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Tri melhor do mundo, "Falcão de saias" ainda é desconhecida e se frustra por não poder ajudar futsal

Vanessa, tri melhor do mundo de futsal - Divulgação/Confederação Brasileira de futsal
Vanessa, tri melhor do mundo de futsal Imagem: Divulgação/Confederação Brasileira de futsal

José Ricardo Leite

Do UOL, em São Paulo

30/01/2013 10h23

Se o futsal masculino tem Falcão como maior referência, o feminino não fica nenhum pouco atrás e traz uma versão até mais premiada internacionalmente.  Na última  terça-feira, a ala Vanessa foi escolhida pela terceira vez seguida como a melhor do mundo.

O número de três conquistas é até superior ao do atleta que é considerado por muitos um dos maiores de todos os tempos no esporte. Falcão foi duas vezes melhor do mundo e conquistou duas vezes o Mundial pela seleção. Vanessa é tri nos dois: já arrematou também três conquistas com a seleção, a última no ano passado.

Pela semelhança na carreira vitoriosa, já ganhou o apelido de “Falcão de saias”. Modesta, a mineira de 24 anos diz que nunca parou pra pensar que já foi mais premiada que o badalado atleta. “São dos apelidos que me chamam muito, esse [Falcão de saias] e Marta das quadras. Quando me chamam fico feliz, são dois ícones do esporte. Só pelo fato de me chamarem deixa feliz por compararem com eles”, falou.

“Mas nunca pensei sobre isso [ser mais premiada que Falcão] não.  Ele está nesse ramo há mais tempo do que eu, é uma referência. Mas jamais me veio à cabeça isso de ter ganhado mais que ele”, continuou.

Vanessa começou a carreira em Minas Gerais, no Governador Valadares, e atualmente joga no Unochapecó, de Santa Catarina. Iniciou sua paixão pelo esporte nas aulas de educação física em Patos de Minas (MG). Já foi tetracampeã da Liga Nacional e Taça Brasil na versão feminina. Atuou também no exterior, no futsal espanhol.

Apesar de inúmeros títulos no país, Vanessa ainda é desconhecida do público brasileiro e diz ser mais reconhecida na península ibérica, onde este esporte entre as mulheres é bem mais popular.
“As pessoas me conhecem mais no exterior do que aqui. Em Portugal e na Espanha sou bem mais conhecida. Aqui no Brasil só quando vou jogar em alguma cidade e fazem alguma divulgação. Lá [em Portugal e na Espanha] eles falam sobre o esporte, que tem uma divulgação bem maior do que aqui. As pessoas falam muito mais”, explicou.

O fato de ainda não ser conhecida, no entanto, não é problema nenhum para a ala. Ela só se frustra mesmo é com a pouca visibilidade que seu esporte tem. E de saber que mesmo tendo a coroa de melhor do mundo pouco pode fazer para que a popularização seja maior.

“Fico incomodada por não poder ajudar a modalidade, não quanto a mim pessoalmente. Se sou a número um e sou pouco conhecida, quanto então o nosso esporte será reconhecido? Eu ser reconhecida na rua ou não é uma questão de ego, mas não ajuda a modalidade. O que me incomoda é ser a número um do mundo e não conseguir ajudar. Se não falam sobre quem é a melhor do mundo, não vão falar da modalidade”, falou.

“Há divulgação em rádios e internet, mas na televisão temos um espaço r reduzido. O esporte evoluiu em adeptos, mas não tanto em divulgação. Queria que cidades com equipes de expressão tivesse verba viabilizada. Que empresas dessem condições para emissoras transmitir. Nossa liga nacional é bem jogada, e alguns jogos da liga feminina dão mais gosto de ver do que jogo dos homens”, finalizou.