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Após golaço com oito segundos, ex-Fla e Corinthians se declara ao alvinegro

Marcos Nunes em ação pelo EC São Bernardo - Luciano Santoliv/MKT Esportes
Marcos Nunes em ação pelo EC São Bernardo Imagem: Luciano Santoliv/MKT Esportes

06/02/2018 08h10

Há dois sábados, um gol relâmpago chamou a atenção na modesta Série A3 do Campeonato Paulista. E foi um golaço. Marcos Nunes, atacante do Esporte Clube São Bernardo, ex-Flamengo e Corinthians na base, precisou de apenas oito segundos de jogo para balançar as redes do Taboão da Serra. O duelo era válido pela quarta rodada e teve a equipe do ABC paulista como vencedora por 3 a 2. A história do gol é muito inusitada. Ao "LANCE!", Marcos disse que planejou o golaço durante o minuto de silêncio antes de a bola rolar.

"Os times já estavam arrumados e o árbitro anunciou um minuto de silêncio devido a morte da mãe de um ex-presidente do time. Daí eu fiquei olhando o posicionamento do time adversário e vi que tinha bastante espaço. Falei com meu amigo centroavante: "Toca a bola para mim, eu vou correr". Quando o juiz apitou, fui avançando pelo espaço, driblei os marcadores que vieram e fui feliz na finalização", disse Marcos Nunes, destacando que recebeu de sua comissão técnica a informação de que o golaço bateu um recorde na cronometragem.

"Quando acabou o jogo, nosso auxiliar técnico veio falar comigo que era o gol mais rápido da história dos Campeonatos Paulistas. Até fiquei meio sem jeito, sem graça, mas feliz. É um gol que já está marcado na minha vida".

Marcos Nunes, atualmente com 27 anos, é natural de Manaus (AM) e defendeu o Flamengo aos 12 anos, quando foi para o Rio de Janeiro descoberto por um empresário que acompanhava o futebol manauara. Após atuar pelo Fla na categoria infantil, acabou indo para São Paulo e ingressou no juvenil do Nacional-SP. Atacante que joga pelas pontas, Marcos acabou chamando a atenção do ex-volante Vampeta, que o viu durante uma partida e o levou para os juniores do Corinthians. Foram três anos de Timão, que deixaram saudades.

"Ficou um gostinho de quero mais no Corinthians. Queria vestir aquela camisa no profissional, jogar com aquela torcida maravilhosa cantando, gritando. É uma sensação diferente. Quando jogava na base, eu senti. Imagina o profissional, como deve ser. Deve ser muito louco", disse Marcos Nunes, que ficou no Timão de 2009 e 2011, e, apesar de não ter conseguido jogar no profissional do clube, chegou a completar treinos no elenco que tinha Ronaldo,

"Toda quinta-feira, alguns jogadores dos juniores eram levados para treinar com o elenco profissional, para pegar experiencia e completar as atividades. Fui escolhido algumas vezes. Nessa época tinha Ronaldo, Roberto Carlos... Lembro do Paulinho me marcando num treino. Essa experiência foi incrível para mim".

Não aproveitado no Timão, Marcos Nunes começou como profissional no Grêmio Prudente. Depois ele vestiu as camisas de Taubaté, Marília, Portuguesa Santista e Uberlândia. Em novembro do ano passado, o atacante fechou com o EC São Bernardo. Seu vínculo vai até maio, quando a Série A3 se encerra. Porém, o golaço contra o Taboão já abriu portas que podem ser importantes.

"Depois do gol, apareceram alguns empresários fazendo contato comigo, falando de times, para me levar. Como não gosto de passar por cima das coisas, deixei com meu agente. Coisas boas virão para o segundo semestre, eu creio", disse Marcos, que tem um gol - o golaço - em três partidas na Série A3.

Marcos Nunes tem sonhos a curto e longo prazo. Inicialmente, o maior desejo é subir de divisão com o EC São Bernardo. Seu time está em sexto entre 20 clubes na primeira fase - os oito primeiros vão para o mata-mata, onde só os finalistas serão promovidos. Já para os próximos anos, a meta é finalmente dar uma casa própria para a sua mãe, que segue morando em Manaus:

"Minha infância foi dura. Passei necessidades, já dormi até em banheiro. É difícil de lembrar, de falar sobre isso, fica engasgado. Meu pai é músico e minha mãe trabalha como assistente social. Fui filho único, mas a vida era difícil demais. Meu sonho é dar uma casa para minha mãe e depois comprar uma casinha para mim, para eu viver melhor. Estou buscando meu espaço, me dedicando. A caminhada nunca foi fácil, mas eu nunca desisti dos meus sonhos.