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Ginasta morta em acidente não era de balada e sonhava com seleção, contam ex-companheiras

Eduarda Mello de Queiroz, ginasta de apenas 17 anos, faleceu na manhã deste domingo - Reprodução/Facebook
Eduarda Mello de Queiroz, ginasta de apenas 17 anos, faleceu na manhã deste domingo Imagem: Reprodução/Facebook

José Ricardo Leite

Do UOL, em São Paulo

17/09/2012 12h58

A ginasta Eduarda Mello de Queiroz, 17 anos, era vista como uma pessoa muito tranquila e agregadora pelas pessoas que acompanharam de perto a sua carreira até o fatídico acidente automobilístico que tirou sua vida no último domingo.

De acordo com pessoas próximas à sua carreira desde que começou no esporte, nunca teve vida social agitada que comprometesse a vida pessoal ou esportiva. E tinha como objetivo servir a seleção brasileira.

Gisela Batista foi treinadora de Eduarda desde que ela iniciou a carreira até o ano passado no Clube de Oficiais de Vila Velha. Desde então, a ginasta vinha treinando com a mãe.

A ex-treinadora conta que ela era uma das ginastas que tinha melhor relacionamento e mais contribuía no ambiente de treinos.

“Ela ficou como minha ginasta até 16 anos, começou quase quando nasceu. A Mônica engravidou e a Duda nasceu, convivi com ela até hoje. Era uma pessoa de muita responsabilidade, disciplina e discreta. Era muito alegre, não brigava com ninguém, gostava de fazer conjunto, ela fazia bem a parte social para ajudar as colegas. Nunca brigava com as meninas”, falou ao UOL Esporte.

“Ela era sempre uma pessoa de alto astral, brincalhona. No começo era um pouco tímida, mas depois dos 13, 14 anos ficou mais brincalhona”, continuou.

Gisela contou que Eduarda tinha como sonho no início da carreira servir a seleção brasileira, fato que acabou não conseguindo. “O sonho dela era entrar na seleção brasileira de conjuntos, mas passou o tempo e depois ela não tinha mais esse foco. Não aconteceu essa seleção pra ela, teve uma lesão na coluna uma época e parou de treinar. Estava competindo pelo clube”, contou.



Mãe de Gisela, Adalva Batista é presidente da Federação Capixaba de Ginástica e amiga de Mônica Queiroz, treinadora da seleção brasileira de ginástica rítmica e mãe de Eduarda. Conheceu a garota quando pequena e ressaltou seu bom comportamento.

Diz que ela nunca foi de balada e que o fato de estar voltando de uma casa noturna na manhã de domingo na hora do acidente foi coincidência.

“Lembro da Mônica ainda grávida da Duda. Só temos a lamentar essa fatalidade. Era uma pessoa que não era de baladas. Ia a suas festas sociais apenas, mas foi uma mera coincidência. Ela não era de balada”, enfatizou.

“Um grupo tem sempre pessoas especiais, que se relacionam bem com todo mundo. Era a Duda. Ela sabia trabalhar bem com a equipe. Você via que ela era uma pessoa diferente. Sempre foi querida pelas meninas, nunca teve uma fofoca dela. Pelo menos se foi de uma forma bonita, sem sofrer, já que estava dormindo”, continuou.

Adalva contou ainda um momento marcante que lembra da ginasta, ainda quando ela tinha dois meses de idade. Mônica havia viajado para o Egito para uma competição de ginástica e ficou muito tempo longe da filha. Logo quando Eduarda viu a mãe, no aeroporto, na volta, desabou de chorar.

“A mãe passou 15 dias fora para trabalhar, e ela ficou com pai. Fomos no aeroporto esperar a Mônica. Ela estava no colo do pai e, quando viu a mãe, desabou de chorar. Ficamos todos impressionados. É uma fato que eu nunca tinha visto. Tão nenezinha, de longe, ver e chorar. Foi marcante. Algo que vou carregar para sempre.”

Eduarda, que havia sido em 2012 vice-campeã brasileira de ginástica rítmica na prova de conjunto, morreu em um acidente  na descida de Domingos Martins, quilômetro 23 da rodovia BR-262, na cidade de Viana, no Espírito Santo.

O veículo tinha ainda outras duas pessoas. O motorista do carro, Luiz Felipe Moroewsky Costa, está internado em estado grave na cidade de Vitória. A também ginasta Natália Gaudio, 19 anos, sofreu apenas ferimentos leves.

De acordo com relato da Polícia Federal da rodovia, o motorista perdeu o controle na curva, saiu da pista, caiu em uma ribanceira e colidiu em uma árvore. Natália foi salva pelo cinto, enquanto Eduarda e Luiz Felipe foram arremessados para fora do veículo. Eduarda morreu ainda no local.

Os três voltavam de uma casa noturna de Marechal Floriano e voltavam para Vila Velha. Não foi feito teste de bafômetro em Luiz Felipe por ele ser resgatado já desacordado.