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Túlio Maravilha e Romário alertam sobre comemorações provocativas

20/02/2018 17h03

Comemorações polêmicas voltaram a ser destaque dentro dos campos e na mídia nas últimas semanas. Após o episódio do "chororô" de Vinícius Junior na semifinal da Taça Guanabara contra o Botafogo, Bahia e Vitória protagonizaram um clássico sangrento no último domingo. Depois de marcar um dos gols da partida, o atacante Vinícius comemorou fazendo o "créu" em frente a torcida do Vitória, no Barradão, ato que deu início a uma briga generalizada entre jogadores das duas equipes. O clássico, que começou com a promessa de paz, chegou ao fim 11 minutos antes do tempo regulamentar e com sete jogadores expulsos.

Apesar do momento de rivalidade à flor da pele, não é difícil recordar comemorações que empolgavam a torcida nas arquibancadas, como Bebeto com o tradicional "embala neném", criado para homenagear o filho Mattheus, e Pelé, com o soco no ar, que jamais ofendeu ou machucou um rival. Também cabe destaque às histórias mais "recentes", casos da comemoração de Túlio Maravilha comendo grama ao marcar um gol pelo Glorioso, na final do Brasileirão de 1995, contra o Santos, e Romário pedindo silêncio aos torcedores que criticavam seu desempenho quando balançava as redes pelo Vasco.

Em entrevista ao LANCE!, Túlio Maravilha e Romário, ídolos do futebol pela irreverência em campo e também pelos gestos festivos no ato do gol, mandam um recado para os atletas que buscam se firmar no esporte: a comemoração é válida desde que o respeito seja mantido entre as equipes.

- Qualquer um pode comemorar seu gol desde que não provoque a torcida a ponto de gerar briga e confusão. O jogador que marca, deve comemorar e o futebol brasileiro é assim, é catimbado. As pessoas gostam de zoar e isso deve ser levado na esportiva, mas é vista de outra forma dependendo da rivalidade dos times que estão em campo. A forma de se comemorar vai pela emoção do momento. Gestos obscenos geram revolta em campo e na torcida mesmo, então devem ser evitados principalmente porque geram punição seguindo a regra da CBF - disse o Baixinho.

Destaque no Botafogo e autor do gol que deu o título do Campeonato Brasileiro de 1995 à equipe, Túlio Maravilha afirma que o caminho para evitar confusões é abusar da criatividade na hora de festejar.

- Estou triste e indignado porque qualquer comemoração que o jogador faz hoje, o torcedor e às vezes até os próprios atletas adversários levam para o outro lado. Tem uma frase típica da minha carreira que diz: "O perdedor justifica e o ganhador comemora". Então, quando se ganha ou faz um gol, tem que comemorar e extravasar mesmo. Claro que isso deve ser feito com respeito, sem gestos obscenos para a torcida ou membros do clube. O futebol já está chato e sem graça e o torcedor quer ver gols. As comemorações dependem de cada jogador. No meu caso, eu fazia gols e dava nome a eles, homenageava papai, mamãe, coelhinho da Páscoa, dia de feriado... Tem que usar a criatividade. Hoje, com a internet, tem várias maneiras de você se inspirar para comemorar um gol.

O ex-atacante também destaca que a rivalidade em campo deve ser saudável e não sinônimo de violência, alegando que provocações precisam ser vistas apenas como combustível para não faltar dedicação dos times em campo.

- O pessoal está muito rígido e essa rivalidade acaba passando para os torcedores. É aquela frase também "apelou? Não brinca". Tem que saber ganhar e perder. E na hora que perde, você tem que aturar a zoação e chacotas, usando isso como combustível, porque no próximo confronto será a hora de dar o troco, aí a coisa volta a ficar legal e engraçada como nos bons tempos - finalizou o ex-atacante.

Cabe ressaltar que, de acordo com a Regra 12 da CBF, a punição acontece caso o atleta suba equipamentos de proteção ou lugares onde estão espectadores e em comemorações vistas como "provocativas, debochadas ou inflamatórias". Também está prevista advertência para quem cobrir o rosto com máscara ou artigo semelhante, e para o jogador que tirar a camisa ou cobrir o rosto com ela.

RELEMBRE COMEMORAÇÕES DE GOLS QUE DERAM O QUE FALAR

Grama sem talher

Após marcar o Gol do Título Brasileiro de 1995, Túlio Maravilha comemorou comendo grama. O jogo realizado no estádio do Pacaembu marcou a Final contra a equipe do Santos e terminou com o empate em 1 a 1. O Botafogo já havia vencido o primeiro duelo no Rio de Janeiro por 2 a 1 e, mais tarde, Túlio acabaria como principal artilheiro do campeonato daquele ano com 23 Gols.

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Segure o tchan!

Em 1996, durante uma partida contra o Fluminense, Romário, que defendia o Flamengo, não poupou provocações aos torcedores rivais. Polêmico, o jogador iniciou suas comemorações com o dedo do meio e terminou com um gesto bem parecido com o famoso "créu". Entretanto, o Baixinho afirmou em entrevista após a partida, que a comemoração foi apenas a coreografia da música "Segure o Tchan", do grupo É o Tchan! Curiosamente, Edmundo, que havia feito o gesto anteriormente, foi punido com 40 dias de suspensão.

