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Coração dividido, VAR e análise da Copa: Pet abre o jogo ao L!

26/06/2018 07h00

Se existe uma pessoa que pode simbolizar de maneira única o confronto entre Brasil e Sérvia, nesta quarta-feira, às 15h (de Brasília), pela última rodada do Grupo E da Copa do Mundo, ela se chama Dejan Petkovic. O ex-jogador, com grandes passagens por clubes do futebol nacional, viverá uma emoção única com este momento da Copa do Mundo da Rússia.

Em um bate-papo com o LANCE!, Pet falou um pouco sobre as suas impressões iniciais a respeito do Mundial da Rússia, o momento dos países que fazem seu coração ficar dividido na hora de torcer (existe também um pequeno espaço para a Espanha neste quesito), o sistema de árbitro de vídeo (VAR) e a atuação como comentarista para o canal SporTV. Sempre direto e sincero! Veja abaixo as opiniões de Pet:

Até aqui quem mais te agradou e decepcionou neste Mundial?

Tivemos algumas surpresas, seja pelo lado positivo ou negativo. O futebol te proporciona este tipo de cenário. Rússia e México, talvez, são as que mais chamaram a atenção pelas campanhas que fazem até agora. Naturalmente, a Argentina é a decepção até aqui. Já as demais seleções estão naquele momento irregular, mas é o aquecimento. A Copa te proporciona este mix de sensações: sofrimento, alegria. É o grande evento do futebol.

Após duas rodadas, dá para dizer que a Copa da Rússia está aprovada, apesar da desconfiança de algumas pessoas?

Eu, particularmente, não fiquei desconfiado. Tinha quase certeza que o sucesso absoluto seria a marca desta Copa. A Rússia é um país muito bonito, capacitado, organizado no que toca a competição. Conheço muito bem o povo russo por conta da proximidade do meu país, a cultura.

Quando o sorteio da Copa foi realizado, você, que é sérvio, mas mora no Brasil há muito tempo, ficou ansioso com esse encontro?

A primeira reação foi pelo contexto histórico da partida, por ser a primeira vez que esse duelo vai acontecer. Logicamente que o Brasil enfrentou a Iugoslávia no passado, mas a Sérvia como país independente será o primeiro jogo*. Mas não gostei pelo fato de ser o último jogo da chave, com caráter decisivo, que é o que teremos aqui em Moscou. Foi o destino. E um ponto importante na minha visão: esse é o grupo mais difícil desta Copa.

Qual motivo te leva a crer que este Grupo E é mais complicado que os demais?

Um dos motivos é a pontuações dos integrantes no ranking da Fifa. Além disso, a Suíça é uma seleção boa, que há oito anos apresenta bom futebol e está presente em Mundiais e Eurocopa. Brasil que é o favorito absoluto ao título. A Costa Rica fez uma grande Copa em 2014. E a Sérvia ganhou muito moral com a campanha nas Eliminatórias. Então eram três concorrentes para a segunda vaga, levando em consideração que o Brasil se classificaria em primeiro e com facilidade. Mas chega ao terceiro jogo com uma situação indefinida, sobretudo este encontro no Spartak Stadium.

Até o momento, o time da Sérvia te agradou?

Mais ou menos. Contra a Costa Rica mereceu a vitória porque foi um pouco mais superior. Diante da Suíça tem duas partes: foi muito bem no início bem, mas depois caiu um pouco. No entanto, nesta partida, foi muito prejudicada em um lance grotesco que aconteceu. O arbitro poderia dar um pênalti, expulsar o jogador da Suíça, mas deu falta de ataque. Um absurdo. A derrota para os suíços complicou a Sérvia.

O que você pode falar até aqui do VAR?

Olha tem algumas situações que até não consigo dormir. O VAR melhorou muito e ajudou na queda dos erros. No entanto, quando o juiz não apita, no meu ver, não vi tanta efetividade de ajuda deste mecanismo. Esse é o problema.

Como vê esse duelo diante do Brasil para a Sérvia?

É um jogo muito complicado, difícil, decisivo. Vamos ver o que vai acontecer.

Mesmo destacando essa dificuldade pelo lado da Sérvia, o Brasil até aqui também encontrou muitos obstáculos nas primeiras rodadas. Esperava a Seleção sendo superior no Grupo E?

O Brasil não costuma atuar muito bem em suas estreias. Mas, sinceramente, desta vez esperara uma partida melhor da Seleção. A chegada da equipe aqui para esta edição do Mundial foi mais consistente, firme. Foi um desempenho muito sólido nas Eliminatórias e amistosos. Confesso que os primeiros 20 minutos diante da Suíça pareciam que confirmariam minha profecia. Não aconteceu, mas, assim como a Sérvia, o Brasil foi prejudicado neste duelo, pois no gol da Suíça o Miranda sofreu falta. Já contra a Costa Rica foi diferente. Uma primeira etapa mediana, e o segundo tempo de domínio absoluto. Mereceu vencer e seria um desastre se não tivesse feito isso. Vejo o time de Tite recuperando seu ritmo de jogo e encontrando o ritmo ideal.

De que maneira você vê as cobranças feitas sobre o Neymar? Crê que o gol na Costa Rica deixe ele mais solto diante da Sérvia?

Quando um jogador é craque ele é elogiado ou criticado em uma fração de segundos. Então algumas análises são corretas, outras exageradas. O importante é que o gol que ele marcou pode dar uma autoconfiança para que ele tenha atuações que todos esperam e ele próprio também almeja.

E a experiência como comentarista? De que maneira isso tem agregado para seus projetos futuros no futebol?

Acredito que é algo que agrega muito. Tenho visto todos os jogos, sendo mais ativo e participativo nas análises. Ouvir outras opiniões também tem sido algo muito bacana. Com o tempo isso te faz melhorar, aprender coisas novas. Estou desfrutando muito.

Sentindo esse clima todo da Copa e vendo seu país presente nesta edição, dá um sentimento de que gostaria de estar em atividade para atuar em um Mundial?

Qual é o meu país? Metade da minha vida passei no Brasil (risos). Eu tenho torcido muito por Brasil e Sérvia. Também apoio a Espanha, pois uma das minhas filhas nasceu lá. Destes dois têm chances de título e o outro querendo que chegue o mais longe possível. No final, eu tenho mais a ganhar neste cenário do que perder (risos).

* Os sérvios são herdeiros esportivos dos resultados da antiga Iugoslávia.