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No Flamengo em 95, Apolinho relembra vice para o Independiente: "Dói muito"

Romário em ação pelo Flamengo contra o Independiente em 1995 - Daniel Garcia/AFP
Romário em ação pelo Flamengo contra o Independiente em 1995 Imagem: Daniel Garcia/AFP

06/12/2017 08h00

Figura lendária do rádio e referência na profissão, o radialista Washington Rodrigues, o Apolinho, teve uma breve experiência como técnico de futebol em 1995 à frente do Flamengo. Ele comandou o time na Supercopa Libertadores de 1995, na qual o Rubro-Negro foi derrotado pelo Independiente na decisão. Em entrevista ao LANCE!, o Velho Apolo participou gentilmente, com a sua marcante simpatia, mas revelou não gostar de relembrar da final daquele torneio.

"Dói muito, estava torcendo para não ser esta final para não ter de reviver isso. Tínhamos muita crise de relacionamentos naquele elenco, mas fizemos as coisas fluírem, não jogávamos para empatar", lembra Apolinho, referindo-se ao time que contava com o famoso Melhor Ataque do Mundo, formado por Sávio, Romário e Edmundo, que não rendeu o esperado naquele ano.

Apolinho afirma que o Flamengo tinha mais time do que o adversário, mas que as coisas ficaram complicadas por causa da derrota de 2 a 0 no jogo de ida, na Argentina. No jogo de volta, o time carioca venceu por 1 a 0, no Maracanã, mas não foi o suficiente. O radialista acredita que faltou pouca coisa ao Rubro-Negro.

"Faltou sorte. Não que o Independiente fosse fraco, era um time copeiro e vitorioso. Mas nossa campanha era melhor. Enfrentamos Cruzeiro, Vélez Sársfield, campeão da Libertadores em 1994, entre outros. Sofremos uma derrota de 2 a 0 lá e eles se fecharam na defesa no Rio", lembra.

Apolinho foi pego de surpresa com um pedido do então presidente do Flamengo, Kléber Leite, para assumir o comando da equipe. Ele teve 11 vitórias, oito empates e sete derrotas num ano ruim para o Flamengo, em plena comemoração do centenário do clube. Ele voltou a participar da vida do futebol do clube em 1998, como diretor de futebol, mas novamente saiu precocemente.

Acostumado a acompanhar inúmeras decisões, o Velho Apolo dá uma dica para o Flamengo neste primeiro jogo da final da Copa Sul-Americana, em Buenos Aires.

"Não pode perder, é muito importante. Eles (Independiente) não têm o mesmo time de antes, mas é uma equipe aguerrida, acompanhei a vitória deles sobre o Libertad (na semifinal). O sistema defensivo deles é muito forte. Se vencerem em casa, vão se fechar aqui. É importante, pelo menos, não perder. Fica difícil porque eles comem muito bem o tempo. Se for uma derrota por mais de um gol, fica muito difícil para buscar o resultado aqui", analisou.

VEJA A ENTREVISTA COM APOLINHO

Qual era a sensação do Flamengo após a derrota na Argentina?
Apolinho: Achamos que poderíamos levar pelo menos para os pênaltis no Rio. Mas o goleiro deles, o Mondrágon, teve uma grande atuação no Rio

Como foi a experiência como treinador e depois como diretor de futebol, em 1998? O que viu de diferente que não conseguia observar como radialista?
Apolinho: Não tinha a pretensão de ser treinador. Estive duas vezes à frente no Flamengo. Aprendi mais naquele período, de meses, do que nos meus 55 anos de carreira. Você conhece o cara por dentro, o ser humano. Percebe que ele - ídolo - tem fragilidade, é preciso superar isso. Não vejo o Tite como um grande estrategista, mas ele gerencia muito bem. O treinador é um gerenciador de vaidades, um pastor. Às vezes, um

É verdade que Romário pediu a entrada do Aloísio Chulapa (um garoto na época) no time no segundo jogo da final, em 1995, quando o Flamengo precisava de mais um gol para levar a decisão para os pênaltis?
Apolinho: Não teve isso. A torcida de gostava muito dele (Chulapa), mas levou uma pisada na coxa logo depois que entrou em campo. Romário era padrinho e professor de inglês do Chulapa. Na escalação, tirei um jogador de defesa - lateral-direito - e escalei o Nélio. Ele não jogou como lateral-direito, mas sim como atacante

Como é o trabalho de um treinador?
Quando você vai montar um elenco, recebe 30 e tantas pessoas em janeiro, são todos diferentes. Daquele elenco, você tem que compor um grupo. Se eles comprarem a ideia, 11 jogam e sete sobram (no banco). Os sete lhe toleram, os outros (que sobraram) são seus inimigos, é um trabalho duro, é preciso fazer a harmonização do ambiente.