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Técnicos da mesma escola, Carille e Roger deixam Dérbi em clima de paz

31/03/2018 08h00

Os Dérbis que decidirão o Campeonato Paulista de 2018 devem ter clima de paz absoluta, pelo menos entre os dois treinadores. Fábio Carille, o mesmo que ficou chateado por ter sido ignorado pelo são-paulino Diego Aguirre antes do primeiro jogo da semifinal, tem boa relação com Roger Machado.

Os dois finalistas se cumprimentaram muito antes de chegarem à Arena Corinthians, palco do jogo de ida, às 16h30 deste sábado. Ambos se encontraram na sede da Federação Paulista na quinta-feira, atenderam à imprensa sentados lado a lado, concordaram que cada rival tem 50% de chances de ser campeão e foram embora juntos.

- Foram dez minutos de carona, pedi para o Carille me deixar em casa. O tempo e a rotina não nos permitem sentar para tomar café, bater papo descontraído, mas o clima não é de animosidade. Gostaria de conversar com ele, perguntar da estratégia para o jogo, mas preferi só agradecer a carona (risos) - disse Roger.

- O Palmeiras está com o salário atrasado, ele teve que vender o carro, estava a pé... Por isso a carona - disse Carille, em evidente tom de brincadeira, ao ser questionado sobre o assunto.

O técnico do Corinthians contou que já nutria uma admiração por Roger antes de conhecê-lo de perto. O responsável por isso talvez seja o maior elo entre as carreiras dos dois treinadores: Tite, que acabou sendo uma espécie de mentor de ambos.

- Eu respeito muito o Roger sem ter uma proximidade com ele. Trabalhei cinco anos e meio com o Tite e com o Cleber Xavier e eles falavam muito da pessoa do Roger. Não falavam do profissional porque, até então, ele não era técnico, só na fase final do Tite aqui. Sempre falavam muito bem, e isso eu falei para ele. Temos respeito um pelo outro - acrescentou o corintiano.

É possível dizer que a final estadual deste ano vai opor dois nomes da "escola Tite". A relação do atual técnico da Seleção Brasileira com Roger Machado veio antes, ainda no Grêmio, quando o palmeirense ainda era jogador. Tite deu a ele um disquete com um programa de tática e disse que o futuro estava ali. Depois, já admirador do trabalho do antigo pupilo à frente do Grêmio, o indicou para substituí-lo no Corinthians após o convite da CBF.

A negociação não se concretizou e, curiosamente, o primeiro profissional a se fixar no cargo pós-Tite foi Fábio Carille, efetivado após anos como auxiliar e tentativas frustradas da diretoria com Oswaldo de Oliveira e Cristovão Borges.

Nos Dérbis, quem chegou primeiro foi Carille. Já dirigiu o Corinthians em quatro confrontos contra o rival e venceu os quatro. O último deles, na primeira fase do Paulistão deste ano, foi o primeiro de Roger: 2 a 0 para o lado alvinegro.

- O mais marcante para mim é o primeiro clássico (1 a 0, no Paulistão do ano passado), onde todos passaram a ver a equipe do Corinthians de forma diferente do que viam até aquele momento. Com certeza é esse, mas lembro muito bem de todos - disse Carille.

- A dificuldade daquele primeiro momento nos dá elementos para estarmos mais adaptados e melhor preparados para o esquema do adversário neste segundo confronto. É um dos maiores clássicos do mundo jogado em um momento decisivo. A história conta encontros memoráveis e essa especialmente será uma final quase 20 anos depois do último encontro em decisões (1999). Todos esses elementos juntos já dão o tom do que vamos vivenciar a partir deste domingo. É currículo importante. Decisões como essas vão, somadas, contando a história do profissional - emendou Roger.

Após o confronto deste sábado, os rivais voltarão a se enfrentar domingo que vem, às 16h, no Allianz Parque.