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Mattos diz que Scarpa é caso encerrado e não prevê mais reforços

Thiago Ribeiro/AGIF
Imagem: Thiago Ribeiro/AGIF

03/01/2018 19h58

Gustavo Scarpa não se reapresentou ao Fluminense nesta quarta-feira e provavelmente defenderá outro clube em 2018, mas o diretor de futebol do Palmeiras, Alexandre Mattos, diz que não tem nada a ver com isso.

- Sobre Scarpa, o Palmeiras fez de tudo. Me empenhei ao máximo. É um sonho antigo, isso não é segredo para ninguém, mas não foi possível. A gente deu por encerrado - declarou.

O diretor repetiu que o ciclo de contratações para a temporada, a princípio, está encerrado. Mas ele não descarta que uma "oportunidade de mercado" o faça mudar de ideia. Se Ricardo Goulart conseguir ser liberado pelo Guangzhou Evergrande (CHN) para retornar ao Brasil, estará no radar. A reabertura das conversas com o próprio Gustavo Scarpa também se encaixaria nesse cenário.

- Nesse momento, está encerrado (o ciclo de contratações). O Palmeiras queria pontualmente lateral-esquerdo (Diogo Barbosa), um lateral-direito (Marcos Rocha), um meia (Lucas Lima), um goleiro (Weverton) e o zagueiro (Emerson Santos), que foi uma oportunidade de mercado lá em agosto. Me perguntaram do Scarpa. Não tenho nada a ver com isso. Não sei por que o Scarpa não se reapresentou. Tem essa pendência do Mina, que a gente não deseja que ele vá, vamos aguardar - explicou Mattos, citando o desejo do Barcelona de levar Mina agora.

O Palmeiras esteve bem perto de contratar Gustavo Scarpa por empréstimo. Ele seria trocado por Hyoran e Róger Guedes. Como Guedes não quis ir para o clube carioca, o negócio travou. O Verdão continuou conversando, tentando definir um novo modelo de negociação, mas não conseguiu convencer o Flu.

Mattos também detalhou os motivos da contratação de Weverton, explicou que a ida de Raphael Veiga por empréstimo para o Atlético-PR não tem nada a ver com essa negociação, falou sobre Roger Machado... Veja abaixo:

Raphael Veiga por Weverton?

Não tem relação nenhuma jogador emprestado ao Atlético-PR com o negócio do Weverton. O Palmeiras fez uma aquisição do Weverton por R$ 2 milhões em dez parcelas. O Palmeiras achou que valia, fez a opção de contar com ele aqui em janeiro, antes do dia 3, e não só em agosto. Se é caro ou barato, o que o Weverton jogar é que vai dizer.

Por que mais um goleiro?

Executivo de futebol não é contratador de jogador. As pessoas acham que a gente acorda pensando em contratar, mas isso vem de uma demanda do treinador. Estou muito tranquilo para falar de goleiro. Tem dois jogadores desses 60 que vieram na minha época que posso afirmar que matei no peito sozinho e que a responsabilidade é 100% minha. Não que os outros não tenham responsabilidade minha, porque fiz acontecer todos juntamente com treinador, comissão, presidente. Um deles foi o Jailson, o outro o Moisés. Quando cheguei, o Jailson tinha sido dispensado pelo Palmeiras, já estava fora, o Oswaldo não conhecia. Eu falei ao presidente que estava errado. Ele veio em uma situação de muita crítica, houve um desgaste porque ele era reserva do Ceará.

