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Bilhetes à mão indicam pagamentos de propina a Del Nero, Marin e Teixeira, garante testemunha

08/12/2017 15h26

O novo dia de julgamento do "caso Fifa" aumentou as suspeitas de um esquema de corrupção no futebol mundial. De acordo com informações divulgadas pelo UOL, o agente da Receita Federal dos Estados Unidos (IRS), Steve Berryman, revelou na Suprema Corte do Brooklyn que bilhetes escritos à mão foram encontrados nos cofres da empresa Klefer no ano de 2015. Os bilhetes, encontrados em uma operação policial no Rio de Janeiro, indicariam pagamento de propina ao atual presidente da CBF, Marco Polo Del Nero, e a José Maria Marin e Ricardo Teixeira, ambos ex-mandatários da entidade.

Segundo depoimento de Berryman, os bilhetes encontrados na empresa de propriedade de Kleber Leite trazem anotações de pagamentos: US$ 1 milhão relativos à Copa do Brasil, e US$ 3 milhões para a Copa América. Ao lado, aparece a sigla "MPM", que, de acordo com interpretação da acusação, seriam referentes a Marco Polo Del Nero e José Maria Marin.

Já outro bilhete escrito à mão traria novamente a sigla "MPM" ao lado de "vários negócios", a abreviação de "C.A." (interpretada como Copa América), tendo ao lado o registro de US$ 3 milhões, e um suposto registro de pagamento de US$ 1 milhão referente à Copa do Brasil.

A testemunha detalhou que, além do que considera um suborno para Marin, foram achados registros de dois depósitos de US$ 900 mil referentes a pagamento e "broadcast" de Copa Libertadores, e US$ 3 milhões em relação à Copa América.

Steve Berryman ainda mencionou no seu depoimento a suspeita sobre o ex-presidente da CBF, Ricardo Teixeira. Na mesma parte do bilhete em que se referia à Copa América, constava a menção do pagamento de US$ 1 milhão para "Miami". Questionado pelo procurador se a testemunha investigara algum dirigente brasileiro com negócios ou bens na cidade, o agente afirmou:

- Sim, Ricardo Teixeira.

Em seguida, o agente da Receita Federal dos Estados Unidos (IRS) mostrou documento de compra que o dirigente fez, por meio de uma de suas empresas, a Ochab, da casa da ex-tenista russa Anna Kournikova. O imóvel tinha valor de US$ 7,425 milhões, em 2012.

Antes da retomada dos depoimentos nesta manhã, a defesa de Marin voltou a salientar que o código criminal dos Estados Unidos é diferente dos do Brasil e Paraguai, onde fica a sede da Conmebol, e gostaria de expor a situação de forma detalhada ao júri. No entanto, a Procuradoria recomendou que não fossem validados os argumentos desta linha de raciocínio. A juíza Pamela Chen ainda não decidiu se permitirá o uso da estratégia.