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Especial Chape: Comoção rompe fronteiras e une dois clubes

28/11/2018 11h50

A dor pelo desastre aéreo que vitimou 71 pessoas em 29 de novembro de 2016 aproximou dois clubes que se preparavam para ser finalistas da Copa Sul-Americana naquele fim de ano. Em vez da ansiedade pelo título, dirigentes, jogadores e torcedores do Atlético Nacional voltaram suas atenções para ser solidários com a Chapecoense. Dois anos depois, o então presidente do clube, Juan Carlos de La Cuesta, recordou ao LANCE! como foram os preparativos para realizar a marcante homenagem às vítimas da tragédia no Estádio Atanasio Girardot.

- Deixamos de lado o pensamento da final. Nos mobilizamos para ajudar de alguma forma. Nosso desejo era apoiar os familiares das vítimas, confortá-los, fazer com que as coisas ficassem mais amenas em um momento tão difícil. Foi algo muito duro para a Chapecoense, para seus torcedores - afirmou, ao LANCE!.

A final estava prevista para ocorrer no dia 30 de novembro. Porém, o avião da LaMia caiu em Antióquia (COL) no dia anterior.

Em busca de agilidade para fazer a homenagem, De La Cuesta contou com o apoio do prefeito de Medellín, Federico Gutiérrez. Além disto, pediu a presença maciça de torcedores do Atlético Nacional no estádio:

- Assim que soubemos da dimensão do acidente, já começamos a tomar as providências. Entramos em contato com o prefeito (de Medellín), buscamos ajuda nas redondezas. Além disto, fizemos também um apelo muito forte para que todos os torcedores estivessem lá, na hora marcada inicialmente para o jogo de ida da final.

O pedido deu certo. Na noite de 30 de novembro de 2016, 44 mil pessoas lotaram o Estádio Atanasio Girardot para homenagear as vítimas do desastre aéreo. Todos os torcedores estavam nas arquibancadas de branco e com velas nas mãos. A mobilização foi tanta que algumas pessoas foram ao estádio, mas não conseguiram entrar.

Entre as cenas comoventes do evento, 71 pombas foram soltas no campo. Além disto, os nomes das vítimas da tragédia foram exaltados no estádio.

- Acabou se tornando um momento muito bonito, muito sensível. É, foi também muito triste diante de tudo, mas era nossa forma de homenagear não só a delegação da Chapecoense, como todas as vítimas - recorda o hoje ex-dirigente.

OPÇÃO POR ABDICAÇÃO DO TÍTULO

A outra maneira que o clube encontrou de amenizar a situação da Chapecoense teve a ver com a decisão. O Atlético Nacional, que já tinha sido campeão da Copa Libertadores do mesmo ano, decidiu abrir mão da busca pela conquista da Copa Sul-Americana de 2016.

- Eu tive algumas razões para sugerir que o título ficasse com a Chapecoense. A primeira é de que seria uma crueldade a gente querer jogar contra eles. Em especial, porque a equipe vivia um momento tão difícil - declarou De La Cuesta.

O ex-dirigente dos Verdolargas apontou o quanto aquele título poderia ser simbólico para uma reconstrução Chapecoense:

- Era uma forma de dar à Chapecoense a classificação para a Copa Libertadores. Aquele título (Sul-Americana) ajudaria a recuperar o ânimo do clube, sem contar que seria muito importante financeiramente .

O pedido foi acatado pela Conmebol em 5 de dezembro de 2016. Com isto, a equipe catarinense disputou sua primeira Libertadores no ano seguinte.

Passados dois anos da tragédia, Juan Carlos de La Cuesta não esconde que momentos como este ajudaram a tornar Atlético Nacional e Chapecoense bastante unidos.

- A gente tem uma relação muito boa. E temos em comum, inclusive, as cores: o branco da paz e o verde da esperança.

Uma prova de que colombianos e brasileiros seguem unidos pela solidariedade.