O atacante Vinícius, do Bahia, repetiu a "dança" de Romário diante da torcida do Vitória no último domingo. Inconformado, o goleiro Fernando Miguel foi tirar satisfação e a partir daí, a briga começou. O clássico, que começou com a promessa de paz, chegou ao fim 11 minutos antes do tempo regulamentar e com sete jogadores expulsos. Nesta segunda-feira, a FBF (Federação Baiana de Futebol) decretou a vitória do Bahia pelo placar de 3 a 0. Na súmula da partida, o árbitro Jaílson Macedo de Freitas declarou que foi preciso encerrar a partida aos 35 minutos porque o Vitória ficou com menos de seis jogadores em campo após a confusão.

La Celebración de 'La Cucaracha'

Em um jogo contra o Alavés, pela temporada 2005/06 do Campeonato Espanhol, Ronaldo marcou um dos gols da vitória do Real Madrid e, na comemoração se juntou a Robinho e Roberto Carlos e os três imitaram uma barata. A comemoração chamou tanto a atenção que virou capa do jornal Marca, que deu o nome de "La Celebración de 'La Cucaracha'" ao episódio. Quem não ficou feliz foi o presidente do Alavés, Dimitry Piterman, que disparou: "Se eles fossem jogadores do Alavés, teriam as suas cabeças exterminadas. Eles agiram como palhaços de circo".

Chororô

Pela semifinal da Taça Guanabara 2018, Flamengo e Botafogo protagonizaram uma partida que deu o que falar. Após marcar um dos gols da vitória do Rubro Negro por 3 a 1, o atacante Vinícius Júnior comemorou o feito com uma provocação aos torcedores alvinegros: o "chororô". O gesto foi indigesto para a diretoria e os amantes do clube de General Severiano, que acabou vetando a disputa da final da competição no Estádio Nilton Santos.

O gesto de Vinícius Júnior foi criado pelo atacante Souza. Na ocasião, o Flamengo vencia o Botafogo na final da Taça Guanabara e Vini (Souza) aproveitou a rivalidade para provocar os alvinegros, relembrando a coletiva de imprensa em que jogadores, o técnico Cuca e o presidente da época, Bebeto de Freitas, apareceram com os olhos marejados. O gesto ainda foi repetido no mesmo ano por Leonardo Moura e Obina e relembrado por Hernane Brocador e André Santos em 2013.

Valsa de Eduardo Sasha

?Na conquista do hexacampeonato gaúcho de 2016 pelo Internacional, o atacante Eduardo Sasha aproveitou a festa colorada para provocar o Grêmio, vice-campeão, dançando valsa com a bandeirinha de escanteio, em alusão aos 15 do Tricolor sem um título de expressão.

Olha a bomba!

?Na final do Campeonato Mineiro de 2013, o atacante Ronaldinho Gaúcho fingiu jogar uma granada na torcida do Cruzeiro após marcar o único gol do Galo na partida. Apesar de a Raposa ter vencido a partida por 2 a 1, o Atlético-MG ficou com a taça, por ter marcado 3 a 0 no jogo de ida.

Samba no escudo do rival

?Nas quartas de final do Campeonato Brasileiro de 2002, o Santos eliminou o São Paulo ao vencer a partida de volta por 2 a 1, depois de garantir o placar de 3 a 1 no jogo de ida, e o meia Diego, autor de um dos gols da vitória do Peixe comemorou o feito dançando em cima do escudo do Tricolor, no Morumbi.

Dança da bundinha

?Famoso pela habilidade em campo, mas também por polêmicas, Edmundo ficou marcado pela reboladinha que deu antes de sair com a bola pela lateral na frente do zagueiro Gonçalves do Botafogo, quando o Vasco vencia o Alvinegro por 1 a 0 no primeiro jogo da final do Campeonato Carioca de 1997.

Ronc! Ronc!

?Na final do Campeonato Paulista de 1993, o atacante Viola, que defendia o Corinthians, marcou o da vitória do Timão, por 1 a 0, sobre o Palmeiras e imitou um porco em sua comemoração. Esta não foi a única vez que o jogador utilizaria o mascote do rival para provocá-lo. Em 1998, com a camisa do Santos, Viola imitou um leão, mascote do Sport, ao marcar um dos gols da vitória por 3 a 0 que garantiu a classificação do Peixe.

Máscaras

?Destaque do Palmeiras no fim da década de 1990, Paulo Nunes revolucionou o formato de comemorações da época. Veloz em campo e polêmico, o atacante usou máscara de Tiazinha e véu de Feiticeira para homenagear duas dançarias famosas no período. Outro caso que também chama a atenção no histórico do jogador foi quando o Verdão venceu a Copa Libertadores e garantiu vaga no Mundial de Interclubes, realizado no Japão, e Paulo Nunes vestiu-se de gueixa. Mas nenhuma dessas máscaras ficou tão famosa quanto a do porquinho, que o atleta usou no Paulistão de 1999, quando marcou um gol contra o Corinthians.