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Ramires fala de gol sobre o Barcelona em 2012: 'Mais lembrado que o título'

14/03/2018 07h30

Barcelona e Chelsea definem nesta quarta-feira, às 16h45 (de Brasília), o último classificado para as quartas de final da Liga dos Campeões. O duelo será no Camp Nou e, após o 1 a 1 em Stamford Bridge na ida, os catalães têm a vantagem de poder empatar sem gols para avançar.

As duas equipes já se enfrentaram cinco vezes nos mata-matas da Liga dos Campeões. A superioridade é do Barcelona, que avançou em três ocasiões. No entanto, o último embate deixou o lado azul de Londres mais feliz.

No jogo de ida em 2012, o Chelsea venceu o Barcelona por 1 a 0, gol de Didier Drogba, e poderia empatar na Espanha. No Camp Nou, os catalães abriram 2 a 0, tinham um a mais - Terry havia sido expulso -, mas não contavam com a agilidade e técnica de Ramires, que avançou e deu uma cavadinha sobre Victor Valdés. Messi ainda perdeu um pênalti. Fernando Torres fez outro nos acréscimos, garantindo o 2 a 2 e a classificação. No fim das contas, os Blues faturaram o único título da Liga dos Campeões de sua história.

- Foi, ao lado de disputar duas Copas do Mundo, a maior emoção da minha carreira. A sensação que vivi é indescritível. Esse momento vai ficar marcado para sempre na minha vida e na história do Chelsea. Eu costumo falar que o gol foi tão importante que as pessoas que vem falar comigo perguntam dele e não do título da Champions. É muito gratificante olhar para trás e ter certeza de que você fez história, que você eternizou sua passagem por um clube. Sou muito grato a Deus por isso - disse Ramires, em entrevista exclusiva ao LANCE!.

VEJA ENTREVISTA EXCLUSIVA COM RAMIRES

Em 2012, o Chelsea perdia por 2 a 0 e tinha um a menos, com a expulsão do John Terry. Como foi superar a força do Barcelona e da torcida em sua casa? Passou na cabeça de vocês que a classificação estaria comprometida?

As coisas aconteceram naquele dia meio que no automático. Quando a gente tomou o segundo um olhou meio que para o outro, mas ai não tinha muito o que pensar. Aquele nosso time era muito guerreiro. Enquanto houvesse chance, nós iríamos lutar e acabou que as coisas aconteceram. Messi ainda perdeu o pênalti e aí o gás que a gente precisava para suportar até o final veio. Foi um jogo daqueles que só o futebol consegue proporcionar.

O que o Chelsea precisa fazer na Espanha para sair mais uma vez com a vaga na Liga dos Campeões? Qual deve ser a postura em campo para frear Messi, Suárez e cia?

Vai ser tão difícil quanto foi o jogo da ida. O Barcelona tem um grande time, mas o Chelsea também tem jogadores rodados com muita qualidade. Não é segredo para ninguém que a minha torcida é para os meus grandes parceiros do Chelsea. Estou apostando em mais um gol do meu amigo Willian. Vou torcer muito para isso, para que mais uma história vitoriosa do Chelsea aconteça.

Você se arrepende de ter trocado o Chelsea pelo Jiangsu Suning? A experiência no futebol chinês tem sido positiva para você?

Sendo bem sincero, não estava nos meus planos deixar o Chelsea naquela época e daquela maneira. Foi uma questão de momento, uma oportunidade que acabou aparecendo quando eu não vinha recebendo oportunidades lá, e eu achei, em conjunto com as pessoas que cercam a minha carreira, que era a melhor opção aceitar esse desafio. Era uma situação que me colocava como peça fundamental de um grande projeto e que resolvia minha vida em termos financeiros. Eu tive que levar isso tudo em conta. Vivendo o que eu estava vivendo na época, eu acredito que faria novamente. Por isso, não me arrependo. Aprendi muito aqui e sou grato pela maneira que eu e minha família somos tratados pelo povo chinês.

O Jiangsu Suning fez uma temporada aquém das expectativas em 2017, ficando na modesta 12ª colocação. O que deu errado para o clube? O que faltou para ir melhor?

Foi um ano realmente um pouco complicado para nossa equipe, onde o time acabou não encaixando e conseguindo os resultados que tínhamos condições de alcançar. Para mim foi bastante difícil passar por esse momento, já que eu sou um cara muito competitivo, gosto sempre de estar brigando por títulos, como, graças a Deus aconteceu em toda minha carreira. Foi até uma temporada boa individualmente falando, mas o objetivo maior é sempre o coletivo. Tomara que 2018 possa ser melhor nesse sentido.

Apesar do time ter ido mal na última temporada, você teve números de artilheiro, com 11 gols em 31 jogos. Como você se encaixa no esquema do Jiangsu Suning? Tem total liberdade para chegar ao ataque?

Esse ano que passou eu joguei por algumas vezes mais solto, outras como segundo volante, que é minha posição de origem, e algumas vezes até como zagueiro. Dependia bastante da formação, da opção do treinador. Eu sempre fui reconhecido por ser versátil e eu mantenho essa característica. Normalmente tenho jogado mais solto, com liberdade de chegar, e é dessa maneira que eu me sinto mais a vontade, até para poder explorar a facilidade que eu tenho de fazer a transição entre o meio e o ataque.

Você está em sua terceira temporada no futebol chinês. O que você viu de mudança ao longo destes três anos?

A mudança maior que tenho visto é em termos de planejamento e estrutura. Ele começaram a entender melhor a estrutura que uma grande equipe de futebol precisa ter, não só em relação a ter um espaço físico adequado, mas também em termos de ter o pessoal adequado para fazer a coisa andar. A chegada dos brasileiros e de outros estrangeiros aqui deu a dimensão para eles do que era preciso para evoluir nesse sentido, já que vontade de aprender e condições para fazer isso não falta aos chineses.

O Jiangsu Suning pertence ao mesmo grupo que controla a Inter de Milão. Na imprensa europeia, surgiu a especulação de que você e o Alex Teixeira poderiam defender a equipe italiana. Isso realmente ocorreu? O que faltou para concretizar? Você aceitaria com bons olhos voltar à Europa?

Muito se foi falado sobre isso essa questão da Inter de Milão, mas a verdade é que ninguém da diretoria me passou algo concreto até esse momento. Eu vou fazer 31 anos agora e acho que ainda tenho muito para viver no futebol. Tenho essa vontade de voltar para a Europa um dia, mas trato isso como algo que vou deixar para pensar melhor somente na hora certa. Meu foco nesse momento está em ajudar o Jiangsu e preciso respeitar o clube que visto a camisa e o meu contrato. Esse é o meu presente e é nisso que me agarro agora.

O seu nome chegou a ser ventilado no Brasil para defender o Flamengo? Chegou alguma proposta para você? Como foi a negociação?

Falei em alguma oportunidade que o Flamengo é o clube pelo qual eu torcia na minha infância e pelo qual muitos dos meus amigos torcem, e acho que por isso que acabou acontecendo essa especulação, pelo vontade do torcedor de me ver lá e tudo mais. Mas a verdade é que não chegou nada de concreto, nem para mim, Jiangsu ou meus representantes. Um dia vou voltar para o Brasil. Se o Flamengo tiver o interesse em me contratar, vai ser ouvido com carinho, assim como todas as grandes equipes do país e, principalmente, o Cruzeiro, clube pelo qual nunca escondi de ninguém que tenho muita admiração e vontade de voltar a jogar, assim como o Joinville. Vamos ver o que acontecerá no futuro. Por agora, como falei, é cabeça 100% voltada ao Jiangsu.