Topo

Descubra como a estrela do handebol do país foi do céu ao inferno em 48h

Duda, ao centro, sai de quadra carregada pelas colegas de seleção Deonise (D) e Babi  - Reprodução/TV
Duda, ao centro, sai de quadra carregada pelas colegas de seleção Deonise (D) e Babi Imagem: Reprodução/TV

Daniel Brito

Do UOL, de Brasília

03/12/2014 06h00

A catarinense Duda Amorim teve pouco tempo para comemorar. Numa quarta-feira, foi eleita a melhor jogadora de handebol do país na temporada 2014. Dois dias depois, chorava de dor em uma quadra de handebol em Málaga, na Espanha, onde representava a seleção brasileira em um torneio amistoso. O diagnóstico: ruptura total do ligamento cruzado anterior do joelho esquerdo.

Isso tudo aconteceu há uma semana. Mas parece que foi há um ano, dadas as vezes em que a armadora esquerda nascida em Blumenau se flagrou pensando no futuro. “Encaro esta fase como um ‘campeonato mais longo’ que terei que vencer. Muitas pessoas torcem por mim e esta é minha ajuda para superar esse momento”, afirmou Duda, jogadora do time húngaro Gyor Audi Etto, ao UOL Esporte.

A lesão ocorreu no sétimo minuto do jogo entre Brasil e Tunísia, na abertura de um torneio amistoso no sul da Espanha. Ela se machucou no lance do quinto gol nacional na partida, que terminaria com vitória verde-amarela por 35 a 23. Após atirar à meta tunisiana, Duda nem sequer conseguiu ver sua bola estufar a rede rival, porque caiu de mau jeito e a perna esquerda fez um movimento estranho, quase que formando um S com a torção no joelho.

A jogadora deu berros de dor e logo foi rodeada por quase todas as companheiras de equipe, que tentaram ajudá-la. Em vão. A lesão era mais grave do que uma simples torção de jogo. Após a ressonância no mesmo dia constatou-se a ruptura.

Algumas certezas a jogadora já tem: terá de enfrentar, pela primeira vez na carreira, uma cirurgia. Ficará, no mínimo, seis meses sem jogar. “O máximo que fiquei longe das quadras não passou de 40 dias”, relembrou.

A lesão coloca em dúvida a participação de Duda nos Jogos Pan-Americanos de Toronto, em julho do próximo ano. O Brasil defenderá uma hegemonia de 16 anos (quatro edições) sem outro resultado que não seja a medalha de ouro. A seleção entra como favorita mais uma vez, e a jogadora é uma integrante importante na equipe dirigida pelo dinamarquês Morten Soubak.

Duda foi eleita a melhor do Mundial da Sérvia, em 2013, quando o Brasil conquistou o título inédito. Ela também exerce uma liderança natural no grupo. Na famosa preleção antes da decisão contra a Sérvia, em 2013, em que Soubak dizia em tom de provocação que as brasileiras jamais conseguiriam a medalha de ouro, foi a armadora quem tomou a iniciativa de agarrar o treinador e tentar tirar a réplica da medalha que estava na mão do comandante quando provocava as atletas no vestiário. Em seguida, o gesto de Duda foi repetido pelas demais companheiras de equipe. Um momento simbólico na história do handebol nacional, em que ficou claro a vontade desta geração em triunfar e atingir feitos jamais alcançados antes na modalidade.

A catarinense já mostra uma certa resignação pela ausência no Pan. “Se estiver me sentindo bem, pronta e a comissão me der essa chance, eu vou para Toronto. Se não, não. Agora meu é joelho quem manda. Meu pensamento não são os campeonatos e os jogos, mas sim me recuperar da lesão”, justificou.

Em 16 de dezembro, data em que receberá a estatueta de melhor atleta de 2014 no handebol brasileiro oferecida pelo COB (Comitê Olímpico Brasileiro), Duda deverá subir ao palco apoiada em muletas. E, daqui um ano, durante o Mundial feminino, na Dinamarca, a catarinense já estará bem distante das muletas para ajudar o Brasil a defender seu título. “Temos a meta de ganhar o Mundial  e a medalha de ouro nos Jogos Olímpicos do Rio, por isso, vamos trabalhar duro para conseguir”, prometeu.