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Com leucemia, ex-jogador do Guarani consegue tratamento nos EUA

Silas Brindeiro - Reprodução/Facebook
Silas Brindeiro Imagem: Reprodução/Facebook

01/12/2017 08h00

Ex-atacante de Guarani e Náutico, Silas Brindeiro segue lutando pela vida. Com leucemia e sem cura possível no Brasil, no começo de agosto ele deu entrevista cheia de emoção ao LANCE!, disse que precisava de R$ 925 mil para se tratar nos Estados Unidos e tocou a internet.

Agora, passados quase quatro meses, o centroavante de 30 anos recebeu um presente de Natal antecipado. Após diversos apelos a hospitais norte-americanos, o jogador conseguiu o tratamento que precisava de forma gratuita no estado de Maryland. Ele embarcou para os EUA, juntamente com a esposa, na última terça-feira.

Silas vinha tentando conter sua doença com quimioterapia no hospital Santa Helena, em Brasília (DF). No entanto, a medula do jogador já não dava mais grandes respostas e o tratamento convencional era praticamente ineficaz. Em agosto, o jogador tinha 7% de blastos no sangue. Agora, o quadro está em 36% - situações acima de 20% já são consideradas de extrema gravidade.

A verba necessária para o centroavante se tratar nos EUA também estava longe de ser obtida. Após pedidos de doações, ele conseguiu a quantia de R$ 230 mil - que apesar de volumosa, era apenas 25% do total necessário. A guerra parecia perdida, mas no fim de agosto o tratamento que pode curar Silas deixou de ficar restrito a só dois hospitais americanos e passou a ser disponibilizado em mais 40. Foi a deixa para ele sair mandando e-mails para diversos destes 40 hospitais. Felizmente, o hospital de Maryland acabou sensibilizado.

"Agora estou vivendo outra atmosfera. Você começa pensa que está chegando a vitória. O ânimo muda sabendo que farei o tratamento que preciso, o CAR-T cells, sabendo que há uma saída. A FDA (Food and Drug Administration), que é o órgão responsável pela saúde nos Estados Unidos, aprovou em 30 de agosto a ampliação do tratamento para mais 40 hospitais. Foi coisa de Deus. Diante desse fato novo, eu, meu médico e minha prima, que mora nos Estados Unidos, enviamos e-mails para diversos hospitais, pedindo o tratamento com gratuidade. O hospital de Maryland se interessou pelo meu caso, pelo fato de a doença estar avançada. Há três semanas recebi a notícia de que eles me aceitariam. Viram que meu caso era sério, se sensibilizaram, e vão fazer um estudo clínico em mim, cedendo o tratamento com gratuidade", disse Silas.

O tratamento do CAR-T cells deverá zerar os 36% de células doentes. O processo vai durar entre seis e oito meses. Só depois disso Silas poderá receber uma nova medula. Ele entrou na fila para receber doação em fevereiro de 2015 e, após angustiante espera, conseguiu um doador em julho - quando a quimioterapia já não fazia mais efeito e 7% de suas células já estavam doentes.

"A princípio, vou fazer duas semanas de exames e depois receber o tratamento propriamente dito com o CAR-T cells. O hospital disse que em três meses devo ter uma direção sobre o meu tratamento, mas não há uma data fixa para ficar zerado. Ficando, voltarei ao Brasil para fazer o transplante de medula. O doador só está esperando eu ficar zerado para fazer o transplante", detalhou.

Silas também falou sobre os R$ 230 mil que arrecadou. Ele afirmou que ainda utilizará o dinheiro para a sua cura, justificando que o transplante de medula será pago e que o hospital de Maryland deu apenas o tratamento do CAR-T cells, não arcando com passagens, hospedagem e remédios fora do hospital:

"Deixo aqui meu esclarecimento às pessoas que me ajudaram. O valor de R$ 230 mil vai me ajudar muito no andamento do tratamento. Faço questão de revelar esse valor, como satisfação às pessoas que me ajudaram. A quantia será usada para minhas despesas até a cura, para eu me manter nos Estados Unidos, voltar ao Brasil e pagar meu transplante de medula. O tratamento será longo e eu estou sem clube, sem salário", comentou Silas, que mesmo depois do transplante precisará voltar à Maryland para revisões de três em três meses.

Silas recebeu doações de diversos atletas. Fernando Prass mobilizou o elenco do Palmeiras, que conseguiu levantar uma quantia - de valor não divulgado.

"Fernando Prass entrou em contato comigo, pessoal dos meus tempos no Guarani... Eles contribuíram bastante, deram força. Alguns clubes fizeram contato comigo também. O Neto, da Chapecoense, ajudou nas redes sociais, compartilhando o link da matéria de agosto. Depois, até jogadores da Seleção fizeram vídeo pedindo doações. Serei eternamente grato. Agradeço muito a quem contribuiu e tirou um tempinho para compartilhar a matéria. Reforço que o dinheiro será usado para me ajudar na cura", destacou o atacante, confiante de que os próximos meses irão selar o seu triunfo contra a leucemia:

"A próxima entrevista será para anunciar que estou curado".