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Destaque do Boavista, Rafael garante: 'Fla é favorito, mas estamos motivados e vamos lutar'

16/02/2018 08h00

O desejo de conduzir o Boavista ao inédito título da Taça Guanabara passa pelas mãos de Rafael. Herói da equipe na semifinal da competição, ao conter o ímpeto do Bangu e garantir o empate em 2 a 2, o goleiro não mede palavras ao falar sobre como chega à decisão diante do Flamengo:

- Vivo a minha melhor fase como jogador. Estou trabalhando muito, muito no Boavista. Sei que tive muitos altos e baixos na carreira, batalhei para mudar, e consegui, estou em um bom momento para passar toda segurança à equipe.

Em entrevista exclusiva ao LANCE!, o jogador de 33 anos traça uma retrospectiva de tudo o que viveu até chegar ao clube de Bacaxá. E mostra como está sua confiança perto da decisão da Taça Guanabara, contra o Flamengo:

- Sabemos que todo o favoritismo é do Flamengo. Mas estamos motivados, lutamos muito para chegar até aqui. Nada caiu nas nossas mãos por acaso, com facilidade.

Confira abaixo o restante do bate-bola de Rafael com o LANCE!.

BATE-BOLA

RAFAEL

Goleiro do Boavista

Como foi a sensação de se tornar um dos responsáveis pela classificação do Boavista à decisão da Taça Guanabara?

Ah, foi uma coisa muito boa. Um alívio, porque a gente estava muito pressionado, teve o resultado na mão, deixou o empate e sofreu uma pressão intensa do Bangu. Mas valeu, conseguimos a vaga e agora é lutar pelo título.

O que contribui para o Boavista surpreender e chegar à final na Taça Guanabara?

O fato da gente ter começado a pré-temporada em novembro, com um elenco mesclado entre atletas de clubes modestos e uma série de jogadores "cascudos". como o Gustavo, o Júlio César, Fellype (Gabriel), Leandrão... Ter jogadores que atuaram em time de ponta faz a diferença para a gente ficar com um time mais competitivo e ajudar os mais jovens.

Agora, vocês têm o Flamengo pela frente em uma final. Qual a sua expectativa e de todo o elenco para a partida no Kleber Andrade?

A expectativa é forte. Sabemos da força do Flamengo, que eles são favoritos. Mas o time está bem focado, trabalhou forte inclusive no Carnaval. Batalhamos demais para chegar até aqui, sabemos disso. Estamos confiantes.

Você tem possibilidade de encarar algum pênalti para o Flamengo durante a final. Como faz sua análise dos cobradores adversários?

A gente tem nosso treinador de goleiros, e tem o Eduardo (Allax, técnico), que foi goleiro. Eles vão passar para a gente todas as dicas.

Você está no Boavista desde 2017. Como foi esta caminhada até estar prestes à final da Taça Guanabara?

Desde o início, fui muito bem recebido, e fiquei honrado pelo convite que tive. Ao chegar, o técnico era o Joel (Santana) e o titular ainda era o Felipe. Foi importante vários jogadores de ponta darem a cara a tapa, querendo dar destaque ao Boavista. Depois, passei a ser titular e ganhei a Copa Rio no segundo semestre, que é muito difícil. Aqui a gente tem trabalhado bastante, no dia a dia, para se firmar e garantir sempre um bom trabalho.

Em 2008, você esteve no elenco que levou o Itumbiara ao título goiano. Dez anos depois, pode levar ao Boavista a uma conquista inédita na história. Como foi a conquista lá em Goiás há dez anos? Vê semelhanças entre aquele Itumbiara e o atual Boavista?

Ah, no título do Itumbiara, a gente via também vários jogadores com carreiras de qualidade unidas em busca de um feito inédito. A gente era treinado pelo Paulo César Gusmão, um cara muito bom. Na época eu era reserva do Sérgio (goleiro que atuou por clubes como Palmeiras no início década de 1990 e Flamengo), no ataque tinha o Basílio (ex-Palmeiras)... Da mesma forma que a gente aqui no Boavista. É mais uma motivação para a gente lutar no domingo para tentar conquistar o título.

