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Financiamento do Athina Onassis questiona visão da Lei de Incentivo

Gustavo Franceschini

Em São Paulo

25/08/2010 15h00

O Athina Onassis Horse Show, maior evento do hipismo brasileiro, vai começar no Rio de Janeiro, na próxima quinta-feira. Com alto custo, público de alto poder aquisitivo e atraente para patrocinadores, a competição conta, ainda assim, com apoio de dinheiro do governo fluminense. Para a organização, a equação é um exemplo do que pode ser modificado na Lei de Incentivo do Ministério do Esporte.

O investimento para a edição 2010, que acontecerá na Sociedade Hípica Brasileira, no Rio de Janeiro, será de R$ 14 milhões. Metade desta conta será paga pelo poder público por meio de uma Lei de Incentivo estadual, que deduz impostos do ICMS.

O investimento estatal contrasta com as pretensões de público do evento, que possui três faixas de ingresso. A arquibancada, mais barata, custa R$ 110. O camarote, que é um lounge com ofertas de patrocinadores como massagens relaxantes e experimentação de produtos, sai por R$ 300 na quinta e R$ 350 na sexta e no sábado. Já uma mesa na área VIP, com vaga para oito pessoas, com tudo incluído, pelos três dias, custa R$ 17 mil.

Segundo André Beck, um dos organizadores do evento, o Athina Onassis não terá lucro, um dos preceitos para ser incluído na Lei de Incentivo ao Esporte federal. Mesmo assim, o evento só usou o benefício em 2008, na última vez em que aconteceu em São Paulo.

Na ocasião, um desencontro com o Ministério do Esporte causou prejuízo à organização, que não recebeu parte da verba captada e teve de pagar do próprio bolso alguns de seus fornecedores. Em 2009, o Athina Onassis pleiteou a Lei de Incentivo mais uma vez, mas foi vetada pela nova comissão avaliadora por apontar o Instituto Superar, que trabalha com paraolímpicos, como proponente.

Pela lei, apenas confederações, órgãos públicos e organizações não-governamentais podem ser beneficiadas pela lei. Por entender que o Superar não tinha participação concreta na organização, que é feita por duas agências, o Ministério do Esporte disse não e forçou o Athina Onassis a usar a dedução de impostos do Rio de Janeiro.

Hoje, independente da pasta de Orlando Silva Jr., Beck critica a visão do poder público sobre eventos de alto rendimento.

“O Estado, como uma empresa, precisa ter o serviço de limpeza e o presidente. Aí você pensa: ‘Por que eu tenho de dar um carro executivo blindado se eu posso dar mais dinheiro para a equipe de limpeza?’ As duas coisas são necessárias. O CEO precisa de segurança. Uma coisa independe da outra”, diz Beck, que ainda elogia a postura de Sérgio Cabral, governador do Rio de Janeiro.

“O Estado tem de cumprir seu papel de Estado, que é um papel que o Governo do Rio vem fazendo de forma interessante. E ele também precisa colocar o Rio numa vitrine internacional”, conclui.