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Justiça é acionada com pedido para anulação da eleição do Vasco

18/06/2018 21h33

A eleição do Vasco, com a primeira parte realizada em novembro de 2017, ainda não acabou. Advogado ligado a Julio Brant, líder do grupo "Sempre Vasco" e ex-candidato no pleito, Alan Belaciano entrou com pedido em ação na 52ª Vara Cível do Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro (TJRJ) para anular toda a eleição, que culminou com a vitória de Alexandre Campello. O pedido é de tutela provisória com alegações de fraude. Caberá a juíza Maria Cecília Pinto Gonçalves, a mesma magistrada que anulou a polêmica urna 7 do pleito, decidir sobre o caso.

Este pedido de anulação da eleição não tem ligação com o processo do "caso HD" do Vasco. Foram apresentadas novas provas no pedido inicial. A considerada mais robusta entre os envolvidos é um depoimento de uma ex-funcionária da secretaria do clube em São Januário, fornecido para a Delegacia de Defraudações da Polícia Civil do Estado do Rio de Janeiro, em inquérito com o comando da delegada Patricia de Paiva Aguiar ao lado do Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro (MPRJ), que confessa ter participado do esquema de fraude do último pleito cruz-maltino.

No depoimento, a ex-funcionária apresentou provas das possíveis fraudes - as quais o LANCE! teve acesso (confira abaixo). A reportagem preservou a imagem, o nome e os dados pessoais da testemunha. No depoimento para a Delegacia de Defraudações, ela afirmou nunca ter pago por um título de sócio proprietário do Vasco que recebeu - e a única condição era a de votar em Eurico Miranda, então presidente, na busca da reeleição. Ela forneceu nomes de envolvidos no processo - um, inclusive, já foi indiciado pelo MPRJ. Apresentou também a carteirinha e o título, com a mesma matrícula dela, mas com datas de emissão diferentes em um espaço de mais de sete anos.

Além disto, outras provas para sustentar o pedido de anulação da eleição do Vasco foram apresentadas na Justiça nesta ação. Dez áudios foram juntados ao processo, colhidos em uma pesquisa eleitoral telefônica realizada em setembro pelo grupo do então candidato Alexandre Campello - antes de se juntar com Julio Brant - que os mesmos afirmaram não serem sócios do clube, mas nas atas da eleição constavam suas assinaturas como sócios votantes. As investigações nas datas de admissão, inclusive, passaram a serem feitas para antes de 2015, na ex-gestão de Roberto Dinamite, por suspeita de retroatividade maior dos envolvidos nas atuais possíveis irregularidades na tentativa de dificultar a obtenção de provas judicialmente.

Alan Belaciano, além de pedir a anulação total da eleição do Vasco, pede o afastamento imediato dos 30 conselheiros eleitos pela Chapa Azul, de Eurico Miranda, que ficou em segundo lugar com a anulação da urna 7, a impossibilidade de todos os integrantes ligados a Chapa Azul sejam excluídos da possibilidade de participar da nova eleição, a ata do pleito ser retificada, posse imediata dos conselheiros da Chapa Branca - de Fernando Horta, terceiro lugar com a anulação da urna 7 -, anulação de todos os atos do Conselho Deliberativo realizados este ano e que o atual presidente da Assembleia Geral, Faues Mussa, convoque nova eleição em 60 dias.

Um ponto que vale destacar, falado nos bastidores por membros da situação, opositores a Julio Brant, é o que o último tópico pedido na ação - o do Faues Mussa convocar nova eleição - seria contraditório, já que se a Assembleia Geral for anulada, até Mussa perderia o cargo. Membros ligados a Alexandre Campello, ouvidos pelo LANCE!, estão na expectativa por uma decisão da juíza Maria Cecília Pinto Gonçalves - sem data prevista para ser proferida -, o que não arriscam a cravar em qual sentido seria. Afirmam também ter visto este ato jurídico como uma "manobra política injusta", já que acreditam que o melhor seria a união de todos os vascaínos em prol do Vasco, afastando a eleição até 2020. A oposição está otimista para que a anulação ocorra ainda neste ano.