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Melhor goleiro do mundo no futsal é Higuita brasileiro que virou casaca

Higuita - Matt Browne / SPORTSFILE - Matt Browne / SPORTSFILE
Imagem: Matt Browne / SPORTSFILE

Fábio Aleixo

Do UOL, em São Paulo

09/09/2016 06h02

O folclórico goleiro colombiano René Higuita se aposentou do futebol há seis anos e atualmente trabalha como preparador de goleiros do Al Nassr, da Arábia Saudita. Mas na Copa do Mundo de Futsal da Colômbia que começa neste sábado, um outro Higuita tem tudo para se destacar embaixo das traves. Este Higuita é brasileiro, nasceu no Rio de Janeiro e defende o Cazaquistão, seleção que faz a sua estreia às 22h (de Brasília) de segunda-feira contra a Argentina.

O Higuita do Brasil na verdade se chama Leonardo de Melo Vieira Leite, tem 30 anos, e ganhou o apelido quando tinha apenas seis e já atuava como goleiro no Social Ramos Clube. A primeira semelhança foi de visual, e hoje não existe mais. Mas ficou a questão técnica de gostar de sair jogando.

“Eu já era goleiro, tinha cabelos compridos e saía do gol para jogar. Assim todos me acabavam parecido com o famoso Higuita e daí por diante todos do futsal me conhecem por Higuita. Me lembro muito bem dele, de ver jogos no começo da década de 90. Ele era muito louco! Mas me orgulho demais de carregar este apelido”, afirmou Léo em entrevista ao UOL Esporte.

Nesta competição na Colômbia, o brasileiro espera ter a chance de encontrar o ídolo. Mas não sabe se isso será possível. Até hoje, eles não tiveram nenhum tipo de contato. Além disso, a presença do Higuita mais famoso no Mundial é incerta.

“Tenho muita vontade de encontrá-lo aqui. Não sei se vai ser possível, mas seria um grande sonho! Espero também que a torcida se identifique com o seu nome. Mas tenho que jogar bem para que me apoiem”, disse o goleiro que atua com uma camisa apenas com o nome Higuita e também gosta de usar os pés.

Leo pode não ter toda a fama de René, mas no mundo do futsal é respeitado. No ano passado foi eleito o melhor do mundo de sua posição e é titular do AFC Kairat, de Almaty, clube pelo qual conquistou duas vezes nas últimas quatro temporadas a Copa da Uefa de Futsal – o equivalente à Liga dos Campeões no campo.

A relação do brasileiro com o Cazaquistão é antiga. Começou em 2009, quando recebeu proposta e aceitou defender o Tuplar, da cidade de Astana. Depois de um ano lá, foi para o Belenenses (POR) e retornou em 2011 para defender o Kairat. Desde então, não deixou mais a ex-república soviética.

“Quando completei cinco anos no país, houve o convite para que eu me naturalizasse pois tinham ideia de iniciar um projeto para o fortalecimento da seleção. Então resolvi aceitar”, disse Leo, que jamais havia sido chamado para a seleção brasileira. A sondagem para defender a camisa verde-amarela veio apenas após receber o passaporte cazaque, o que o deixou em uma situação incômoda.

“Sempre tive o desejo de defender a seleção brasileira e confesso que balancei quando surgiu à oportunidade. Mas fui fiel à pátria que me colocou na vitrine e me deu todas as oportunidades”, afirmou o goleiro que no Brasil teve passagens por Flamengo, Fluminense e Vasco. Por este último, disputou a Liga Nacional.

Cazaquistão e Brasil não dividem o mesmo grupo na primeira fase do Mundial. Um encontro entre ambos será possível apenas a partir das oitavas de final. Algo que Higuita gostaria bastante que acontecesse.

“Seria um momento especial demais para mim pois nunca enfrentei a seleção brasileira. Apenas pelo Kairat enfrentei duas vezes times do Brasil”, afirmou.

Além de Higuita, a seleção do Cazaquistão conta com mais três brasileiros naturalizados em seu elenco: Leo Mendonça, Everton Fontoura e Douglas Junior. O técnico também é do Brasil: Ricardo Sobral.

O país faz a sua segunda  participação em uma Copa do Mundo e chega embalado pela terceira colocação no Campeonato Europeu em fevereiro deste ano. Em 2000, no Mundial da Guatemala, perdeu as três partidas que realizou.