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Felipe Pires conta o que falta para se firmar e sonha com a Libertadores

20/03/2019 08h00

Já classificado, o Palmeiras encerra a campanha na fase de grupos do Paulistão nesta quarta-feira, contra a Ponte Preta, às 21h30, no Allianz Parque. A um ponto de garantir a ponta da chave, Luiz Felipe Scolari deve rodar o elenco e dar chances a jogadores que não atuaram no Choque-Rei, como Felipe Pires.

Tratado como "velocidade pura" por Felipão, o atacante tem um gol em nove jogos pelo Verdão e admite que ainda não deslanchou. Entre os motivos, cita principalmente estar apenas no início da temporada, além da necessidade de ganhar confiança para fazer o que sabe: jogadas individuais.

Esta dificuldade inicial tem também influência com a rota percorrida pelo ainda garoto de 23 anos de idade. Ele deixou o Brasil antes de tornar-se profissional e fez carreira na Europa, entre Áustria e Alemanha. Agora no Palmeiras é que tem, de fato, entendido o futebol brasileiro.

Ao fazer o caminho inverso da maioria dos jogadores, que saem do Brasil rumo ao exterior, Felipe Pires quer alegrar sua família, formada por palmeirenses. A meta é chegar no fim do ano estabelecido no Verdão e comemorando o título da Libertadores.

- Sempre vi a Libertadores como a Champions League da América. Queria jogar uma Libertadores e ganhar. Queria que minha família visse eu ganhando a Libertadores. Meu pai e meu irmão são palmeirenses fanáticos, e o sonho deles é ver o Palmeiras ganhando a Libertadores. Comigo, eles ficariam ainda mais feliz. Então é meu sonho - afirmou ao LANCE!.

Confira abaixo uma entrevista exclusiva com Felipe Pires:

LANCE!: Com o Palmeiras já classificado, a partida contra a Ponte Preta pode ser uma oportunidade para jogadores como você. Qual o peso desta partida para quem entra no rodízio?

Felipe Pires: Para mim é bem importante, por ritmo, confiança. É sempre bom jogar, independente de estar classificado ou não. Eu estou buscando espaço no elenco, qualificado, e é importante jogar. Vamos entrar com força total, querendo ganhar o jogo, tentando o possível primeiro lugar geral. Vai ter rodízio, o Felipão sempre usa este método e quarta não deve ser diferente. É agarrar a oportunidade e dar o máximo.

O Carlos Eduardo foi contratado como você para dar velocidade ao time e sofreu no início. Mas no sábado foi o nome do clássico contra o São Paulo. A readaptação ao Brasil é complicada?

Eu sempre digo que é difícil. Não são todos os jogadores que chegam e estouram, demoram um pouco para adaptar. Para mim e para o Carlos não é diferente. Mas o grupo e a comissão técnica ajudam muito. O Carlos Eduardo foi o nome do clássico, trabalhou bem na semana, o professor deu confiança e falou: estejam preparados para entrar. Se tiver oportunidade, faça o que sabe. Ele fez o gol e fiquei feliz, é um moleque que merece, que vinha sendo criticado. Todo o grupo ficou feliz pela boa partida dele. É isso, questão de tempo. Eu sempre falo: jogadores novos como eu, Carlos, precisamos de tempo e confiança. Isto o grupo e comissão técnica dão. É agarrar as oportunidades. Se eu jogar na quarta, vou dar meu máximo, como o Carlos agarrou sua chance no clássico.

O que você sente que ainda falta neste retorno ao Brasil?

Fui embora com 18 anos, nunca treinei com elenco profissional aqui. É bem diferente o futebol no Brasil para a Europa. Muito diferente em qualidade, velocidade. Eu sempre comento com os companheiros de que falta confiança minha mesmo, de pegar a bola. Eu fui contratado para o um contra um, velocidade, dar profundidade ao time. Eu falo aos meus amigos, à minha família, de que falta confiança para pegar a bola, fazer o que sei. Fico receoso porque estou conhecendo agora o futebol brasileiro. Não podemos esquecer que estou aqui há dois meses só, o campeonato acabou de começar. São 14 jogos, tem muita coisa pela frente para eu me entrosar com o grupo.

Você acabou fazendo o movimento inverso da maioria dos jogadores: fez primeiro nome na Europa e agora tenta se firmar no Brasil. Por quê?

Eu fui muito cedo para a Europa, jogadores aqui fazem o inverso, estouram aqui e vão para a Europa. Era meu sonho ir para a Europa e só voltei por se tratar de Palmeiras. Quando se trata do maior time do Brasil, dono do melhor elenco, eu quis vir. Eu vi a oportunidade de fazer um ano bom e voltar para um time maior na Europa. Lá o Palmeiras é visto como um time de expressão, que revela jogadores, o último o Gabriel Jesus. Vim para o Brasil me conhecer, eu sonho com Seleção Brasileira e voltei por isso. Queria jogar um Brasileirão, uma Libertadores e vi a oportunidade no Palmeiras. Quero voltar, quem sabe o Palmeiras não me compra. Sou novo, posso voltar para a Europa ainda com 25, 26 anos. Foi este meu pensamento.

Você e sua família realizaram sacrifícios durante a infância para que sua carreira acontecesse. A possibilidade de estar mais perto deles acabou pesando para jogar no Palmeiras?

Foi um motivo também. Saber que ia voltar ao Brasil, com a família perto. Eles são de São Paulo, e é difícil falar não ao maior clube do Brasil. Não tinha por que eu não vir. Não estava sendo muito aproveitado no Hoffenheim, veio o Palmeiras e vi que era bom para mim e para minha carreira, estar perto da minha família, no meu país, falando a minha língua, na minha cultura. Em um time que briga por todos os títulos possíveis, com estrutura. Não tinha por que não vir.

Seu pai e seu irmão são palmeirenses. Sua família palpita muito sobre suas atuações?

Meu pai não gosta de criticar, mesmo contra o Mirassol que não fui muito bem, ele disse para eu continuar com pegada, porque nem sempre vou jogar bem. Eu falei para ele que entendia, que futebol não é só alegria, tem dia que não dá certo, em outras dá. Ele às vezes puxa minha orelha: 'aquela bola era para ter chutado, não tocado, arrisca mais'. Minha mãe, mesmo quando eu jogo mal, puxa meu saco (risos), diz que fui bem. Mãe é mãe (risos).

E como é a relação com Felipão?

É um paizão para todo o elenco, dá muita confiança. Você vê o Carlos: não estava tendo a felicidade, mas ele colocava, dava apoio. Só não iria usar se não tivesse personalidade. Colocou, deu oportunidade, comigo também. Ele dá moral no dia a dia, como o Turra e toda comissão, o Carlão. É um paizão que nos ajuda, um cara sensacional.

Este momento mais decisivo do Paulista, com Libertadores, é a chance de a torcida do Palmeiras conhecer o seu potencial?

Todo jogo que tiver é uma chance de me mostrar. Estava jogando, ainda falta um pouco de adaptação e confiança. Cada jogo que passa vou pegando confiança. É tempo de mostrar, independente de qual fase seja, de quantos minutos são. O Palmeiras tem um elenco bom, com jogadores que atuariam em qualquer time do Brasil. Concorrência é grande, mas treino todo dia pelo meu espaço, com lealdade.