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Técnico diz que cogitou jogar a toalha e pede respeito: Cigano tem história

Maurício Dehò

Do UOL, em São Paulo

23/10/2013 15h00

Com uma lista de campeões mundiais que tem os pugilistas Acelino Popó Freitas e Everton Lopes, o técnico Luiz Dórea está acostumado à pressão das brigas por títulos e às críticas que ressoam nas derrotas. Depois da segunda derrota de Júnior Cigano para Cain Velásquez, com um nocaute técnico no quinto round do UFC 166, o baiano analisou o revés em entrevista ao UOL Esporte e pediu respeito ao ex-campeão.

“O Cigano lutou com coração. A derrota é fruto do esporte, isso acontece, a gente fica triste, mas é assim. O Cigano é um grande atleta. Temos de elogiar o Cain também, que foi bem”, afirmou Dórea, já de volta a Salvador  onde comanda a academia Champion.

Ele respondeu às críticas mais ásperas que tem de ouvir. “Nós brasileiros temos de ficar orgulhosos. Cigano tem uma história no esporte, ele carrega a bandeira do nosso país e deve ser respeitado. Tem de criticar com respeito, muitas vezes não se faz assim”, lamentou.

O presidente do UFC, Dana White, disse que se fosse ele o técnico, teria jogado a toalha no terceiro round, quando Cigano sofreu um knockdown. Dórea admite que a possibilidade surgiu em sua mente, mas não se concretizou.

“É aquela coisa... Na cabeça de um técnico passa tudo. Mas a gente conhece o lutador, sabemos que o Cigano é um cara duro, ele tem essa característica, sempre acredita”, defendeu Dórea. “O Cigano é forte, resistente, e ele vinha ao córner no intervalo e respondia aos meus comandos. Ele se mostrava consciente. Chega numa situação que você até pensa (em jogar a toalha), mas sempre existe a expectativa de que um golpe possa entrar. Em treinos isso acontece muito e sabemos que o Cigano podia vencer.”

Dórea comparou os dois tropeços de Cigano para o atual campeão dos pesos pesados do Ultimate e disse que, apesar de terem sido semelhantes, as falhas em cada duelo foi diferente. Além disso, ele considera que o norte-americano se deu bem ao conseguir impor sua tática de bater, clinchar e usar muito a grade.

“O Cain foi bem na tática dele, o Júnior devia ter se movimentado para os lados. Ele (Cain) vem pra frente, pressiona . Nós sabíamos, mas faltou desenvolver a movimentação para os lados e conseguir sair da grade. O Cain não deu espaço, conseguiu pressionar desde o início e isso foi seu ponto forte, conseguindo neutralizar a velocidade do Cigano”, explicou Dórea.

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Para o técnico, a segunda luta entre eles, em que Cigano perdeu por pontos, teve o catarinense falhando em tentar os contragolpes quando Velásquez se aproximava. Desta vez, Cigano tentou os golpes de encontro, mas não se mexeu para sair do raio de ação do campeão.

“Ele começou a contragolpear, mas faltou se mover. O Cigano conseguiu golpes isolados, o Cain sentiu, mas não foi o suficiente. Ele clinchava, administrava alguns segundos e se recuperava”, disse o técnico, que minimizou as críticas à guarda de Cigano. “A guarda do Cigano é de um cara que se move muito, ele não mantém os punhos muito altos, porque também gasta energia. Ele se mexe muito, mas dessa vez não se moveu.

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  • Maurício Dehò/UOL

Luiz Dórea também garantiu que sua relação com Cigano não muda em nada com os reveses para Velásquez e que eles seguem buscando a evolução do peso pesado, para que ele se mantenha entre os tops do UFC.

“Nós somos uma grande família, o trabalho continua. Não podemos parar por causa de uma derrota. O Cigano mostrou uma evolução muito grande no wrestling, tem aí seu boxe como carro chefe. É isso, é luta, a derrota não vai nos abalar. Foi a 21ª vez disputei um título mundial e tenho um aproveitamento muito bom. O trabalho continua, nossa amizade e confiança é muito grande”, concluiu.