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Zagueiro do Novorizontino supera lesão, ajuda em arrancada e crê em vaga na semi: 'Sabemos ser possível'

17/03/2018 07h45

Uma das principais contratações do time, escolhido como capitão, pilar da zaga e esperança nas bolas paradas. Esse era o status de Anderson Salles quando chegou ao Novorizontino ainda no ano passado, mas logo na primeira rodada do Paulistão uma lesão o tirou de boa parte da competição estadual. Mesmo assim, o zagueiro voltou a tempo de participar da arrancada do time rumo à conquista da vaga nas quartas de final do Paulistão.

- Eu tive uma fratura na costela no primeiro jogo contra o Mirassol. Foi triste, a gente treina, trabalha desde dezembro, projetando o Campeonato Paulista, que é um campeonato difícil, mas tive paciência de tratar com calma, tive uma lesão que não tem o que fazer, não tem como imobilizar, era o tempo da cicatrização e fiquei tratando no clube, além de treinar a parte que não tem contato e a partir do momento que eu não estava sentindo nada, já fazendo os movimentos, comecei a voltar aos treinos e graças a Deus eu consegui ajudar a equipe nesta reta final - falou Anderson em entrevista ao LANCE!.

Já 100% e com a posição recuperado no sistema defensivo do time de Novo Horizonte, o ex-zagueiro do Vasco não terá sossego tão logo, uma vez que o próximo desafio será contra o Palmeiras, melhor campanha da primeira fase do Paulistão. No entanto, Salles vê o fator casa como um possível diferencial em favor da equipe do interior.

- É um jogo importante, que vai estar todo mundo assistindo, acho que até para a nossa projeção, a gente sabe da dificuldade que vai encontrar, a equipe do Palmeiras é muito qualificada, não é à toa que tem o melhor elenco do Brasil, então a gente procurar trabalhar bastante, minimizar os erros, saber explorar os pontos fracos do time deles e sair aqui de casa com um bom resultado, vai contar muito a gente fazer uma boa partida dentro de nossos domínios - analisou.

Experiente, com um título paulista na bagagem e sabedor do trabalho de Doriva desde a conquista com o Ituano, em 2014, Anderson Salles observa semelhanças entre as duas situações e tenta passar conselhos aos companheiros de elenco.

- A gente conversa sempre, é um grupo muito bom formado pelo professor Doriva, um cara com quem eu fui campeão no Ituano, joguei com ele no Vasco e é um treinador que mantém a gente com os pés no chão. O que eu tento passar para a rapaziada é para a gente acreditar, como foi em 2014, que ninguém acreditou que a gente seria campeão e faria frente aos grandes, mas fomos chegando quietinhos, acreditando na gente, trabalhando, sabíamos da dificuldade, das nossas limitações, mas buscávamos os pontos fracos dos adversários e tentávamos surpreender - relembrou.

A passagem de fase para a semifinal do torneio parece ser difícil diante de um poderoso adversário que decide o confronto no Allianz Parque, porém o que não falta a Anderson e seus colegas é confiança.

- Lógico que confiamos, a gente tem que acreditar, futebol é sempre 11 contra 11, a gente tem que trabalhar bastante, fazer uma semana muito boa de treinamento, estar muito focado, porque aí a gente tem grandes condições. Como eu falei, a gente tem que saber das nossas limitações, mas também saber que é possível - concluiu.

Novorizontino e Palmeiras se enfrentam neste sábado, às 19h, pela partida de ida das quartas de final do Paulistão, em Novo Horizonte.

Confira a entrevista completa de Anderson Salles, zagueiro do Novorizontino:

Essa boa campanha do Novorizontino era esperada por vocês ou foi uma surpresa?

A gente sempre se preparou para fazer uma campanha boa, lógico que você coloca os quatro grandes como favoritos para as quatro primeiras posições e depois vem os times do interior brigando. Quando a gente teve a oportunidade, a gente batalhou muito, aí quando chegou nessa reta final, coincidiu que a gente ganhou os jogos e os times de cima deram uma patinada, foi nesse momento que a gente passou a acreditar mais, mas a meta desde o começo era classificar em segundo, independentemente da posição que ficaríamos no geral.

O que você vê no clube que explica esse sucesso em dois campeonatos consecutivos?

