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'Caso Daniel': crime, barbaridade e reviravoltas em depoimentos

12/11/2018 14h29

A morte do meio-campista Daniel não trouxe abalo apenas pelo baque de ele ter 24 anos. O falecimento do jogador, que colecionava passagens por Cruzeiro, Botafogo e São Paulo e, recentemente, defendia o São Bento, causou choque pelos desdobramentos que evidenciaram que ele foi vítima de um crime com requintes de crueldade.

Passo a passo, o LANCE! traz os detalhes em torno do "Caso Daniel".

28/10/2018

CONFIRMAÇÃO DA MORTE

A assessoria de imprensa de Daniel confirma a morte do meia. Em nota, diz que o corpo foi encontrado em Curitiba (PR) no dia anterior, com sinais de assassinato.

Além do São Bento, São Paulo, Botafogo, Coritiba e Ponte Preta manifestam, em suas respectivas redes sociais, o pesar pelo falecimento do jogador de 24 anos. Ex-companheiros de Daniel também manifestam pesar.

Dias depois, dezenas de pessoas vão ao velório de Daniel. Entre eles, Edison Brittes Junior, assassino confesso do jogador.

SINAIS DE TORTURA

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No mesmo dia, guarda municipal de Curitiba detalha indícios de assassinato na morte do meia. Em entrevista à Banda B, surgem as impressões de tortura:

- Pela aparência do corpo, foi uma situação bastante violenta mesmo, a pessoa matou com muita raiva. O homem tinha dois cortes profundos no pescoço, teve a cabeça quase degolada, e a genitália foi cortada. A princípio, o órgão não foi encontrado no local.

O ASSASSINO CONFESSO E OS SUSPEITOS DETIDOS

Edison Brittes Junior se entrega à polícia em São José dos Pinhais (PR) e assume a autoria do assassinato. Seu argumento é de que Daniel tentou estuprar sua esposa Cristiana.

Também são detidas sua esposa Cristiana e sua filha Allana, ambas por tentar acobertar o crime que ocorreu durante a festa de 18 anos da garota. Mais tarde, são presas outras três pessoas que teriam testemunhado o caso (um primo de Cristiana e dois amigos de Allana).

Aos poucos, as contradições começam a aparecer. Segundo o delegado responsável pelo caso, Amadeu Trevisan, todos vão responder por homicídio qualificado.

As investigações devem incluir o celular de Cristiana Brittes. De acordo com informações divulgadas pelo UOL, quatro dias após o crime, ela levou o aparelho para conserto. Segundo o proprietário do estabelecimento, não houve tempo hábil para qualquer procedimento e ele soube que Cristiana não mexeu no celular.

ESTUPRO? NEGATIVO!

O argumento de que Daniel estuprou Cristiana é refutado pelo promotor João Milton Salles sob alguns motivos. Um dos motivos é o alto teor alcoólico que o jogador de futebol ingeriu durante a festa (13,4 dg/L) na qual encontrou-se com a família.

Além disto, o promotor afirma que Daniel não praticaria um abuso sexual em um ambiente no qual estavam várias pessoas próximas. Aos olhos de João Milton Salles, o perfil do jogador não correspondia ao de um estuprador e nenhuma testemunha ouviu os gritos de Cristiana.

Em reportagem divulgada no "Fantástico" do último domingo, foram reveladas mensagens de Daniel. O jogador, embriagado, entrou no quarto onde Cristiana estava dormido e tirou fotos enquanto a esposa de Edison adormecia.

OS REQUINTES DE CRUELDADE

Outra confirmação foi de que Daniel foi agredido, ao menos, por quatro pessoas na casa dos Brittes. Já bastante ferido, o jogador de futebol foi colocado no porta-malas do veículo de "Juninho Riqueza".

Segundo o delegado Trevisan afirmou ao UOL, os dois amigos de Allana não entraram sob espontânea vontade no carro:

- Edison praticamente intima quem vai no carro com ele.

Além de Igor Kyng e David Willian Vollero, que são amigos de Allana, está no carro Eduardo Henrique Ribeiro da Silva, primo de Cristiana. De acordo com os amigos de Allana, que ouviram murmúrios de estrangulamento, Eduardo e Edison descem do carro e tiram Daniel do porta-malas.

Igor e Daniel afirmam que, inicialmente, queriam deixar Daniel nu no meio da rua.

De acordo com reportagem divulgada no "Fantástico" no último domingo, todas as pessoas que estiveram na cena do crime se encontraram na praça de alimentação em um shopping em São José dos Pinhais (PR) no dia 5 de novembro para combinar as versões contadas para a polícia.

NOVOS DESDOBRAMENTOS...

"Juninho Riqueza" atribui as contradições de seu depoimento sobre o crime à tentativa de proteger dois irmãos gêmeos que são filhos de políticos de São José dos Pinhais (PR). Segundo Brittes, um deles teria agredido Daniel e quebrado o celular da vítima. Os gêmeos negam participação.

Segundo relato do advogado Ricardo Dewes, os dois estavam "no lugar errado e na hora errada". Os depoimentos foram dados em sigilo.

A família de Daniel também é ouvida. Não são divulgados dados sobre a mãe e a tia, que passaram o dia todo na delegacia.