Depois do título no Itumbiara, você se transferiu para o Vasco, mas experimentou uma situação amarga: a do descenso em uma Série A. Como acha que foi sua passagem na Colina?

É, lá no Vasco, a gente não foi muito feliz em campo. Mas, particularmente falando, não dei continuidade. É uma coisa que vários jogadores fazem por atitude de empresário. Acabei saindo logo no início do ano seguinte para acertar com o Fluminense.

Você saiu de maneira conturbada no Vasco, dispensado sob acusação de indisciplina durante a pré-temporada em 2009, no Espírito Santo. Imagino que isto lhe deixe frustrado até hoje...

Sim, com certeza, muito chateado. Caso fosse hoje, com a experiência, por tudo o que vivi no futebol, não teria saído assim. Mas tenho que agradecer ao Vasco, pela porta que me abriu (NR.: no mesmo caso, o Cruz-Maltino dispensou o goleiro Anderson, que teria cometido ato de indisciplina com Rafael).

E como foi o período no qual esteve no Fluminense?

Só tenho a agradecer ao Fluminense. Lá, Joguei muitas vezes. Fui titular na arrancada do rebaixamento em 2009, quando falavam que a gente tinha 99% de chances de cair, e na equipe que foi à final da Sul-Americana. É um grupo que só tenho a agradecer. Depois, fiz parte do elenco tetracampeão brasileiro, é um privilégio para minha carreira. Foi um sonho defender dois gigantes do futebol nacional, como o Vasco e o Fluminense.

Você sempre lutou muito para conseguir titularidade na meta. Foi concorrência pesada em clubes como Vasco, Fluminense. Depois, no Atlético-GO também teve de lidar com a disputa com um ídolo de lá. Como é pra você encarar desafios assim?

Pois é, eu cheguei lá no Atlético-GO tinha o Márcio como titular. Lutei muito, mas não consegui me firmar direito. Agora, nunca me senti para baixo. Sempre tive de matar um leão por dia, mas eu vou e batalho. Independente de ser titular, reserva...

Em seguida, você passou por clubes como Ipatinga, Grêmio Barueri, até voltar ao futebol carioca. Como foi este retorno ao Rio?

Fiquei oito meses parado antes da minha ida para o Bangu, cheguei sob desconfiança. Mas sempre dei meu máximo, trabalhei muito e me destaquei no Estadual. Depois de uma passagem no exterior, voltei ao Brasil e acertei com a Cabofriense, onde trabalhei muito.

Em seguida, você foi para o Macaé... Como foi este desafio lá no clube?

No Macaé, eu cheguei para disputar a Série B. A equipe vinha em uma fase muito ruim, foi uma luta muito difícil... É sempre complicado assumir responsabilidade em um clube que está assim. Mas já era um cara maduro, já tinha entrado como titular em situações turbulentas (à época, ele chegou para ocupar a posição deixada por Ricardo Berna). Batalhamos ao máximo, sei que fiz tudo o que pude, mas a gente não conseguiu, e amarguei mais um rebaixamento (além do descenso no Vasco, em 2008, no ano de 2012 ele era titular no Grêmio Barueri que teve queda na Série B).

Antes de ir para o Boavista, você teve passagens pelo Nordeste, em clubes como CSA e Sampaio Corrêa. O que achou de seu período nestes clubes?

No CSA, não tive muita chance, acabei ficando muito pouco. Lá no Sampaio Corrêa, disputei a Série B, mas o nosso time não estava legal, não funcionava. Saí bem antes. Desde o ano passado, o Boavista me abriu as portas. Aqui foi muita batalha, mas a cada dia, me sinto mais realizado.