Acho que o diferencial é o clube contar com pessoas do bem, é um clube muito correto, do interior, que tem suas limitações como todos os outros, mas acho que o mais importante é a seriedade das pessoas que trabalham aqui. O que é tratado com você, é seguido à risca, não tem conversa, não é como em outros clubes que o cara fica seis meses, um ano sem receber, ou muitas vezes trabalha dois ou três meses para receber um, enquanto aqui o salário é rigorosamente em dia, e eles dão as condições necessárias para a gente trabalhar. Tem CT, tem um estádio muito bom, acho que o que faz o clube chegar adiante é a seriedade das pessoas que dirigem o clube. E os jogadores acabam comprando a ideia, porque com respaldo do lado de fora, torcida, cidade aconchegante, pequena, que todo mundo torce pelo time, isso tudo faz com que o jogador abrace a ideia.

Em alguns jogos do Paulistão o campo de vocês ficou encharcado. Isso prejudica o jogo do time também...

Sim, com certeza, porque a gente treina em um campo muito bom, mas aí começa a chover, como aconteceu na Copa São Paulo, e o campo fica muito ruim mesmo. No jogo contra o Santos choveu bastante e ficou cheio de poça. Para a gente atrapalha, para qualquer outra equipe atrapalha, a bola não corre normalmente. Nossa equipe é muito leve, dois caras de beirada muito rápidos, trabalhamos muito bem a bola, então dificulta bastante para nós.

Na partida contra o Santos você teve uma discussão com o Jean Patrick...

Foi uma discussão de jogo, a gente quer vencer, ele quer vencer, eu quero vencer, cobrança normal de jogo, que todo jogo tem, como eles cobram da gente lá atrás, a gente cobra dos caras da frente, assim como eu cobrei o Jean Patrick e ele acabou se estressando um pouco, mas é um cara que gosta de vencer, se a gente se cobrar lá dentro e se abraçar no vestiário, ótimo, ruim é ficar calado lá dentro e perder os jogos.

Era um jogo importante, ninguém queria perder...

Jogo da classificação, que se a gente ganhasse já estaria classificado com antecedência, estava todo mundo pilhado por ser contra time grande, podendo garantir vaga, então estávamos todos pensando no mesmo objetivo.

O que você pensa sobre a venda do mando de campo pelos clubes menores?

Como jogador, é difícil a gente falar, mas a gente quer jogar sempre no nosso estádio, se a gente pega um jogo, leva daqui para São Paulo, com certeza o nosso público seria menor, seria maior o do clube grande. Com relação a jogar em casa, a gente treina aqui, conhece o campo, tem todo um clima, além disso é uma região mais quente do que em São Paulo, e a gente está acostumado. Tem a torcida também, como já falei, a cidade abraça o clube. Geralmente quando o clube grande vai para o interior, tem mais torcida deles, aqui é diferente, tem mais torcida nossa.

Vocês já estão estudando o Palmeiras há algum tempo?

A gente sabe desde o começo do campeonato que uma vaga é do time grande, e a outra os times pequenos ficam brigando, mas a gente assiste bastante jogos, tanto do Paulistão deste ano como no Brasileirão do ano passado. Do Palmeiras a gente assistiu muitos jogos, é uma equipe muito qualificada, mas temos um estafe muito bom, que passa tudo isso para a gente, de uma forma mais mastigada. Por ser jogador, a gente acaba assistindo muitos jogos.

Em 2014 você quase foi jogar no Palmeiras, por que não deu certo?

Depois que o Paulistão acabou, foram várias especulações do Palmeiras, ficou aquele vai não vai, aí meu empresário teve uma conversa muito boa com o Vasco, naquele momento ele optou por ir para lá, clube que fiquei por dois anos, fui muito feliz, gostei muito de jogar lá, mas foi mais a questão de não ter uma proposta concreta.

Te incomoda ser lembrado como um zagueiro que bate faltas?

Não, acho que faz parte, até porque eu fiz bastante gols pelos clubes que passei, por isso tem mais essa referência, mas eu procuro trabalhar bastante, fazer minha parte ali atrás, às vezes vou lá na frente para bater as faltas, mas o mais importante é estar focado lá atrás, não tomar gols, quando tiver a oportunidade de ir lá na frente e concluir em gol. A gente fica feliz e isso não me incomoda muito não.

Qual é o mérito do Doriva nessa façanha?

É um cara muito honesto, um cara que trabalha sério no dia a dia, não fica de conversinha, fala na sua cara, se está bem ele elogia, mas tem que estar sempre melhorando, procura incentivar o jogador, se o cara estiver mal ele fala na frente, esse é um ponto legal dele. Além disso é a relação que ele tem com o grupo, ele não fica só com os caras que estão jogando, ele trata todo mundo realmente igual e é um cara muito bom.