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100 anos de Sandro Moreyra: o legado e as histórias do jornalista

29/01/2018 09h16

Há exatos 100 anos nascia Sandro Moreyra, jornalista e cronista esportivo que deixou grande legado para as gerações seguintes. Sandro já tinha uma resposta pronta para todas as vezes que perguntavam a sua idade: "Sou um ano mais novo do que o João". O João era o também jornalista botafoguense e amigo de infância João Saldanha. Sandro Moreyra nasceu, foi criado e morreu no Rio de Janeiro, aos 69 anos, no dia 29 de agosto de 1987. Era pai das jornalistas Sandra Moreyra (repórter da TV Globo que morreu no dia 10 de novembro de 2015) e Eugênia Moreyra (ex-diretora de Jornalismo da GloboNews). Os pais, o escritor Álvaro Moreyra e a jornalista e poetisa Eugênia Álvaro Moreyra, revolucionaram os costumes no Rio de Janeiro dos anos 30 e 40.

Em agosto do ano passado, o jornalista e professor Paulo Cezar Guimarães lançou pela Editora Gryphus o livro "Sandro Moreyra, um autor à procura de um personagem". O cartunista Ique assina a caricatura da capa, João Máximo o texto da orelha e Carlos Eduardo Novaes, o prefácio. Ate poucos dias antes de morrer, Sandra Moreyra, responsável pelo texto da quarta capa, manteve encontros com PC por mais de um ano e cedeu fotos, recortes de jornais, cartas e postais.

Sandro trabalhou por mais de 30 anos na redação do Jornal do Brasil, onde assinou a coluna Bola dividida. "Mais que um livro sobre futebol, a publicação fala sobre os pais de Sandro, da relação dele com a política, com o jornalismo, com a Mangueira, com as filhas, com os amigos e com as três esposas que teve, Milu, Lea e Marta", comenta a editora Gisela Zincone, da Editora Gryphus.

Conhecido pelo bom-humor e pelo bronzeado permanente, era na Praia de Ipanema que Sandro batia ponto antes de ir para a redação do JB. Chegava ao trabalho no fim da tarde, sempre depois de um mergulho com os parceiros João Saldanha, Carlinhos Niemeyer, Fernando Calazans, Heleno de Freitas e Sérgio Porto. Em sua coluna, sempre abastecia os leitores com notícias fresquinhas do futebol, sobretudo do Botafogo, seu time do coração. Quando escrevia lembranças, Garrincha e Manga eram os seus personagens favoritos.

PC Guimarães ouviu mais de 100 pessoas que conviveram com Sandro. Mergulhou de cabeça na vida do biografado, leu dezenas de livros, pesquisou periódicos, sites, blogs, assistiu filmes e visitou acervos públicos e pessoais. Foram conversas com parentes, jornalistas, jogadores, técnicos, juízes de Direito e árbitros de futebol.

Entre os entrevistados, Zico, Júnior, Antônio Maria Filho, Arnaldo Cézar Coelho, Elza Soares, Carlos Alberto Torres, Galvão Bueno, João Máximo, José Carlos Araújo, Juca Kfouri, Sérgio Cabral (pai), Ancelmo Gois, além das duas filhas (Sandra e Eugênia) e outros parentes próximos.

- Resgatar Sandro Moreyra, cuja coluna no Jornal do Brasil era daquelas que faziam muita gente ler o jornal de trás para a frente, deu-me a oportunidade de conversar com pessoas engraçadíssimas e irreverentes ao estilo do próprio colunista. A geração dele era de uma época romântica em que se exercia o jornalismo com paixão e prazer - comenta o autor.

O livro lembra que mais de 500 pessoas, entre jornalistas, escritores, políticos, artistas, dirigentes de clubes, autoridades e fãs foram para a despedida de Sandro em 29 de agosto de 1987. O locutor José Carlos Araújo, que cobria o Botafogo como repórter, recorda detalhes daquele dia.

- Sandro era daqueles que contava piadas até em velórios. E no seu não poderia ser diferente.

A formalidade e todos os rituais foram mandados para escanteio. O caixão foi coberto com as bandeiras do Botafogo, do PDT (Partido Democrático Trabalhista) e da Mangueira; e com um adesivo "Diretas Já. Brizola presidente".