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Tri, elogio de Zidane e chute em champanhe: Sávio conta histórias do Real

Sávio levantou o troféu em 1998, 2000 e 2002 - Getty Images
Sávio levantou o troféu em 1998, 2000 e 2002 Imagem: Getty Images

25/05/2018 08h00

O Real Madrid enfrentará o Liverpool, neste sábado, às 15h45, para buscar seu terceiro título consecutivo de Liga dos Campeões. Conquistar o continente europeu em três oportunidades é um feito para poucos, mas alcançado por Sávio, que levantou o troféu em 1998, 2000 e 2002. Com a proximidade de mais uma decisão, o Lance! conversou com o brasileiro, que contou sobre os títulos frente aos Blancos, sua relação com o ex-companheiro Zinedine Zidane e uma história curiosa envolvendo Fernando Hierro...

"Nós ganhamos a Liga dos Campeões na temporada 97-98. Havia uma expectativa grande para o Real Madrid voltar ao topo da Europa. Na semifinal contra o Borussia, nós ganhamos de 2 a 0 no Bernabéu e empatamos em 0 a 0 na Alemanha. Quando passamos à final, lembro que alguém da Uefa colocou duas caixas de champanhe no vestiário para comemoração. O Fernando Hierro, um dos capitães, abriu a porta do vestiário dando um chute nas caixas. Ele disse: "só vamos comemorar se formos campeões. Se não ganharmos a final, essa comemoração não terá valido nada", contou Sávio, ao L!.

A trajetória do atacante no clube espanhol começou em 1997, quando deixou o Flamengo na transferência mais cara do futebol brasileiro na época. Ele se juntou ao brasileiro Roberto Carlos para iniciar a última soberania madrilenha no século. Com três troféus na prateleira, Sávio cita dois como os mais marcantes: o primeiro, que tirou o clube de uma fila de 32 anos sem Liga dos Campeões, e o segundo, onde entrou no minuto 72 da final e deu assistência para o gol marcado por Anelka.

"A sétima Copa da Europa foi muito marcante. Não só para mim, mas para todos os jogadores, para o clube e os torcedores. O Real estava há 32 anos sem ganhar a competição. Você pode imaginar que ficar tanto tempo sem ganhar essa competição é algo impensável. Quando eu cheguei na temporada 97-98, o clube estava justamente 32 anos sem ganhar. Vivíamos uma expectativa muito grande a cada fase que a gente passava. Era uma pressão diária... Foi algo que mexeu muito", e completou:

"Vencemos a final contra a Juventus do Zidane, que era favorita. A de 2000 foi muito especial para mim também. Nós não fizemos um bom Campeonato Espanhol, mas fomos passando de fase na Liga dos Campeões e crescemos. Chegando na decisão contra o Valencia que, acredite, era considerado o favorito. A semifinal em Munique, que eu dei a assistência para o Anelka, que a gente praticamente decidiu o jogo, e o terceiro gol do Raúl na final, que também foi uma assistência minha, foi bem marcante pra mim", contou.

Zidane foi contratado pelo Real Madrid em 2001 e atuou por uma temporada ao lado do brasileiro, que estava no elenco quando o francês acertou um voleio antológico contra o Bayer Leverkusen, determinante para sua terceira Liga dos Campeões. Sávio lembra do contato com craque na temporada que passaram juntos e de um elogio enviado ao Bordeaux, clube para onde se transferiu quando deixou a Espanha.

"Tive o privilégio de ter jogado uma temporada com ele. Nós tínhamos uma relação bem bacana. Zidane sempre foi muito profissional e correto. Pessoalmente comigo também teve uma relação muito bacana, tanto que depois que acabou meu contrato com o Real Madrid e eu fui para o Bordeaux (FRA), ele deu uma entrevista para o L'Equipe dizendo que eles fizeram uma das melhores contratações da história. A única surpresa é ele chegar tão rápido no estágio de treinador do time principal do Real Madrid e, consequentemente, ganhar tudo o que ele ganhou", comentou o ex-atacante.

Confira outros trechos da entrevista do Lance! com Sávio:

LANCE! Como avalia o feito de Zidane de chegar a três finais consecutivas?

Sávio: Chegar a três finais consecutivas de Liga dos Campeões é algo complicado, muito difícil. Isso mostra sua capacidade técnica, de visão e de comando, de comandar um grande clube como o Real Madrid e com grandes jogadores. É muito mérito do Zidane, pela carreira que ele fez como jogador que foi algo extraordinário, e agora se consolidando como treinador.

Outro que chega na terceira final seguida é Cristiano Ronaldo. Como ex-jogador, a visão sobre ele tem superado expectativas, correto?

A visão que eu tenho como ex-atleta do Real Madrid, é um dos maiores jogadores de todos os tempos de futebol. Está ganhando muitos títulos. O coletivo é muito importante, as conquistas que ele teve com Portugal, Real Madrid e Manchester United somam muito. Mas o que ele vem fazendo individualmente há muitos anos é algo extraordinário. São números que confesso que nunca tinha visto, só na época do Pelé.

Cristiano Ronaldo tem quebrado barreiras, de fato...

É um jogador extraordinário, que ganhou tudo nos clubes que passou e na seleção. Vejo que ele é um cara extremamente profissional, que se supera a cada momento, a cada treino e a cada jogo. É impressionante o que ele está fazendo. Manter três temporadas em alto nível jogando é uma coisa, mas manter sete, oito, nove ou dez temporadas em alto nível, com competições tão fortes quanto a Liga dos Campeões, é muito difícil. É algo único.

Como você projeta a decisão entre Real Madrid e Liverpool?

Expectativa é muito grande. É algo muito forte. São dois times que gostam de jogar, que tem muita qualidade individual e uma camisa muito forte no futebol. O Liverpool depois de muitos anos de volta a final e o Real Madrid na terceira final consecutiva na era moderna da Liga dos Campeões, um recorde. Tem muito atrativo nessa final.

Tem contato com os brasileiros do Real Madrid?

Não. Estive algumas vezes com o Marcelo lá em Madrid. No ano passado, nós fomos num evento no Rio de Janeiro, numa das clínicas do Real Madrid. Tenho mais contato direto com o Roberto Carlos, falo sempre e quando vou para Madrid encontro com ele. Com os jogadores atuais, não.

*Sob supervisão de Aigor Ojêda