mil reais para o sócio. Existe um desbalanço. Não tem que ser nem mil e nem doze mil para os nossos sócios. Algumas sedes nós temos que compreender que não vão gerar receita. O Caio Martins, por exemplo, abriga parte da nossa base. Várzea das Moças também é um espaço para gerar receita formando jogadores, embora não pertença ao Botafogo. Nós temos Marechal Hermes, que está abandonada, Caio Martins abriga a base, General Severiano oferece pouca geração de receita, que pode ser ampliada se houver um barateamento do custo dos sócios e se tiver mais ofertas de entretenimento. É uma sede que oferece muito pouco aos sócios. Nós temos a sede de Remo da Lagoa, que pode ter a capacidade de gerar receita ampliada, e não só pela maior exposição do nosso time de Remo. Para torná-lo mais atraente, mas também locando o espaço.

De que maneira é possível valorizar o torcedor de diferentes estados e classes financeiras?

É essencial internacionalizar a nossa eleição por meio da eleição digital. É fundamental para que o sócio-torcedor queira aderir. Isso é um sonho para todos. Mas o hostel, café da manhã atrás dos gols, conversar com os ídolos. Quem não gostaria de se hospedar com os ídolos? Bate-bola com os atletas... é preciso dar desconto progressivo por fidelização. Qualquer plano de fidelização tem isso. Quanto mais você fica, menos paga. Também temos que estimular e dar descontos aos sócios que trouxerem novos associados. Tem que ter uma área exclusiva para os sócios no site, com informações exclusivas e interativas. Quero voltar com eventos itinerantes como o Feijão no Fogão.

Como o senhor enxerga o seu adversário?

Ele é um cidadão de bem, mas um gestor com experiência e conhecimento insuficientes para tocar um projeto que tenha conexões com o torcedor atual e suas demandas. Não quero ser duro com eles, até porque ele sempre foi muito cortês comigo. Mas eu vejo essa inversão (o atual presidente ser candidato como vice) como uma manobra política. É só uma das facetas que revelam o grau de politização atual do clube. Ele vai ficar profundamente dependente dessa estrutura, que se reelege e vai reproduzir tudo o que foi feito.

O que a chapa traz de diferente?

O compromisso com a profissionalização das atividades meio. Chega de amigo político para ocupar cargo. Vamos contratar a partir do mercado, um headhunter. Vamos estruturar organizacionalmente o clube, adotar princípios de governança corporativa, de compliance (cumprimento de acordo). Nós teremos executivos de mercado, com networking na área de patrocínio, com experiência comprovada, atuando para fortalecer os nossos cofres. Seria muito mais barato contratar esses executivos do que os cinco estrangeiros que eles contrataram. Perderam milhares de reais e só sobrou o Carli. Será um clube aberto. Vamos desfazer esse nó político que foi montado. Um modelo combatido e que pratica atos como a utilização da casa da Dona Terezinha (doada ao clube) para fazer uma festa a qual nenhum sócio tem acesso. Aluga um espaço (o salão nobre) para o lançamento da chapa de situação por mil reais que, para o sócio custa 12 mil. Não tem que ser nem mil, nem 12 mil. Que apadrinha todas as vice-presidências do clube. O Botafogo vai voltar a ser um clube agregador, simpático, como era nos velhos tempos. Agora, sem perder nossas premissas principais que são a ética e o compromisso dos contratos. Queria agradecer à família Moreira Salles pela compra do centro de treinamentos. Vamos aderir entusiasmadamente ao novo CT. Eu me comprometo a não inverter de cargo com meu vice e é uma decepção o outro candidato se recusar a debater, indo contra um compromisso que o atual presidente assumiu um ano atrás, de ceder a sede para debate.