Eu disse que gostaria que ele ficasse porque conheço desde a Série C, ele no Guaratinguetá e eu no América. Mas a gente sabe que ele teve uma lesão seríssima em 2015 e outra em 2017. Em 2014, isso aconteceu com o Prass. Em 2016, corremos um seríssimo risco quando o Prass machucou novamente. O Jailson sustentou. A gente vai observando, vai conversando. Não podia ser um goleiro muito jovem, aí não faria sentido. Optamos pelo Weverton que é campeão olímpico, sendo decisivo. Tem seis anos disputando Série A em altíssimo nível, disputou várias Libertadores, está em idade madura. Quem vai jogar depende do preparador de goleiros e do Roger Machado. Obviamente vai jogar quem estiver melhor. O Palmeiras está muito bem servido e preparado para os próximos anos. Vamos lembrar que Prass e Jailson já têm idade mais avançada. Podem jogar no Palmeiras, ainda vão brilhar, mas temos que nos preparar para uma transição tranquila.

Roger Machado terá tempo?

Por que o Palmeiras trocou de treinador? No fim de 2016, o Cuca estava naquele fica-não fica, então fomos obrigados a trocar de treinador. Quando você troca, há uma série de quebras. E isso acarretou na saída do Eduardo e na volta do Cuca, que depois pediu para sair. O Roger, vale lembrar, foi a nossa primeira opção no fim de 2016. Liguei para ele imediatamente, quando o Cuca saiu. Ele estava em Belo Horizonte, atendeu cordialmente e disse que estava acabando de chegar para ouvir o Atlético. Ele acertou e me ligou para agradecer. Nós temos muita convicção no trabalho.

Eu já tenho 13 anos no futebol, já participei de vários grupos vencedores, com conquistas importantes, e acredito em ambiente e equipe de trabalho. Isso é fundamental para conquistas importantes. Temos convicção de que o Roger fará ótimo trabalho. É um cara extremamente preparado. Ele deixou claro no meio do ano passado, quando foi procurado por vários clubes, que preferia começar um projeto. As coisas estão bem desenvolvidas, temos uma equipe de trabalho maravilhosa, os auxiliares, o elenco, que foi pontualmente mexido.

Aprendizado do ano sem títulos

Tivemos dificuldades, mas acima de tudo tivemos aprendizados. Sabemos porque ganhamos em 2015 e 2016 e sabemos porque não ganhamos no ano passado. Isso é fundamental para um projeto se sustentar. Mesmo nas várias dificuldades de 2017 o Palmeiras, honrosamente, terminou em segundo lugar no Brasileiro. Em 20 anos, o Palmeiras foi uma vez campeão, em 2016, uma vez vice-campeão, em 2017, nenhuma vez terceiro lugar e três vezes quarto lugar.

Não era o que queríamos, mas conseguimos esse vice-campeonato que nos orgulha bastante. Lógico que o título é sempre um marco, no Brasil quem não ganha é taxado de incompetente. Mas o Palmeiras vem se fortalecendo desde 2015, melhoramos cada vez mais a estrutura, como melhoramos agora o vestiário.

Conversa com os jogadores

Falei hoje aos atletas que não podemos cair nas armadilhas do futebol. Quem começou a pressão de que o Palmeiras era a primeira força e o Corinthians era a quarta não foi a gente, não foi o Santos, não foi o São Paulo. Foi externo. Porque todos avaliavam que o Palmeiras tinha feito o certo. E agora já vi que estão novamente colocando o Palmeiras como favorito de tudo. Não é verdade, e já vou mandar um recado direto à nossa torcida: não vamos cair nessa novamente. O Palmeiras está preparado, estruturado, com receitas boas, com um patrocinador que acredita no projeto. Isso é uma competência do Palmeiras, mas isso não tem que ir pelo lado negativo.

Como o Palmeiras é favoritaço se você tem um Grêmio campeão da Libertadores, um Flamengo que chegou a três finais no ano, um Corinthians campeão brasileiro e um Cruzeiro campeão da Copa do Brasil e que fez um investimento alto agora. Para mim, no momento, o Cruzeiro é o grande favorito, porque já tem um time montado e campeão. O Palmeiras não tem um time definido desde o ano passado, e isso é responsabilidade de jogadores, comissão e direção, principalmente direção. O Palmeiras ainda tem que montar um time, e não é nome de jogador ou dinheiro que vai fazer essa montagem.