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Os significados da saída de Zé Ricardo do comando do Vasco

03/06/2018 08h00

A passagem de Zé Ricardo pelo Vasco durou 283 dias. Muita coisa foi feita pelo treinador no período. Em 2017, mudou completamente a cara da equipe jogar, recuperando jogadores e classificando o Cruz-Maltino para a disputa da Conmebol Libertadores após seis anos fora... Já neste ano, um cenário oposto, que culminou na eliminação precoce da competição internacional. O que mudou de um ano para o outro? Quais os significados desta saída do comandante de São Januário? O LANCE! destrincha a seguir.

É fundamental começar destacando que Zé Ricardo tem pouca - se nenhuma - culpa com a mudança do Vasco do segundo semestre de 2017 para o primeiro de 2018. O elenco à sua disposição piorou de forma drástica entre as temporadas. Muito se deu pela mudança de presidência - saída de Eurico Miranda e entrada de Alexandre Campello. Nos últimos dias no maior cargo de São Januário, o ex-presidente vendeu nomes como Madson e Mateus Vital, substituindo-os por Rafael Galhardo e Giovanni Augusto - que muito se machucou.

Não parou por aí. Anderson Martins deixou o Vasco, Nenê também... E as reposições não foram à altura mais uma vez. Fabrício, hostilizado pelos torcedores mesmo antes de a bola rolar no clássico do último sábado, o qual o Cruz-Maltino saiu derrotado por 2 a 1 na despedida de Zé Ricardo, não tem condições de ser titular do Vasco, como mais um exemplo. Paulinho vendido esse ano piorou o drama no elenco, além dos inúmeros desfalques por semanas, meses e até anos que atormentam há tempos São Januário.

Sem jogadores de qualidade é impossível que um treinador, mesmo que fosse Guardiola, dê jeito em uma equipe. O Vasco ficou nesta situação. Quando um time passa a viver de improvisações é sinal de que alguma coisa de errado não está certo. Sim, raras vezes esse cenário tem algum tipo de sucesso, como é o caso do lateral-direito Yago Pikachu, que vem atuando no meio de campo e até mais ofensivo no ataque, o artilheiro cruz-maltino na temporada com 11 gols. Mas repito: um time viver assim não é certo!

Zé Ricardo fez até mais do que podia dentro das limitações apresentadas. Aguentou até demais a conturbada política que insiste em não deixar o Vasco. A última crise - quando o próprio treinador, na véspera de sua demissão, havia confirmada a saída de Evander para a chegada de Lucas Cândido e Marquinhos, o que horas mais tarde foi travado por Alexandre Campello - foi a gota d'água para a sua saída se confirmar. A cúpula de futebol, com o diretor executivo Paulo Pelaipe, tentou sem êxito fazer mudá-lo de ideia.

Nos números, Zé Ricardo deixa o Vasco após quase dez meses em um aproveitamento de 52,7%. Foram 22 vitórias, 13 empates e 15 derrotas, em um total de 50 partidas. Ao Vasco, primeiro resolvam as crises políticas do clube pois isso afeta e muito um trabalho que vinha sendo realizado. Aproveitem a parada do Campeonato Brasileiro para a Copa do Mundo para reforçar o elenco de forma eficaz. Com o atual grupo disponível, o próximo treinador não poderá fazer muito. Será visto isto com o interino Valdir Bigode...