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Dante fala sobre amizade com Balotelli, Guardiola no Bayern e seleção

Dante em ação pelo Bayern de Munique - AFP PHOTO / ANDREW YATES
Dante em ação pelo Bayern de Munique Imagem: AFP PHOTO / ANDREW YATES

16/06/2019 15h04

Com contrato renovado até junho de 2021, o brasileiro Dante inicia no próximo mês a sua quarta temporada no Nice - a 17ª no futebol europeu. Aos 35 anos, ele é um dos principais jogadores da equipe francesa, que acabou ficando fora das competições europeias para 2019/20, com o sétimo lugar na Ligue 1.

Em entrevista ao jornal "Lance", o zagueiro conta como o Nice evoluiu nos últimos anos, com nova estrutura e a revelação de jovens promessas. Dante cita ainda sua boa relação com Mario Balotelli, que jogou por dois anos e meio no clube e, hoje, defende o Olympique de Marselha.

Dante também fala sobre sua passagem vitoriosa no Bayern de Munique, com a conquista tríplice coroa em 2012/13, a convivência com Guardiola e o que ele espera da seleção brasileira nesta Copa América.

Quarta temporada no Nice

"A estrutura do time evoluiu bastante, temos um estádio novo, inaugurado em 2013. Temos um centro de treinamento novo, inaugurado no ano passado. Hoje em dia o clube tem facilidade de revelar bons jogadores, jovens promissores, devido à estrutura que tem. Nice é uma cidade maravilhosa, turística, com um clima maravilhoso. É um clube que quer voltar a jogar competições europeias, pois jogamos duas vezes seguidas a Liga Europa."

Nice fora de competições europeias

"Infelizmente, nesta temporada não conseguimos classificação para a Liga Europa. Vivemos uma instabilidade no grupo, foi um ano um pouco conturbado, com troca de presidente e diretoria. Tivemos também a saída do Mario Balotelli, que foi para o Olympique de Marselha em janeiro. O Nice não pôde suprir essa carência de um centroavante. No segundo turno, de janeiro a maio, praticamente jogamos sem atacante, tivemos muitos problemas de lesão nos homens de frente. Em vários jogos o treinador teve que se virar para montar o time, foi uma situação bem complicada para uma equipe que buscava uma vaga em competição europeia. Esse foi o ponto crucial para não conseguirmos a vaga."

Relação com Balotelli

"O Balotelli é um grande irmão, um cara que eu aprecio e admiro bastante, muito extrovertido, legar de conviver e trabalhar. É um grande jogador, com qualidades para estar muito acima do que ele está hoje. A saída dele foi uma das minhas grandes tristezas na temporada. Nos dois primeiros anos que estávamos juntos, consegui motivá-lo, ajudá-lo a colocar a cabeça no lugar. Mas nesta temporada, não consegui. Ele estava muito triste por não ter conseguido sair do Nice após duas belas temporadas que ele fez. É um jogador que estou sempre na torcida, é um garoto muito bom. Fiquei bastante triste com a saída dele, como a situação ocorreu. Ele parecia bastante desmotivado nos primeiros seis meses da temporada no Nice. Mas é um cara sensacional, tenho um grande carinho e respeito."

Aporte financeiro e superioridade do PSG na França

"Acho que não atrapalha. Dá um charme maior ao campeonato, com o PSG podendo contratar jogadores de qualidade mundial. Isso é bom para a competição, até em relação à competitividade. O PSG já tinha muito um grande aporte há dois anos e o Monaco ficou com o título francês. Cabe aos adversários se reforçarem. Sempre o Paris será o mais forte, mas nem sempre os melhores serão campeões. Mas é muito importante que o clube continue trazendo grandes nomes para o país."

Reformulação do elenco do Bayern

"É normal. Mesmo Ribéry, Robben e Rafinha ainda jogando em alto nível, em clubes como o Bayern de Munique a reciclagem é importante. É um clube que contratou jogadores mais jovens. A idade começa a ser empecilho nos olhos das pessoas que estão de fora. Esses jogadores têm muita lenha para queimar. Mesmo o Robben se contundindo bastante, é um jogador decisivo. Acaba sendo normal, como acontece no Barcelona, no Real Madrid. Vimos o Cristiano Ronaldo sair o Real por achar que o ciclo dele tinha acabado na Espanha. Alguns saíram do Barcelona também. É algo que ocorre em grandes clubes."

Tríplice coroa pelo Bayern

'Foi um momento importante, que me deu oportunidade de atingir vários sonhos, de conquistar títulos, chegar à seleção brasileira, na qual conseguimos vencer a Copa das Confederações (2013). Foi um momento muito legal, joguei todos os jogos pelo Bayern de Munique, conseguimos conquistar todos os títulos que disputamos e entrar para a história do clube. Foi um momento que eu tenho guardado com grande carinho. A Liga dos Campeões é um campeonato muito difícil, sabemos a dificuldade de conquistá-lo. É um momento realmente maravilhoso."

Convivência com Guardiola no Bayern

"O Pep é um grande treinador, já mostrou isso em todos os lugares por onde passou. Realmente é diferenciado, dá a entender que conhece mais que os outros, devido a essa filosofia de sempre encontrar a solução, o ponto fraco do adversário. É um treinador que gosta de atacar sem fim, de controlar o jogo. Os times pelos quais ele passou são muito bons, com grandes jogadores, são 20 a 22 atletas de classe mundial. Isso também conta para o seu trabalho. O seu método requer jogadores com inteligência tática, de jogo, de zona, superioridade numérica. Consegui aprender bastante coisa nos dois anos que passei com ele, em relação à filosofia de jogo, tática, de autoanálise. Desfrutei muito nesse tempo com ele."

Seleção: Copa América e fracassos nas Copas

"A Copa América não tem o peso da Copa do Mundo. Sabemos que o Mundial é o principal torneio entre seleções. Uma nunca vai apagar a outra, mas as derrotas nos fazem aprender. O importante é que depois das decepções a seleção volte a ganhar, ser campeã, independentemente da competição. A vitória na Copa América nos daria o indício de que aprendemos com erros, que estamos progredindo, e que estamos nos preparando bem para a próxima Copa do Mundo. Independentemente do campeonato, é sempre importante trabalhar para ser campeão. Ainda mais aqui dentro do Brasil, será algo bacana, importante, diante do nosso povo, que estará apoiando. Mesmo não conseguindo apagar as duas desclassificações nas últimas Copas, o título de uma Copa América indica que estamos no caminho certo."

Substitutos de Thiago Silva e Miranda na seleção

"Os substitutos já estão aí, no pé deles. O Marquinhos todo mundo já sabe, o Militão está bem, em um ótimo caminho, jogador que vem progredindo e trabalhando muito bem. Teremos outros que surgirão durante os anos. Hoje, no Brasil temos o Dedé, o Gabriel Paulista, do Valencia e que tem bastante força física. É um jogador muito bom. Mas os dois imediatos são o Marquinhos e o Militão."

Carreira perto do fim

"O objetivo é jogar o máximo possível, desfrutar da carreira, dos jogos e me cuidar muito, como eu venho fazendo. Não coloquei uma data, uma idade fixa para parar. Meu corpo é quem vai dizer. E vou continuar jogando com alegria, com prazer que sempre tive. Quando parar, só o corpo que vai dizer."