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UFC ignora derrota e Shogun comemora confiança e novo longo contrato

Camila Mamede

Do UOL, em São Paulo

22/09/2014 06h00

Há exatamente sete anos, Maurício “Shogun” Rua estreava no UFC, contra Forrest Griffin. No dia 22 de setembro de 2007, o lutador foi finalizado pelo norte-americano, mas a derrota não afetou a confiança do brasileiro, que nos anos seguintes teria várias vitórias – a mais importante delas, a contra Lyoto Machida, que lhe garantiu o cinturão dos meio-pesados, em maio de 2010.

Das treze lutas que realizou na organização, Shogun se orgulha de sempre ter feito lutas centrais nos eventos dos quais participou. A maioria delas foi de combates principais, e mais uma entrará para a conta em breve: no início deste mês, ele foi escalado para enfrentar Jimi Manuwa no UFC Uberlândia, que será realizado no dia 8 de novembro.

Ao fechar esse confronto, Shogun assinou o tipo de contrato mais longo do UFC, para oito lutas. “Graças a Deus, no UFC eu só fiz main event [evento principal] ou co main event, então para mim é um privilégio. E eu fico muito feliz de fazer o main event em Uberlândia, no meu país, perto da minha torcida, da minha família”, afirmou ao UOL Esporte.

O longo contrato demonstra a confiança do UFC em Shogun, mesmo após uma derrota. Em março deste ano, enfrentou Dan Henderson em uma revanche, e sofreu um nocaute técnico no terceiro round. Apesar do resultado negativo, o brasileiro dominou os dois primeiros assaltos e estava melhor no combate até Henderson acertar um cruzado que quebrou o nariz de Shogun em quatro pontos.               

“Eu não tiro os méritos do Dan Henderson, mas eu estava muito bem na luta, ganhando e infelizmente levei um golpe e perdi”, explica. “Acho que o aprendizado sempre é treinar mais, focar e se concentrar na luta”. E Shogun já está seguindo o ensinamento do último revés: tem treinado em São Paulo, na Academia Vila da Luta, do também lutador do UFC Demian Maia.

No local, se preparam outros lutadores experientes, como Elias Silvério, que também está no UFC, e Luiz Banha. Shogun passou a treinar lá antes de seu combate com James Te Huna, em dezembro do ano passado. “Eu já havia feito [preparação] aqui duas vezes antes, contra o Chuck Liddell, em 2009, e contra o Dan Henderson, em 2011. Então eu já conhecia a galera, já me dava muito bem com todo mundo e aqui eu me sinto em casa”, garante.

A proximidade com os companheiros de treino motiva Shogun ainda mais. “Hoje, a equipe do Demian faz parte da minha família. O clima aqui é muito harmônico, ajuda muito o desempenho dos atletas”, define. A preparação específica para o combate contra Manuwa começou nas últimas semanas, mas ainda está na fase inicial.

“O camp começou agora na verdade, e nessa fase a gente dá muita ênfase à preparação física e à parte técnica”, aponta. O treinamento tático será mais tarde, conforme a luta ficar mais próxima. Shogun ainda não estudou com profundidade os confrontos de Manuwa, mas já sabe qual é o forte do adversário: “É um cara que gosta da trocação, então nós vamos estudar a fino isso, como que ele gosta de trocar, para tentar anular isso e colocar meu jogo em prática”, avisa.

“O papai luta”

Há cerca de seis meses, Shogun se tornou pai pela segunda vez, e terá de passar parte da preparação longe da família. “Agora que eu tive minha segunda filha, realmente sobrecarregou muito a minha esposa porque a gente estava acostumado sempre com uma. Agora com duas… Tá puxando o gás”, brinca. “Na época do camp, sempre fico um pouco afastado da minha esposa e das minhas filhas. Sei que eu peco como pai e marido, mas depois da luta eu tento recompensar tudo isso”.

A filha mais velha, Duda, está com 4 anos de idade e começando a entender o que o pai faz. Só não compreende o assédio das fãs. “Ela tem um pouco de ciúmes. Quando homem vem tirar foto, ela fica quietinha, mas quando vem mulher, ela vem junto. Chega até a ser engraçado”, brinca.

E ser filha de um lutador do UFC significa também ter que ver o pai depois de um combate duro, como quando Shogun quebrou o nariz no duelo com Dan Henderson. “Eu cheguei em casa com o nariz um pouco torto”, relembra, rindo. “Ela se assustou, mas eu explico pra ela que o papai luta, que é o trabalho. Mas eu chego em casa consciente, conversando, e ela fica mais tranquila”, garante.