Topo

Nem campeã olímpica evita maldição: no 1º dia do Mundial, Brasil perde cedo

Do UOL, em São Paulo

25/08/2014 06h00

Um ano depois do Mundial de judô no Rio, os brasileiros frustraram as expectativas no primeiro dia do Mundial de 2014. Sarah Menezes, Felipe Kitadai e Eric Takabatake saíram sem medalhas. O torneio continua até o fim da semana. 

Uma pequena maldição parece acompanhar a equipe. Em 2007, o Brasil organizou, no Rio, a competição pela primeira vez. Em casa, os judocas do país conquistaram três medalhas de ouro, com João Derly, Tiago Camilo e Luciano Correa, e uma de bronze, com João Gabriel Schlittler. No Mundial seguinte, em 2009, na cidade de Rotterdã, na Holanda, nenhum brasileiro subiu ao pódio. Na capital fluminense, em 2013, a equipe saiu com um título, de Rafaela Silva, e mais cinco medalhas. No Mundial de Chelyablinsk, até agora, o país somou apenas duas vitórias.

A frustração é maior ao analisar os feitos que os atletas que subiram ao tatame já tiveram na carreira. Sarah Menezes é campeã olímpica e chegou em segundo lugar do ranking. Felipe Kitadai é o sexto da lista da Federação Internacional e medalhista de bronze em Londres-2012. Os dois, porém, perderam em suas estreias.

O único que conseguiu vencer foi o estreante Eric Takabatake, de 23 anos, eliminado em seu terceiro combate. Nem mesmo Taciana Lima, brasileira que defende Guiné Bissau e ocupa o quarto lugar do ranking mundial, salvou o desempenho: ela também foi eliminada em sua estreia, perdendo para a medalhista olímpica de 2008, Paula Pareto, da Argentina.

Novas regras atrapalham campeã olímpica

Não que sirva de desculpa, mas o maior nome do judô feminino nacional, a ligeiro (48kg) Sarah Menezes, pareceu prejudicada por uma das novas regras que a Federação Internacional da modalidade está estreando nessa temporada: as lutas de apenas quarto minutos. Antes, eram cinco, como nos combates masculinos - entre outras mudanças, estão o fim dos juízes laterais e a proibição total das catadas de perna.

A piauiense enfrentou em sua única luta a francesa Amandine Buchard, vice-campeã europeia, e, desatenta, acabou levando um golpe ainda no primeiro minuto de luta. Com um yuko, a menor pontuação do esporte, atrás, a brasileira teve de correr atrás do resultado durante todo o combate. Com um minuto a menos, porém, não foi capaz de reverter o placar contra uma adversária mais nova, menos experiente, mas ainda assim muito forte – tanto que venceu a brasileira em seus últimos dois encontros.

Kitadai entra apático e é eliminado rapidamente

Primeiro eliminado, o medalhista de bronze dos ligeiros (60kg) em Londres-2012, Felipe Kitadai, também não conseguiu se impor contra o uzbeque Diyorbek Urozboev. Em uma luta muito parecida com a de Sarah, ele levou um yuko com menos de 20 segundos (inicialmente marcado como wazari) e não conseguiu encontrar nenhuma entrada no jogo do rival. Com 1min23s para o final da luta, porém, levou o ippon.

As únicas alegrias brasileiras no dia ficaram por conta do estreante Takabatake. Aos 23 anos, ele estreou em mundiais com duas vitórias, antes de ser eliminado pelo russo Beslan Mudranov, um dos favoritos do dia. Em sua primeira luta, ele derrotou o suíço Ludovic Chanmartin por ippon a 1min37s. Depois, despachou o ucraniano Hevorh Hevorhyan ao forçar quatro punições do rival.

Quando chegou a hora de enfrentar o russo, porém, a força do campeão europeu fez a diferença. Com 13 segundos de luta, Mudranov conseguiu jogar o brasileiro de costas no chão, com uma pegada pela cintura. O golpe não foi válido, já que o juiz tinha interrompido as ações pouco antes do início da técnica do russo, mas foi o suficiente para abalar a confiança do brasileiro. Tanto que, pouco menos de 30 segundos depois, veio o ippon.