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Números e classificações no ano não amenizam os problemas do Santos

25/05/2018 06h00

Optar por destacar a classificação em primeiro lugar no Grupo 6 da Libertadores e outros "feitos" na temporada, como vaga garantida nas quartas de final da Copa do Brasil, é um grande erro ao falar sobre o Santos. Não é possível ignorar os muitos problemas apresentados durante o jogo da última quinta-feira, contra o Real Garcilaso, do Peru, na Vila Belmiro, e em tantos outros no ano. Falta organização, compactação, criatividade e uma ligação entre os setores do Alvinegro. Na Vila, sobraram erros e tentativas frustradas de incomodar o adversário e abrir o placar.

Para se ter uma ideia, contra o time peruano, foram 50 cruzamentos tentados pelo Alvinegro e apenas nove acertos - em determinado momento, a estratégia parecia ser tocar a bola aos alas para que a mesma fosse alçada na área. Segundo o técnico Jair Ventura, o fundamento foi o menos treinado durante a semana, o que chama ainda mais a atenção, tamanha a insistência.

Ainda de acordo com o Footstats, foram 17 finalizações para longe do gol e apenas sete com destino certo - nenhuma, é bem verdade, terminou em gol. Sem sucesso ao tentar infiltrar a defesa do time peruano, o Peixe optou por chutes de média distância e frustrou o torcedor.

Existe no trabalho de Jair Ventura uma espécie de obrigatoriedade velada em falar a respeito de DNA ofensivo. É quase como se fosse proibido o Santos assumir outra postura em campo. O problema é que o time não parece estar preparado para cumprir o que se vê obrigado a fazer: atacar.

No jogo da Vila, o Peixe teve praticamente os 90 minutos - e 72% de posse de bola - para incomodar o adversário e se mostrou afoito na construção das jogadas. Quando chegou, pareceu mais um acaso inerente à disputa de um jogo do que repertório.

É bem verdade que Jair não recebeu o reforço tão desejado para articular melhor seu meio-campo - e a própria diretoria aponta isso como um erro de gestão. Mesmo assim, é preocupante a falta de evolução do Peixe na temporada. O time não se conecta e, consequentemente, não cria. Um meia armador não resolverá os problemas de maneira imediata.

Além de estar há cinco meses buscando arrumar o setor de criação, sem sucesso, Jair encontra dificuldades também no ataque. Sasha era um dos principais destaques da equipe e teve seu futebol em queda depois de mudar de posição. Notoriamente, não se sente à vontade atuando mais centralizado na última linha de ataque e no último jogo mostrou-se um tanto quanto perdido em relação ao próprio posicionamento.

Jair parece não se prender a jogadores titulares e reservas e, sim, busca soluções para a equipe, constantemente em mutação. O problema é que o time ainda não apresenta um padrão de jogo e passa longe de atuações consistentes. Para aliviar a pressão sobre seu trabalho, muita coisa terá de mudar.